Motorista de aplicativo havia sido preso ano passado por ameaçar mulher com simulacro de arma
Vítima realizou exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Campinas ontem (Rodrigo Zanotto)
Um motorista de transporte por aplicativo, de 28 anos, que exibe devoção à profissão de policial civil e que foi detido em abril do ano passado após abordar uma bióloga que passeava com seus dois cachorros em um espaço público de Hortolândia, com um simulacro e um falso distintivo, foi preso em flagrante ao tentar estrangular a namorada, uma universitária e estagiária de 20 anos, que foi mantida em cárcere privado, ameaçada e extorquida. A vítima escapou da morte graças à ajuda de um casal de irmãos, que moram no mesmo imóvel em que o casal vivia, e interviram na agressão, obrigando-o a socorrer a jovem, que estava desmaiada. No hospital, um dos irmãos conseguiu chamar a Polícia Militar (PM), que foi até a unidade médica e o deteve.
Com a prisão do suspeito, a polícia acabou descobrindo que o suspeito, identificado como Higor de Andrade Ferreira, também extorquia e ameaçava o casal de irmãos, que são do Ceará, mas moravam em Monte Mor. Ferreira foi preso por violência doméstica, injúria, lesão corporal e ameaças.
A agressão aconteceu no começo da noite de anteontem. Ele espancou a jovem e quando a esganava, o casal de irmãos chegou do trabalho e impediu que o suspeito matasse a garota. No momento de socorrer a vítima, perto do suspeito, o casal de irmãos encontrou um frasco com álcool.
O casal de irmãos obrigou o motorista por aplicativo levar a vítima até o Hospital Municipal Doutor Mário Gatti, onde chegou desmaiada e com lesões no corpo. Enquanto aguardava atendimento, o rapaz que estava com a irmã conseguiu sair da sala de atendimento e ligar para a PM que enviou equipes no local e deteve o suspeito, que negou a agressão.
De acordo com a mãe da jovem, uma bióloga de 49 anos, a filha conheceu o motorista de aplicativo em janeiro deste ano no escritório onde a jovem faz estágio. Na época, ele foi buscar atendimento no escritório e se apresentou como policial do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil na Capital. Desde o primeiro contato, segundo Ana Paula, o motorista por aplicativo começou a flertar com a universitária, que logo se apaixonou e passou a se relacionar com ele. "Ele falava que era do Rio Grande do Sul, filho de fazendeiro e dono de uma empresa de alumínio. Pouco tempo depois que minha filha começou a namorálo, ela mudou o comportamento. Ficou agressiva, não falava mais comigo e o pai, ficava só no quarto. Ela se distanciou de nós. Estranhamos e passamos investigá-lo", contou a bióloga.
Há duas semanas a jovem foi morar com Ferreira em uma casa no Jardim América, na região de Barão Geraldo, onde os pais dela moram. Segundo a bióloga, logo que se mudou, a jovem deixou de falar com os pais e os celulares deles foram bloqueados pelo agressor para que os pais não se comunicassem com a garota. O suspeito passou a levar a universitária no trabalho e na faculdade e também a buscava. Segundo a mãe, o suspeito cercou a vida da jovem e a impedia de fazer qualquer contato.
Com medo de que algo pior acontecesse com a filha, o casal buscou ajuda das polícias Militar e Civil e da Guarda Municipal. Eles acabaram descobrindo que a filha foi obrigada a emprestar R$ 8 mil ao homem, com a desculpa de que o dinheiro seria destinado ao tratamento da mãe dele. "Passei a fazer campana na rua onde eles estavam morando para ver a movimentação na casa. Descobri que um rapaz e uma moça também moravam no local. Achávamos que eram pessoas do mal. Nosso objetivo era descobrir se ele estava envolvido com algo ilícito", contou a mãe. "O trabalho da PM, da GCM, da Polícia Civil de Campinas foi muito importante para esclarecer quem era esse rapaz. E através da GCM, juntamente com policiais do 7º DP, conseguimos juntar as provas necessárias", emendou.
Segundo a mulher, o suspeito falava para a universitária que havia colocado homens para seguir os passos dos pais dela e que se ela tentasse algo, os comparsas matavam a sua família. Somado a essa tortura psicológica, a jovem era trancada no quarto quando retornava da faculdade e também ficava sem se alimentar. "Descobrimos que ela tentou fugir e se escondeu na casa de uma amiga, mas ele a rastreou e a levou de volta a casa. A situação piorou depois que ela pediu ajuda de um colega do trabalho e ele descobriu e a agrediu", contou a mãe.
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