TOTAL INSEGURANÇA

Furto a residências apavora moradores de Barão Geraldo

Um professor teve que retornar da praia ao saber que sua casa havia sido invadida por bandidos

Alenita Ramirez/ [email protected]
09/09/2023 às 13:45.
Atualizado em 09/09/2023 às 13:45
Vila São João, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas; moradores se queixam da iluminação precária no bairro, o que aumenta a sensação de insegurança na região (Alessandro Torres)

Vila São João, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas; moradores se queixam da iluminação precária no bairro, o que aumenta a sensação de insegurança na região (Alessandro Torres)

Uma crescente onda de furtos a residências está aterrorizando os moradores da Vila São João, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. Eles relatam que, embora invasões esporádicas já ocorressem, nos últimos três meses esses incidentes se tornaram mais frequentes e perturbadores. Apesar das queixas da comunidade, o comando do 8º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I), responsável pela segurança naquela região, afirma ter recebido apenas um registro de solicitação relacionado a furto. No entanto, eles garantem que mantêm patrulhamento preventivo constante na área, independentemente das reclamações. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) mostram que, no primeiro semestre deste ano, os furtos em geral (excluindo furtos de veículos) na área do 7º Distrito Policial (DP), que também abrange a Vila São João, aumentaram 36,5% em comparação com o mesmo período do ano passado, subindo de 536 para 730 ocorrências.

Na última semana de julho, o professor da rede pública de ensino, Henrique Vieira, estava a caminho da praia para desfrutar de alguns dias de descanso antes do início das aulas. Após sair de casa, onde reside desde 2015, há cerca de três horas, ele recebeu uma ligação de duas amigas que o alertaram sobre a invasão de sua residência por criminosos, que forçaram portas e janelas para entrar. Vieira se viu obrigado a interromper sua viagem e retornar para resolver a situação. "Encontrei tudo escancarado e não podia simplesmente deixar como estava. Era necessário fazer os reparos", relatou o professor.

As amigas, que passeavam com seus cães na rua, notaram que a porta da frente de sua casa estava aberta e, sabendo de sua recente partida, acionaram imediatamente a Polícia Militar (PM). A equipe da PM compareceu ao local e confirmou a invasão e o arrombamento da porta e janela. Segundo Vieira, ele havia reforçado a porta da cozinha com uma trava poucos dias antes. Os criminosos chegaram a separar uma televisão, mas desistiram de levá-la, deixando-a fora do lugar.

Eles fugiram levando apenas um laptop. O número de invasores não pôde ser determinado, uma vez que não havia câmeras de segurança instaladas.

"Parece que os criminosos estão cientes da rotina dos moradores. Os furtos começaram desde o início das obras de demolição do barracão da antiga fábrica de cigarros, e eu moro próximo à entrada do bairro", comentou Vieira, que registrou um boletim de ocorrência online. "A segurança pública e a iluminação na área estão visivelmente deficientes, o que torna o bairro mais vulnerável", acrescentou.

Vieira mencionou que teve que gastar mais de R$ 2 mil para reforçar o portão, o muro lateral e frontal, instalando cercas e concertina. Segundo os moradores, os furtos ocorrem principalmente à noite, mas também há registros de ocorrências durante o dia. Anteriormente, os alvos dos criminosos eram principalmente bicicletas.

De acordo com Alexandre Henrique Marchori, inúmeros relatos de furtos envolvendo moradores têm surgido no grupo do WhatsApp da comunidade. Ele próprio já foi vítima de um furto em sua propriedade, quando sua bicicleta foi subtraída do quintal de sua casa. "Na casa ao lado, também entraram no quintal e levaram uma bicicleta. Na casa da frente, pularam o muro, mas como a casa está em reforma não levaram nada. Na casa da esquina da minha rua, entraram duas vezes em dias diferentes e levaram bicicleta", contou.

Na última semana de agosto, criminosos invadiram a residência de uma mulher que reside em outra cidade e mantém a propriedade com alguns pertences. Conforme Marchori, os invasores arrombaram portas internas e reviraram o local em busca de objetos de valor, mas não encontraram nada. "Quando a base da Guarda Municipal (GM) estava próxima daqui, a sensação de segurança era maior. No entanto, agora os furtos aumentaram consideravelmente, e nos sentimos vulneráveis", desabafou.

