NA MIRA DO CRIME O TEMPO TODO

Furto de celulares cresce mais de 65% no 1º semestre em Campinas

Junho foi o mês em que mais se registrou ocorrências deste tipo neste ano, com 859 casos

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
11/09/2022 às 08:03.
Atualizado em 11/09/2022 às 08:03

Thais Cristina de S. Carvalho teve o celular de R$ 1,6 mil furtado quando participava da 22ª Parada LGBTQIAP+ (Gustavo Tilio)

O preço elevado dos celulares de última geração aliado ao alto consumo de aparelhos usados nos últimos anos impulsionou o mercado paralelo e fez com que o número de furtos de telefones na área de cobertura das 1ª e 2ª Seccionais de Campinas aumentassem em quase 65% entre janeiro e julho deste ano, quando comparados com igual período de 2021. “O celular é um objeto fundamental para as pessoas. Ele funciona como um computador e isso desperta o interesse de criminosos que querem ganhar dinheiro fácil. Com o avanço da tecnologia e a facilidade de fraudar sistemas, como o software que era exclusivo das operadoras, os criminosos conseguem desbloquear aparelhos roubados e furtados e vender no mercado paralelo”, explica o chefe de investigação da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Marcelo Hayashi. 

Junho foi o mês em que mais se registrou furtos de celulares neste ano, com 859 casos. Para Hayashi, o aumento considerável de casos em junho pode estar relacionado aos grandes eventos, que foram retomados este ano, como a 22ª edição da Parada LGBTQIAP+, no dia 26 de junho, que não ocorreu nos últimos dois anos por conta da pandemia.

No ano passado, a Polícia Civil apreendeu diversos aparelhos que estavam em uma agência dos Correios de Campinas. Os telefones eram produtos de crime e haviam sido enviados da cidade de Barretos, onde ocorre a Festa do Peão. Os aparelhos foram enviados para as delegacias de área para investigação.

A operadora de produção Thais Cristina de Souza Carvalho, de 27 anos, teve um celular de R$ 1,6 mil furtado quando participava da 22ª Parada LGBTQIAP+, realizada na Av. Francisco Glicério,no Centro de Campinas. Ela estava com um grupo de cinco amigos. Em dado momento do evento, quando estava no meio da multidão, sentiu um “puxãozinho” na bolsa e quando deu conta, o aparelho e a carteira dela tinham sido levados.

“Chorei muito, porque além do prejuízo material, perdi tudo o que tinha no aparelho. Haviam muitas fotos e vídeos da minha filhinha e da minha gravidez, além dos contatos. Foi uma perda irreparável. Na hora, a festa acabou para mim”, lamentou ele, que comprou outro celular, mas hoje mudou o esquema de carregar o aparelho. “Não deixo mais na bolsa e uso um truque: escondo na roupa, na parte da frente e coloco a bolsa para esconder o volume”, segredou.

Enquanto em 2021 foram registrados 1.904 furtos, neste ano já são 3.141 casos. O acréscimo na modalidade foi estimulado, em especial, pelos registros na área da 1ª Delegacia Seccional, que abrange, além de parte de Campinas, as cidades de Valinhos, Vinhedo e Paulínia, com 2,4 mil queixas. 

Na área da 2º Delegacia Seccional, foram 741 comunicações. Em 2021, a 1ª Seccional contabilizou 1.285 registros e a 2ª (que abrange a região do lado esquerdo da Rodovia Anhanguera, no sentido Interior e Indaiatuba), 619. Entretanto, o maior número de queixas foi em Campinas.

Em pequena proporção, o índice de roubo apontou um leve aumento este ano, de 8,07%. No ano passado, foram registrados 2.439 casos e, neste ano, 2.636. A região central do município foi a que mais registrou roubos de celulares em 2022. 

Vale lembrar que no furto, o criminoso não exibe armas, simplesmente toma o objeto ou pega escondido, com ou sem a presença da vítima. Já no roubo, há uso de armas e ameaças. “Fui abordado por um bandido armado quando caminhava perto do Mercadão. Estava com o aparelho na mão e tive que entregá-lo. O aparelho tinha um ano e meio e eu o usava para tudo, até para acesso a bancos”, contou o açougueiro André Aparecido Oliveira, de 43 anos, que teve o aparelho roubado no mês passado. 

“Depois que o bandido fugiu, peguei um aparelho emprestado e liguei para o banco pedindo o bloqueio da conta e, na empresa, para bloquear o aparelho”, relatou Oliveira, que também mudou a rotina para evitar roubos. “Não passo mais pelo mesmo local do assalto e guardo o aparelho no bolso. Não o uso mais na rua”.

Operação 

No final do mês passado, policiais civis da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), realizaram uma operação contra receptação de celulares na região central da cidade. Dois homens foram presos em flagrante e nove aparelhos foram apreendidos. 

Eles confirmaram que os telefones eram produtos de crime. A operação foi feita por policiais da 1ª DIG, que vem investigando furtos e roubos de celulares em residências, veículos e pedestres. 

A ação foi nas proximidades dos comércios informais, região esta, segundo Hayashi, apontada como o último sinal dos celulares. Os receptadores e vendedores presos atuavam nas ruas, perto das bancas de camelô. 

“Se existem furtos e roubos, é porque tem mercado. Os aparelhos são vendidos com preços abaixo do mercado. E quem compra um aparelho sem procedência, sem nota fiscal, pode responder criminalmente por receptação. A orientação é: compre em lojas de confiança”, frisou Hayashi.

Na época da ação, os presos confessaram que compravam os aparelhos por preços entre R$ 150 e R$ 200. Um dos celulares apreendido estava avaliado em R$ 3 mil.

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