Fogo começou na central de energia do edifício residencial, possivelmente a partir de um curto-circuito
Administrador condominial Rogério Mendes disse que fez o auto de vistoria, que ainda estava dentro do prazo (Gustavo Tilio)
Um prédio de oito andares, na Rua Regente Feijó, precisou ser evacuado depois que um incêndio atingiu o quadro de força do imóvel, por volta das 22h do domingo (19), no Centro de Campinas. Este foi o segundo incêndio em 15 dias em local sem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) atualizado. Devido ao foco ter atingido a central de energia, cerca de 30 pessoas precisaram deixar o prédio por tempo indeterminado. A suspeita é a de que um curto-circuito tenha causado o incêndio.
O fogo foi percebido por um motoboy que chegou no endereço número 429, da Rua Regente Feijó, para entregar um pedido por volta das 22h. A fumaça chamou a sua atenção e ele acionou o Corpo de Bombeiros, alertando o morador que havia feito o pedido sobre as chamas na parte térrea do prédio.
O local atingindo pelo fogo, entre as escadas e a porta de entrada do edifício, havia sido reformado há quatro meses. Com as chamas, a entrada e saída ficaram obstruídas, impedindo que as pessoas deixassem o local.
Segundo o casal Vera Xavier dos Santos, de 56 anos, e Marcos Márcio Lopes, de 34, que moram no 5° andar, a contenção das chamas foi rápida e eles puderam sair em segurança cinco minutos depois de serem informados de que prédio estava pegando fogo. “Eu moro há 14 anos aqui”, disse Vera. “Graças a Deus, não pegou fogo nos apartamentos, mas foi horrível e ainda está sendo horrível. Parece um pesadelo do qual ainda não acordei. Porque nunca passei por uma situação dessas.”
Vera e Lopes dormiram na noite de domingo na casa da filha de Vera. Por volta das 12h de segunda-feira (20), eles retornaram ao local para pegar alguns pertences. “Hoje, nem eu nem ele conseguimos trabalhar. Quero que em breve, o mais rápido possível, possamos voltar para casa. Porque estou num estado de nervos que não estou me segurando. Não aguento mais”, desabafou Vera.
A CPFL Energia interrompeu o abastecimento de energia da região, o qual foi regularizado até a manhã de segunda-feira (20). Apenas no prédio não havia luz, uma vez que a central de energia foi consumida e precisará ser substituída.
Das cerca de 30 pessoas que moram no local, apenas duas optaram por permanecer no espaço mesmo sem energia elétrica.
Proprietário do prédio, Wellington Nogueira, que tem uma loja no andar térreo, mas não reside no imóvel, utilizava, na manhã de segunda-feira (20), um cabo de longa extensão para poder ligar um dos computadores da loja à rede elétrica da lanchonete vizinha e conseguir trabalhar. “Agora o prédio está parado. O pessoal só está podendo entrar para retirar os pertences e ficar na casa de alguém, até que venha a seguradora fazer a perícia”, explicou Wellington. A estimativa é de que a energia seja restaurada a partir de quarta-feira, após análise dos peritos da seguradora.
Auto de vistoria
Segundo o Corpo de Bombeiros, o prédio atingido não dispunha do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) atualizado. O documento é essencial para conter incêndios, uma vez que ele atesta a segurança do local.
Questionado sobre a documentação, o administrador condominial Rogério Mendes justificou que havia feito a solicitação e que prédio estava dentro do prazo de 120 dias para receber a certificação. E ainda, de acordo com ele, a mudança no quadro de força foi realizada, há quatro meses, para adequar o sistema ao solicitado pelo Corpo de Bombeiros.
“No dia 21 de julho deste ano, a Prefeitura nos deu um provisório, uma solicitação de prorrogação por 120 dias. Isso é uma solicitação que fizemos para uso. Porque quem veio dar a notificação para gente foi a Prefeitura. Então, pedimos um prazo de 120 dias para a regularização, que vence no mês de novembro. E também tem um processo, no Corpo de Bombeiros, que é um projeto que protocolamos e estamos aguardando a validação. Assim, o condomínio estava fazendo todas as adequações necessárias. Protocolamos junto com o Corpo de Bombeiros no dia 14 de setembro e estamos aguardando os Bombeiros falarem: ‘vocês estão certos, vamos liberar o AVCB’”, explicou.