Um desenvolvedor de 33 anos, que optou por não se identificar, também teve sua casa invadida e registrou um boletim de ocorrência pela internet. Segundo ele, o bairro é conhecido por sua vegetação exuberante, o que atrai frequentemente pessoas diferentes que realizam serviços de jardinagem na região. No entanto, nos últimos tempos, ele tem sentido uma crescente insegurança. "Não queremos fazer julgamentos precipitados, mas é inevitável que agora os moradores estejam mais alertas. Há duas semanas, um residente flagrou uma pessoa caminhando pelo muro de sua casa enquanto ele estava no banheiro. Ele ligou para um amigo, que foi até lá, encontrou a pessoa no muro e a questionou sobre sua presença. A pessoa alegou estar envolvida em uma obra nas proximidades. Portanto, não temos certeza sobre com quem estamos lidando. Há outros relatos semelhantes, e as pessoas frequentemente mencionam que estão realizando obras ou jardinagem", disse.

A presidente do Conselho Local de Segurança (Conseg), Neusa Monteiro Fernandes, destacou que o conselho tem se esforçado para promover a segurança primária na comunidade, mas enfatizou a necessidade da colaboração da população para que o trabalho da entidade seja eficaz. Segundo Neusa, as forças de segurança pública estão cumprindo seu papel no combate ao crime e na proteção das pessoas. "Contamos com um programa de Vizinhança Solidária, que desempenha um papel fundamental na prevenção ao crime, e encorajamos a todos a registrarem um boletim de ocorrência para que as forças de segurança pública possam tomar medidas apropriadas", afirmou.

Segundo Neusa, durante as reuniões mensais do Conseg, sempre enfatizamos a importância das orientações de segurança pessoal para os moradores. "Aproveito esta oportunidade para fazer um apelo à comunidade: quando precisarem, utilizem os canais de comunicação da Polícia Militar, como o 190, da Guarda Municipal (153), da Polícia Civil (por meio do 7º DP) e da Delegacia de Defesa das Mulheres (DDM), localizada no Jardim Proença. Eles estão prontos para atender prontamente", destacou. "É crucial que a população desempenhe seu papel de cidadania", acrescentou.

Em nota, a PM informou que mantém um policiamento preventivo constante na Vila São João com o objetivo de "proteger as pessoas, combater o crime, manter a ordem pública e aplicar a lei". Isso é alcançado por meio de diversos programas de patrulhamento, incluindo o uso de motocicletas, viaturas de quatro rodas, base comunitária móvel e Força Tática, além do apoio do 1º Baep (Batalhão de Ações Especiais da Polícia).

A corporação também ressaltou que realiza várias operações policiais em toda a área de abrangência, incluindo as operações "Hércules", "Direção Segura", "Integração de Meios", "Conjunta com a Guarda Municipal" e "Impacto", com o objetivo de manter um patrulhamento ostensivo, preservar a ordem pública e aumentar a sensação de segurança para os cidadãos. Isso é alcançado por meio do planejamento operacional eficiente, eficaz e efetivo das operações.

Além disso, de acordo com o comando do 8º BPM/I, a 3ª Companhia, responsável pelo patrulhamento na área, realizou, de junho a agosto deste ano, um total de 2.606 abordagens pessoais, efetuou 11 prisões em flagrante e apreendeu duas armas, uma de fogo e um simulacro.

"A Polícia Militar está disponível 24 horas por dia, por intermédio do telefone de emergência 190 e o cidadão constatando qualquer tipo de suspeita ou conduta criminosa deve entrar em contato imediatamente conosco, devendo registrar e fornecer, o mais breve possível o maior número de informações e dados relativos ao fato ou ocorrência, pois os dados registrados, via boletim de ocorrência, servem como estatística para o planejamento operacional do policiamento", frisou em nota enviada a reportagem.

Sobre a baixa iluminação no bairro, a reportagem entrou em contato com a prefeitura, que não deu retorno até o fechamento desta reportagem

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por