TRAGÉDIA FAMILIAR

Filha encontra os pais mortos por enforcamento na garagem

Bilhete deixado pelo idoso sugere que ato extremo teria sido motivado pela saúde frágil da esposa

Alenita Ramirez/ [email protected]
15/02/2024 às 16:37.
Atualizado em 15/02/2024 às 16:37
Residência do casal de idosos na região do bairro San Martin, no limite entre Campinas e Sumaré (Rodrigo Zanotto)

Residência do casal de idosos na região do bairro San Martin, no limite entre Campinas e Sumaré (Rodrigo Zanotto)

Um acontecimento trágico abalou a rotina do Residencial Campo Florido, na região do bairro San Martin, localizado no limite entre Campinas e Sumaré. Na noite terça-feira (13), uma filha de 51 anos fez uma descoberta chocante ao encontrar seus pais idosos enforcados na garagem de sua residência. O casal, composto por uma mulher de 75 anos e um homem de 85 anos, aparentemente sucumbiu a um ato de feminicídio seguido de suicídio. A suspeita dessa sequência de eventos ganha respaldo com a descoberta de um bilhete deixado pelo idoso, confessando e justificando o ato. O documento revela que o motivo por trás desse ato extremo foi o estado de saúde debilitado da esposa, indicando um profundo cansaço por parte do idoso. O corpo da mulher foi encontrado no chão, enquanto o homem estava pendurado.

Até o final da manhã de quarta-feira (14), o local e o horário do enterro do casal ainda não haviam sido definidos, uma vez que os corpos permaneciam no necrotério do Cemitério do Amarais. A tragédia abalou profundamente os vizinhos da família, deixando uma aura de consternação na comunidade. A investigação desse episódio ficará a cargo da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Esse caso, se confirmado como feminicídio, representa o quarto incidente desse tipo na Região Metropolitana de Campinas (RMC) somente neste ano.

O boletim de ocorrência, registrado no plantão da 2ª DDM, revela que o idoso, apesar de analfabeto, conseguia expressar-se por escrito em algumas situações. A filha, moradora da mesma rua, testemunhou a cena de horror ao ser chamada pelo irmão, que havia acabado de chegar à cidade após dois anos sem visitar os pais. O rapaz, residente em Brasília, viajou acompanhado da esposa e do filho do casal, um bebê de nove meses. A visita tinha como motivação apresentar a criança aos avós, que ainda não a conheciam.

Segundo o relato do homem, ele e sua família chegaram à residência dos idosos por volta das 17h, mas depararam-se com o imóvel fechado e sem qualquer sinal de movimentação. Após bater no portão, sem obter resposta, o homem comunicou a situação à sua irmã, que estava fora do bairro. Por volta das 21h, ela chegou ao local e conseguiu abrir a porta.

Durante as quatro horas em que não conseguiram contato com os pais, o homem empreendeu buscas por supermercados e outros locais frequentados pelos idosos, mas sem êxito. Posteriormente, ele e a esposa optaram por lancharem enquanto aguardavam em frente à residência até a chegada da irmã. Segundo o relato dado à polícia, ao adentrarem o quintal, a irmã se deparou com uma cena impactante, saindo em prantos e gritando. A Polícia Militar (PM) foi prontamente acionada, e o local foi submetido a uma perícia.

Conforme relatado pelos filhos à polícia, Ricieri Destefani e Irene Correa Lima Destefani desfrutavam de estabilidade financeira, mantinham um convênio e estavam em dia com suas contas. Além disso, possuíam uma propriedade alugada que contribuía para o equilíbrio das finanças familiares. Apesar da situação financeira favorável, o casal de idosos atravessava um período emocional desafiador. Irene, descrita como ciumenta, enfrentava nervosismo, depressão e fazia uso de diversos medicamentos. A filha desempenhava o papel principal no cuidado dos pais, especialmente diante das complexidades de saúde de Irene, que recentemente fora internada devido a problemas gastrointestinais, tornando-se bastante dependente, necessitando de fraldas e apresentando delírios.

No que diz respeito a Ricieri, ele era caracterizado como uma pessoa alegre, porém, nos últimos tempos, estava visivelmente cansado devido à difícil situação enfrentada pela família. Uma inspeção conjunta realizada pela polícia e pelos filhos no domicílio não revelou sinais de reviramento, alterações ou qualquer item ausente. Os vizinhos, ao serem consultados, afirmaram que o casal era estimado na comunidade e não despertava suspeitas.

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