Pastora encontrou o recém-nascido no estacionamento de uma igreja
Ambas residiam com as crianças em uma moradia no Jardim Márcia (Divulgação)
Duas mulheres cubanas foram detidas na tarde de terça-feira (22) em Campinas sob suspeita de terem abandonado um recémnascido no estacionamento de uma igreja na Rua Maria Soares, localizada na Vila Industrial. As duas mulheres foram abordadas pela Guarda Municipal (GM) enquanto deixavam uma casa de câmbio no shopping Unimart. As autoridades conseguiram localizar as mulheres, de 35 e 36 anos, graças a uma denúncia anônima. Durante o depoimento prestado à Polícia Civil, uma das mulheres admitiu ser a mãe biológica do bebê com apenas dois dias de vida, porém, não forneceu informações sobre a motivação por trás desse ato.
A mulher de 35 anos é mãe de outras três crianças, sendo uma de 11 meses e outra de 10 anos, que foram deixadas sozinhas enquanto as cubanas foram ao shopping. Devido a esse fato, ela foi presa em flagrante por abandono de incapaz. Uma criança de três anos também estava presente com as mulheres no momento da detenção.
No que diz respeito ao abandono do recém-nascido, o delegado-titular do 1º Distrito Policial, José Roberto Micherino Andrade, solicitou à Justiça a prisão preventiva da mãe biológica. Ela será acusada não somente do crime de abandono de incapaz, nos termos dos artigos 133 e 134 do Código Penal, mas também enfrentará acusações pelo abandono do bebê. A pena máxima para esses delitos pode chegar a cinco anos de reclusão. A amiga da mãe responderá em liberdade por ser cúmplice no abandono do recém-nascido.
Ambas residiam com as crianças em uma moradia no Jardim Márcia, e a mãe foi dada alta após dar à luz no Hospital da PUC-Campinas no domingo (20). As três crianças foram encaminhadas para um abrigo, enquanto o recém-nascido ficou sob os cuidados do Conselho Tutelar.
DETALHES DO CASO
A descoberta do bebê ocorreu por volta das 21h30, após o encerramento do culto religioso, quando a pastora Milena Ferreira, uma missionária e um diácono se depararam com a situação. O diácono e a missionária estavam do lado de fora da igreja quando ouviram o choro de um bebê. A missionária foi verificar no estacionamento e encontrou o recém-nascido, vestido com um macacão e envolto em um cobertor, no chão. Próximo a ele, havia uma sacola plástica contendo roupas e itens como fraldas e lenços umedecidos.
"Eu estava parado na entrada e ouvi o choro, que não estava abafado, já que era um espaço aberto. A missionária foi verificar e, quando voltou, trazia o bebê nos braços. Ele estava próximo à parede, ao lado de um carro. Voltei ao local e encontrei a sacola", relatou o diácono Jônatas. Os fiéis levaram o bebê até a pastora, que optou por levá-lo para casa. A pastora nomeou o bebê de Samuel, um nome bíblico que faz referência ao primeiro profeta do povo Israelita, antes da época em que pediram por um rei. "Ele é um milagre. Escolhemos esse nome para mostrar que ele não carregará o sentimento de abandono", justificou Milena.
O recém-nascido foi levado para a residência da pastora, onde recebeu banho, vestimenta nova e alimentação. Na manhã seguinte, a pastora contatou a Guarda Municipal (GM), que o levou para a Maternidade de Campinas. Lá, o bebê foi oficialmente registrado como Davi, nome escolhido por Daniel Silvério Jales, membro da GM que o segurou nos braços. "Quando as funcionárias do hospital mencionaram que eu precisaria dar um nome, imediatamente pensei em Davi, em referência ao garoto pequeno que enfrentou um gigante e saiu vitorioso. Ele também vai vencer", explicou Jales.