VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Idoso morre esfaqueado pelo ex-genro ao defender família

Suspeito foi casado com sua filha por 16 anos e não se conformava com o fim do relacionamento

Alenita Ramirez/ [email protected]
01/07/2023 às 10:16.
Atualizado em 01/07/2023 às 10:16
Antônio Itanólis, de 65 anos, foi assassinado pelo seu ex-genro que usou uma faca para feri-lo mortalmente (Divulgação)

Antônio Itanólis, de 65 anos, foi assassinado pelo seu ex-genro que usou uma faca para feri-lo mortalmente (Divulgação)

Um idoso de 65 anos faleceu ao defender sua família das ameaças de seu ex-genro, ocorridas na quinta-feira (29) em Santa Bárbara d'Oeste. Antônio Itanólis foi esfaqueado no abdômen e, apesar de ter sido socorrido e levado ao prontosocorro Dr. Edson Mano por um de seus filhos, acabou sendo transferido para a Santa Casa, onde não resistiu ao ferimento. O suspeito, Ivan Aparecido Rodrigues, de 33 anos, fugiu do local. O crime ocorreu em frente à residência da vítima, localizada no bairro Santa Rita. O corpo do idoso foi sepultado na sexta-feira (30) pela manhã no Cemitério da Paz. Há 37 dias, o agressor havia esfaqueado o ex-cunhado nas mãos, pernas e costas, e ele está se recuperando.

Antônio trabalhava como pedreiro autônomo, era viúvo e vivia sozinho. Sua casa está situada em um terreno onde há mais duas residências: uma onde reside sua ex-mulher, uma dona de casa de 35 anos, e outra onde mora o filho que o socorreu.

Rodrigues e a filha da vítima viveram em união estável por 16 anos e tiveram três filhos juntos: um de 13 anos, outro de nove anos e o caçula de quatro anos. Além dessas crianças, a mulher também tem um filho adulto de outro relacionamento. O casal estava separado há quase um ano. "Ele é usuário de drogas e o relacionamento deles era turbulento. Não sei se era ciúmes ou obsessão que ele tinha por minha irmã, mas ele sempre a agredia, assim como às crianças", relatou Jean Marciel Itanólis, de 34 anos, filho da vítima e auxiliar de jardinagem.

Jean mencionou que sua irmã nunca registrou um boletim de ocorrência e chegou a mudar de endereço por um tempo, mas voltou a morar perto do pai e do irmão depois que ele perdeu o emprego e a família passou por dificuldades financeiras.

Rodrigues não aceitava a separação e ameaçava a exmulher, seus filhos e sua família de morte. Conforme relatado pelo auxiliar de jardinagem, o suspeito costumava andar armado com uma faca. Ele frequentemente ia à casa da ex-mulher sob o pretexto de visitar os filhos, mas acabava agredindo as crianças.

Na última vez, quase dois meses atrás, o suspeito espancou o filho caçula e, quando a mulher tentou proteger a criança, ele começou a brigar com ela. Jean interveio para defendê-la e acabou sendo esfaqueado nas mãos, perna e costas. A própria vítima buscou atendimento médico no pronto-socorro. "Ele sempre dizia que mataria todos nós", lembrou Jean, que recebeu 38 pontos nos ferimentos e posteriormente registrou um boletim de ocorrência.

Naquela época, de acordo com a vítima, o suspeito fugiu e ficou desaparecido por um tempo, mas retornou e retomou as ameaças à família. Ele chegou a ir até a residência das vítimas e jogar uma pedra no filho mais velho da ex-mulher, que conseguiu desviar. "Sempre aconselhávamos minha irmã a fazer um boletim de ocorrência contra ele, mas ela prometia e não fazia nada. Parecia que ela o apoiava. Meu pai estava cansado das perseguições e queria alugar uma casa em outro local para se livrar das ameaças. Sabemos que brigas podem terminar em tragédias, mas nunca imaginamos que isso pudesse acontecer, mesmo considerando as ameaças que ele fazia. Agora, só nos resta tristeza. Meu pai sempre nos ajudou", declarou Jean.

No dia do crime, Rodrigues procurou a ex-mulher com a desculpa de ver os filhos, mas houve uma discussão e ameaças. Ele foi embora, e a vítima decidiu ir à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para registrar uma queixa. Segundo Jean, foi a primeira vez que sua irmã denunciou a violência cometida pelo ex-companheiro. "Talvez ela tenha sido motivada por mim, que registrei um boletim contra ele. Ela também parou de atendêlo na rua, pois ele já havia a agredido em público", disse ele.

Não se sabe se Rodrigues tinha conhecimento da denúncia à polícia, mas, por volta das 22h daquele dia, ele foi à residência das vítimas armado com uma faca e chamou pelo filho mais velho da exmulher. Antônio atendeu Rodrigues no portão e pediu para que ele fosse embora e deixasse a família em paz, mas o suspeito exigiu a presença do enteado. "Ele chutou o portão, e meu sobrinho foi até onde meu pai estava, e eles começaram a discutir. Ele queria que meu sobrinho se aproximasse dele, mas meu sobrinho se recusou, e meu pai começou a discutir com ele para que ele fosse embora", relatou Jean. Antônio era viúvo e deixou três filhos e duas filhas, além de netos. Rodrigues está foragido. 

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