Entre janeiro e abril deste ano, a cidade registrou 2.495 ocorrências desse tipo
A nova funcionalidade entra em teste a partir da amanhã, não só em Campinas, mas em todo o Estado de São Paulo (Rodrigo Zanotto)
A partir desta semana, o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) do Comando de Policiamento do interior 2 (CPI-2), em Campinas passará a contar com a ferramenta Google Localizador, que ajudará no combate aos crimes de roubos e furtos de celulares. Entre janeiro e abril deste ano, a cidade registrou 2.495 ocorrências desse tipo, com queda de 5,52% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 2.641 casos . O percentual foi baseado no banco de dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgado no final do mês passado.
O desenvolvimento da tecnologia faz parte de uma parceria anunciada nesta semana pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) , feita entre a Polícia Militar (PM) do Estado de São Paulo com o Google, para aprimorar o combate aos crimes de roubos e furtos de celulares que vêm caindo em todo o estado em razão de diversas ações implantadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), em especial que miram os receptadores de aparelhos.
A nova funcionalidade entra em teste a partir da amanhã, não só em Campinas, mas em todo o Estado, primeiramente, nos Copoms. Na seqüência, ela também será estendida aos Terminais Portáteis de Dados (TPD), usados na rua pelos policiais em patrulhamento.
Pela proposta, a ferramenta vai permitir que os policiais, durante atendimento de ocorrências, consigam fazer o bloqueio remotamente de um aparelho subtraído, mas essa funcionalidade só será acionada a pedido da vítima, que deverá disponibilizar as informações para a ativação do serviço. "É uma ferramenta importantíssima e estamos muito esperançosos que ela funcione e tenha uma eficácia grande. Sem dúvida alguma, vai ajudar a reduzir ainda mais os indicadores de roubos que já vêm caindo no estado de São Paulo", destacou o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, que esteve nesta semana em Campinas.
O dispositivo também vai permitir que, durante o atendimento da ocorrência, os policiais possam auxiliar a vítima a identificar a localização em tempo real, tocar um som para facilitar sua identificação ou, em último caso, apagar todos os dados. Todas as ações devem ser documentadas pelo agente.
Na prática, a partir do momento que uma pessoa tem o aparelho roubado ou perceba que foi furtado, ela deve pegar o celular de alguém e ligar no telefone de emergência 190 da PM e informar o número do aparelho para que o operador do Copom acesse o Google Localizador que vai neutralizar o aparelho, que ficará sem uso.
O comando dado pelo agente vai bloquear todos os dados para que o criminoso não use para fazer transferência bancária e também extrair nenhum tipo de dado da vítima. Além disso, segundo Derrite, a ferramenta tem a opção de fornecer o georreferenciamento, a localização daquele aparelho celular, caso ele tenha acabado de ser levado por estranhos. "Essa é uma importante parceria e a gente agradece muito a Google, porque é uma ferramenta que vai permitir que a Polícia Militar ou a Polícia Civil possa chegar rapidamente até os criminosos", frisou o secretário de Segurança Pública.
A novidade também será incorporada nos TPDs, que ficam com os policias militares que atuam no patrulhamento, inclusive será disponibilizada nos TPDs dos policiais novos, que iniciaram o período de instrução na semana que passou. "O policial também fará uso pelo aplicativo da neutralização", disse Derrite.
Até então, quando uma pessoa era vítima de roubo ou furto tinha que fazer o registro do boletim de ocorrência, informando o IMEI (International Mobile Equipment Identity), que é um identificador único para cada dispositivo, e depois tinha que entrar em contato com sua operadora de telefonia para informar sobre o crime. Outra alternativa era imediatamente acionar o bloqueio remoto.
Muitas pessoas não sabem rastrear o celular e outras não tem instalada no aparelho, então a função do aplicativo é justamente ajudar quem ainda não sabe lidar com a tecnologia e eventualmente, também, os que são expert no assunto, mas na hora de uma ação criminosa fica sem saber o que fazer.
Em 2019, a jornalista Cleide Silva, de 43 anos, teve a casa dos pais, em Sumaré, invadida por dois bandidos que levaram todos os nossos pertences de valor da família, inclusive os celulares. Imediatamente, Cleide acionou a Polícia Militar e enquanto a polícia não chegava, ela passou a bloquear os celulares dos meus pais, primeiro. "Bloqueei aplicativos de banco e essas coisas. A polícia chegou muito rápido e quando eles chegaram eu ainda não tinha feito do meu. Aí eles me perguntaram se eu tinha se eu tinha Localizador no meu celular e eu tinha. Eles falaram para não bloquear pois acessariam pela minha conta do Google e eles fizeram a localização de onde esses meninos estavam e foram atrás deles", contou a jornalista.
Segundo ela, todos os objetos foram recuperados, inclusive o celular dela. "No meu caso, eu tinha esse aplicativo e foi uma sorte de a polícia ter chegado rápido, pois eu ia bloquear meu celular, porque tinha isso em mente, de que se perdesse ou roubassem o meu celular, a primeira coisa que faria era bloquear tudo", disse Cleide, frisando que a ferramenta auxiliou em muito o trabalho dos policiais, conseguindo reaver os bens da família dela.
De acordo com a Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação, ligada à SSP, o uso do TPD é uma medida de apoio imediato à vítima e não substitui a necessidade de se registrar o Boletim de Ocorrência (BO), informando o IMEI do aparelho, e nem a investigação policial para identificar os criminosos. O serviço poderá ser ativado para celulares com sistema operacional Android, que representa mais de 80% dos aparelhos.
Neste ano,segundo a SSP, 24,7 mil aparelhos foram roubados somente na cidade de São Paulo. A quantidade é 12,9% menor na comparação entre janeiro e abril do ano passado.
AML
Desde o início deste ano, os Copoms e o Coboms (Corpo de Bomberiso) usam a tecnologia Advanced Mobile Location (AML), um software que utiliza de GPS, Wi-Fi e sensores para descobrir o local da ligação e agilizar o atendimento de ocorrências. A nova tecnologia possibilita a localização precisa de vítimas durante chamadas de emergência ao 190 da PM e ao 193 do Cobom.
O sistema funciona a partir do cruzamento de várias informações e informa com exatidão de qual local a vítima acionou o socorro. Logo que o operador iniciar o atendimento aparece na tela o telefone da vítima e em uma caixa de diálogo abaixo indicará se aquele número usado pelo solicitante tem geolocalização ou não. O Correio Popular publicou reportagem em março sobre o software.
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