NOS CINCO PRIMEIROS MESES DO ANO

Furto de veículos volta a crescer em Campinas

De janeiro a maio de 2022, foram furtados 1.358 veículos, enquanto em 2021, 1.203

Alenita Ramirez / [email protected]
09/07/2022 às 20:35.
Atualizado em 09/07/2022 às 21:08
Veículos estacionados na via ao longo da Av. Dr. Miguel Penteado, no Jd. Chapadão: crime de furto/roubo é alimentado pelo mercado paralelo de peças (Gustavo Tílio)

Veículos estacionados na via ao longo da Av. Dr. Miguel Penteado, no Jd. Chapadão: crime de furto/roubo é alimentado pelo mercado paralelo de peças (Gustavo Tílio)

Com a retomada da circulação de pessoas, depois de um período de muitas restrições e incertezas na fase mais aguda da pandemia, os furtos e roubos de veículos voltaram a preocupar os motoristas e as autoridades de Segurança Pública. De acordo com dados divulgados no final do mês passado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), de janeiro a maio deste ano, Campinas registrou um aumento de 12,9% no furto de veículos na cidade em comparação a igual período do ano passado. Nos cinco meses de 2022, foram furtados 1.358 veículos, enquanto em 2021, 1.203. 

No mês a mês deste ano, maio foi o período com mais ocorrências de furto de veículos, com 287 registros, seguido por janeiro, com 260. Março registrou a menor taxa do crime, 231. 
A região que mais concentrou os casos de furto até maio em Campinas compreende a área que abrange o 3º Distrito Policial (DP), localizado no Jardim Chapadão. De acordo com as estatísticas da SSP, foram registrados 205 ocorrências envolvendo furtos de moto ou carros. 

A área do 5º DP abrange o Jardim Amazonas e aparece em em segundo lugar no ranking, com 186 furtos. O 4º DP, na região do Taquaral, teve 175 registros. O 9º, que compreende o distrito do Ouro Verde, aparece em 4º lugar no ranking, com 137 casos. 

A área com a menor taxa de furtos de veículos, segundo dados da Pasta, é a do 12º DP, que abrange o distrito de Sousas e Joaquim Egídio, com oito casos. “O furto de veículos é recorrente. A estatística é feita mês a mês e comparada ao ano interior. No ano passado ainda estávamos numa fase de muita incerteza sobre a pandemia. Em 2020 e 2021 ocorreu um decréscimo muito grande em todos os índices criminais. As pessoas ficaram em casa, saiam muito pouco, havia poucos veículos circulando, menos pessoas como alvos de crime, mas agora as coisas estão lentamente voltando ao quase normal, como era antes da pandemia. Entretanto, estamos trabalhando em cima das estatísticas para evitar e coibir o crimes”, disse o diretor de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 2 (Deinter-2), José Henrique Ventura. 

“A polícia trabalha com os números. Assim, se uma área está apresentando muitos casos, a investigação e patrulhamento ostensivo da Polícia Militar (PM) e Guarda Municipal (GM) são direcionados àquela área”, acrescentou.

Estrutura 

Campinas conta com 13 distritos policiais, duas delegacias seccionais e uma especializada (Delegacia de Investigações Gerais). Na parte de combate ostensivo, além da Guarda Municipal, a cidade dispõe de três batalhões da Polícia Militar (BPMI) – 8º, 35º e 47º – e o 1º Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep), além do patrulhamento aéreo.

Apesar do trabalho de combate das Forças de Segurança Pública, o aposentado Kisala Muposo Luam, de 70 anos, foi um dos moradores de Hortolândia que entrou para o ranking campineiro de furtos de veículos. O idoso foi vítima duas vezes: uma ao ter o carro furtado na via pública e, a outra, porque o carro havia sido deixado em uma funilaria e o dono se recusou a indenizar o aposentado. 

O drama de Luam aconteceu no final de junho, quando deixou seu carro, uma Parati, modelo 1985/1986 em uma funilaria na Av. General Carneiro, para ser repintada. O veículo já havia passado pelo local, em meados de 2021, mas o idoso não gostou da pintura e decidiu cobrar o serviço ruim. O carro não tinha qualquer problema mecânico e estava inteiro. “Um dia, recebi uma ligação da funilaria. Achei que o carro estava pronto, mas ele me falou que foi pegar o carro que estava estacionado na rua e não o achou. Não acreditei. Sai da minha casa em Hortolândia e corri até lá para ver de perto. Tinha acabado de comprar cinco pneus novos e estava arrumando a pintura para dar como pagamento de uma obra que estou fazendo na minha casa. Agora, o funileiro não quer me ressarcir. Foi negligência dele!”, desabafou o idoso. “Apesar de ser antigo, meu carro custava R$ 10 mil”, explicou.

O furto do veículo foi registrado no 1º DP de Campinas, que abrange a região central. 

De acordo com o corretor de seguros de veículos da Adequi, Cleber José L. Almeida, a Parati está entre os carros mais visados pelos criminosos e também o modelo que sofreu um aumento considerável no valor do seguro neste ano. Além da Parati, o Gol e a Saveiro lideram o rol dos mais furtados e roubados, justamente pela compatibilidade de peças e por utilizarem o mesmo motor.

“Mas hoje em dia, os bandidos não escolhem mais pelo modelo, uma vez que existe um mercado paralelo de peças que é alimentado por esses tipos de crime”, comentou Almeida. 

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