EM FLAGRANTE

Funcionário da Pró Visão é preso por abuso de crianças

Homem é acusado de beijar garotinhas, uma de 11 e outra 12 anos, ambas com deficiência visual A Polícia Militar (PM) localizou

Alenita Ramirez/ [email protected]
10/05/2023 às 09:23.
Atualizado em 10/05/2023 às 09:23
Suspeito foi levado para a 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) (Kamá Ribeiro)

Suspeito foi levado para a 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) (Kamá Ribeiro)

Um funcionário de 30 anos da Pró Visão, em Campinas, é acusado de abusar de uma criança de 11 anos e de uma adolescente de 12 anos, ambas deficientes visuais. O crime veio à tona após o homem beijar a mais velha e ela relatar o fato à mãe, na porta da escola e a mulher ficou revoltada e foi pedir explicações na instituição. O caso aconteceu na manhã de segunda-feira (8) e o suspeito foi preso em flagrante e apresentado na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no Jardim Proença, onde fica a instituição.

As vítimas perderam a visão de um olho e têm baixa visão no outro. A adolescente perdeu a visão há um ano e meio e começou a ser atendida na instituição em fevereiro deste ano. Já a menina perdeu a visão ainda bebê e começou a ser atendida no local aos três anos. As duas recebem atendimento uma vez por semana, em meio período. O funcionário, que é filho de uma funcionária e trabalha na recepção, está no local há dez anos.

O estupro de vulnerável contra a adolescente teria acontecido na manhã de segunda-f, após a mãe dela a deixar no portão da escola sozinha, com outra criança. O suspeito estava na portaria e teria acompanhado a menina. Segundo a mãe, uma técnica em enfermagem de 32 anos, a adolescente relatou que enquanto esperava na recepção, o homem a beijou. Para o ato, ele teria segurado as mãos dela com uma e com a outra segurado firme em seu queixo. Na sequência, teria pedido desculpas e dito que a adolescente era "uma fofa".

O crime aconteceu na recepção enquanto ela e um menino cem por cento deficiente visual estavam na recepção aguardando para serem levados para a sala de aula. Na sala, com a amiga de 11 anos, a adolescente decidiu desabafar enquanto brincavam. Ela contou para a mais nova sobre a atitude do recepcionista e a colega acabou confessando que ele também teria feito o mesmo com ela por três o quatro vezes. As duas então decidiram contar para a psicóloga que as acompanha na terapia, mas a profissional teria aconselhado as garotas a não contar a ninguém, já que o caso seria informado primeiro para a presidente da instituição.

"Me separei quando minha filha era pequena e sempre a orientei a contar a verdade e nunca deixar ninguém a tocar. Desde que ela começou a frequentar a instituição, eu sempre a espero ser levada para sala de aula, mas ontem (segunda-feira) não pude porque meu filho de 4 anos estava dormindo na cadeira do carro. A deixei com outra criança e ele (funcionário) a levou para dentro. Quando ela saiu da escola, me contou o que tinha acontecido e que a psicóloga tinha orientado a elas não dizer nada. Tive uma crise forte. Não vi nada. Peguei meus filhos e voltei na escola para falar com a psicóloga", contou a técnica em enfermagem. "Ela tinha orientado minha filha a mentir? Isso não admitido. Ainda mais em um caso como esse", acrescentou.

Segundo a mãe, ela pediu para que os funcionários chamassem a polícia, mas os mesmos teriam dito que tinham acionado a presidente da instituição que chegaria em poucos minutos. Chocada com a decisão dos funcionários, ela ligou para o 190 da Polícia Militar (PM). "Ao em vez de me ajudar, a presidente gritou comigo e defendeu o funcionário. Sou uma mãe protetora e quando a matriculei na instituição, me passaram confiança no trabalho deles. Me senti um lixo, pois o lugar que era para estar ensinando e ajudando minha filha, alguém abusou dela. Os pais do funcionário ainda disseram: 'foi só um beijinho'. Estou em estado de choque e sem saber o que fazer. Ainda bem que a PM chegou na hora certa e me ajudou", desabafou.

Segundo a técnica em enfermagem, a menina de 11 anos revelou para a filha dela que o homem tinha a abraçado, pegado no colo e também dados 'selinhos'. Em razão desses "carinhos", a criança teria ficado um mês sem ir à instituição, uma vez que passava mal ao pensar em ir para o local. A mãe dela não sabia dos abusos.

Outro lado

A reportagem entrou em contado por duas vezes com a instituição, conforme orientação de funcionários, mas nenhum responsável foi localizado para comentar. Em uma das vezes, os responsáveis estavam em reunião e não podiam passar recados.

Por ser uma entidade que recebe verba para prestar os serviços, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura e em nota, a Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, informou que solicitou informações à Pró Visão sobre os fatos ocorridos, bem como a identificação da criança beneficiária e as medidas adotadas pela instituição para garantir a segurança e o bemestar de todos os envolvidos. "Ressaltamos que a administração municipal está à disposição da família, oferecendo os serviços de atendimento do Centro de Referência da Pessoa com Deficiência (CRPD), localizado na Avenida Anchieta, 343, Centro. O telefone para contato é (19) 2515-7294", frisou e acrescentou: "A Secretaria reafirma seu compromisso com a proteção e a garantia dos direitos de todas as pessoas, em especial àquelas com deficiência, e continuará acompanhando o caso de perto, buscando soluções e medidas adequadas".

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por