BARRA PESADA

Força-tarefa neutraliza bando que fez arrastão na região

Onda criminosa gerou pânico desde a cidade de São Pedro até as proximidades de Cordeirópolis

Alenita Ramirez/ [email protected]
10/04/2024 às 09:36.
Atualizado em 10/04/2024 às 09:36
A ação policial foi ininterrupta desde o primeiro ataque em São Pedro, com as autoridades realizando buscas pela região (Divulgação)

A ação policial foi ininterrupta desde o primeiro ataque em São Pedro, com as autoridades realizando buscas pela região (Divulgação)

Uma força-tarefa composta pela Polícia Civil, Militar e Guarda Municipal, operando por meio da Muralha Digital na macrorregião de Campinas, conseguiu desmantelar uma associação criminosa responsável por um arrastão que gerou pânico entre os moradores da cidade de São Pedro. Os criminosos atacaram uma agência do Banco do Brasil durante a madrugada de segunda-feira (8) e, posteriormente, carros-fortes que trafegavam nas rodovias próximas a Cordeirópolis e Piracicaba, no final da tarde do mesmo dia. Especialistas em segurança pública acreditam que os ataques foram coordenados pelos criminosos.

A ação policial foi ininterrupta desde o primeiro ataque em São Pedro, com as autoridades realizando buscas pela região. Ao longo do dia, com o auxílio do sistema de monitoramento das cidades, os policiais conseguiram identificar os veículos utilizados pelos criminosos, assim como parte dos integrantes da quadrilha. A prisão e identificação de um dos suspeitos, um ex-policial militar chamado Ritchie de Souza Lima, ocorreu no pedágio da Rodovia dos Bandeirantes, em Sumaré. Esta ação foi realizada por policiais do 1º Batalhão de Ações Especiais (Baep), com o apoio do 10º Baep, resultando na descoberta do "Quartel General" (QG) utilizado como centro de logística pelo grupo criminoso.

De acordo com o capitão Raphael Antunes Ribeiro, comandante interino do 1º Baep, o ex-policial foi expulso da corporação há 15 anos devido a má conduta. "Em 2019, ele chegou a ser preso por envolvimento em ataques, mas já estava em liberdade e voltou a agir da mesma maneira", afirmou. A Polícia Civil informou que o ex-policial indicou a localização da residência e do comparsa, que foi detido em Indaiatuba. O delegado divisionário da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic), William Ricardo de Almeida Marchi, destacou que o suspeito atuava na quadrilha como "explosivista", sendo responsável pela manipulação dos artefatos durante as ações criminosas. O grupo foi associado ao ataque ao Banco do Brasil e aos carros-fortes em Piracicaba. As autoridades policiais estão investigando o envolvimento da quadrilha na explosão de carros-fortes na Rodovia Washington Luís (SP-310), em Cordeirópolis.

Além do ex-policial, outro suspeito foi detido em Indaiatuba. O indivíduo estava sendo procurado pela Justiça por estar foragido do sistema penitenciário, onde cumpria pena por assaltos a bancos e carros-fortes. No QG, propriedade de Ritchie, localizado no Jardim Calegari, região de Nova Veneza em Sumaré, um terceiro criminoso trocou tiros com os agentes do 1º Baep e morreu no local. Um quarto integrante conseguiu escapar pulando pelos telhados das casas vizinhas ao imóvel onde o criminoso morto estava.

Durante a operação, foram encontrados no local quatro fuzis, seis coletes balísticos, quatro rádios transmissores, 145 munições .45, 209 munições .556, 492 munições .40, 50 munições .762, dois carregadores .762, nove carregadores .556, um carregador 9mm, um drone, além de uma bolsa contendo cerca de R$ 110 mil em cédulas. Três veículos foram apreendidos em locais distintos: um Hyundai Santa Fé, uma Land Rover Freelander Blindada, com o ex-policial, e um GM/Meriva, além de uma moto Ducati/Panigale. Um dos veículos foi roubado de um delegado e encontrado em Analândia.

Também foram confiscados no local 147 explosivos pirotécnicos e quatro metros de cordel detonante NP10. Na Land Rover, foram encontrados miguelitos, utilizados no ataque em São Pedro para estourar os pneus das viaturas.

"Já tínhamos identificado alguns veículos e estávamos em campo quando ocorreu o primeiro ataque em Cordeirópolis. Um dos carros-fortes teve dinheiro roubado, enquanto no outro apenas tentaram. Eles não conseguiram abrir o cofre", relatou o delegado William Marchi, da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba, em entrevista ao repórter Jhonathan Henrique da TV Agora de Limeira.

Marchi acredita que o grupo atacou a agência do Banco do Brasil para desviar a atenção da polícia para aquela região e, assim, atacar os carros-fortes. No assalto ao banco, pelo menos seis c’riminosos e dois veículos foram capturados pelas câmeras de monitoramento da rua. Segundo a polícia, os bandidos levaram cerca de R$ 200 mil.

Quanto aos ataques aos carros-fortes, os criminosos conseguiram levar dinheiro de dois deles, mas os valores ainda não foram divulgados até o início da tarde de terça-feira (9).

"Creio que a quadrilha criou essa situação de atacar diversos carros-fortes ao mesmo tempo na esperança de que, se um ou outro ataque falhasse, ainda teriam a oportunidade de ter sucesso em uma das ações", comentou o especialista em segurança pública, Adalberto Santos.

Apenas na região de Piracicaba, em 2023, foram registrados quatro ataques a carros-fortes. Naquela ocasião, a Polícia Civil conseguiu identificar e prender vários membros da quadrilha, incluindo um dos suspeitos detidos, o ex-secretário de Esportes e Lazer de Sumaré, Bruno César Pereira, também conhecido como Bruno Evoke, de 37 anos. As prisões também ocorreram em Campinas, na região do bairro São Fernando.

"O crime é dinâmico, e as quadrilhas mudam, migram geograficamente, alteram seus modos de operação para obter dinheiro. Quando o Estado consegue se organizar e combater uma modalidade, fazendo com que os criminosos percam lucros, eles mudam a modalidade do crime e de região", lembrou Santos ao ser questionado sobre o retorno nos últimos anos dos ataques a carros-fortes.

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