ANO NOVO SILENCIOSO

GM acaba com farra ilegal de soltura de fogos no Réveillon

Guarda apreendeu 30 caixas de rojões e bombinhas e atendeu a 26 chamados devido ao barulho Uma mulher de 30 anos foi presa

Alenita Ramirez/ [email protected]
04/01/2024 às 09:13.
Atualizado em 04/01/2024 às 09:13
Caixas com rojões, fogos de artifício e bombinhas apreendidas pela Guarda Municipal de Campinas (Divulgação/ GM)

Caixas com rojões, fogos de artifício e bombinhas apreendidas pela Guarda Municipal de Campinas (Divulgação/ GM)

A Guarda Municipal (GM) de Campinas apreendeu 30 caixas de fogos durante as festividades de Ano Novo, compreendendo dez caixas de fogos de artifício e 20 de bombinhas. O período entre 29 de dezembro e 1º de janeiro foi marcado por 26 chamados à GM devido ao barulho causado pelos fogos de artifício, com três bairros apresentando múltiplos pedidos de intervenção. A queima, soltura e manuseio de fogos de artifício são proibidos pela legislação municipal 15.367/2017, em vigor desde 3 de janeiro de 2017. Desde o ano de 2022, a multa para quem for flagrado realizando tais práticas foi estabelecida entre 100 e 500 Unidades Fiscais do Município (UFCs), equivalendo a um valor que varia entre R$ 448 e R$ 2.240.

Os bairros Loteamento Alphaville, Cidade Satélite Iris e Jardim Estoril lideraram em chamados devido ao barulho dos fogos. O Jardim San Diego também contribuiu com múltiplas ocorrências. Ao longo dos dias 29 e 30 de dezembro, assim como em 31 de dezembro e 1º de janeiro de 2024, diversos bairros como Jardim Nilópolis, Jardim Campo Belo, Chácara da Barra, Vila Industrial, Jardim São Pedro de Viracopos, Vila Miguel Vicente Cury, Vila Santa Isabel, Parque Jambeiro, Jardim Santana, Jardim do Trevo, Chácara da Barra, Jardim Chapadão, Jardim Eulina, Chácaras Belvedere, Jardim Campos Elíseos e Jardim Estoril registraram solicitações à GM. Não houve registros de incêndios causados pela queima de fogos durante este período.

Adicionalmente, a Guarda Municipal (GM) registrou 229 chamados relacionados à perturbação do sossego, amparados pela Lei do Pancadão (14.862/2014), além de outras demandas referentes a música alta e barulho em geral, muitas vezes originados por escapamentos abertos de motocicletas. A população pode acionar a Guarda Municipal de Campinas para situações desse tipo através do telefone 153.

ANIMAIS

Além dos problemas causados pelo barulho e do risco de acidentes, a prática de soltar fogos de artifício também expõe a vida dos animais a perigos consideráveis. Na última semana de dezembro, um trágico incidente ocorreu com o pitbull Thor, que veio a óbito devido a um infarto provocado pela soltura de dois fogos em frente ao portão de sua residência, localizada no Jardim Lauro Bueno, em Indaiatuba. A tutora do animal, Rafaela Morais, relatou que sua filha encontrou o cão sem vida após a explosão dos fogos.

"Cheguei em casa e o vi caído no chão, coberto com um paninho rosa que minha filha jogou sobre ele. Nesse momento, entrei em desespero ali mesmo no portão da minha casa", compartilhou Rafaela. A tutora também informou que, no mesmo dia do falecimento de Thor, houve queixas dos vizinhos em relação ao barulho dos fogos.

Outros casos envolvendo estresse e fugas foram reportados por Marines Barbosa da Silva, diretora do projeto Adorável Vira-Lata, uma ONG com 15 anos de atuação em Campinas. "Durante o final do ano, seguimos um protocolo para minimizar o estresse nos cachorros. Quatro deles são levados da ONG para minha casa devido aos fogos. Aqueles que já estão sob os cuidados da minha casa são transferidos para um quarto que preparamos especialmente para eles", detalhou Marines.

"SUICÍDIO"

Em Sumaré, uma tragédia envolvendo uma cadela da raça pastor-belga abalou a comunidade na madrugada de terça-feira (2), quando, segundo relatos de moradores, o animal pulou do quarto andar de um prédio após se assustar com fogos de artifício durante a virada do ano. Esse triste episódio ocorreu em um condomínio situado no bairro Matão. Apesar dos esforços dos moradores e de uma intervenção cirúrgica, a cachorra não resistiu.

O resgate foi realizado pelo vereador Alan Leal (Patriotas), membro do movimento Cadeia Para Maus-Tratos, iniciativa liderada pelo deputado federal Delegado Bruno Lima (Progressistas). A síndica do condomínio informou que, na madrugada do dia 1º, os residentes perceberam que a cadela havia pulado do andar onde estava. Antes da meia-noite, ainda no dia 31, o animal teria buscado abrigo nos prédios para se proteger do barulho dos fogos de artifício.

Com o apoio da ONG Amor de Bicho, sediada em Campinas, a cadela foi encaminhada para uma clínica, mas infelizmente não conseguiu superar as complicações resultantes da queda, conforme explicou a presidente da ONG, Ana Carolina Pimenta.

SENSIBILIDADE

A médica veterinária Carolina Biondo enfatiza que a sensibilidade auditiva dos cães é o dobro da dos seres humanos. "Essa audição aguçada, resultado de uma evolução voltada para caça e defesa, torna os fogos de artifício particularmente perturbadores devido ao volume e à frequência excessiva com que são disparados."

Em relação às reações dos animais diante de situações estressantes, Carolina explica que "a tendência dos pets ao ouvirem fogos é fugir ou se esconder. Nesses momentos, o corpo dos animais ativa o sistema responsável por ajustar o organismo para suportar situações de perigo, esforço intenso e estresse físico e psíquico. Isso resulta no aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, deixando o animal suscetível a traumas psicológicos e físicos, como paradas cardíacas."

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