A CASA CAIU

Família Metralha é presa por furto de remédio para câncer

Medicamentos de alto custo, no valor de R$ 1 milhão, foram subtraídos do DRS7 de Campinas

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
06/01/2024 às 08:36.
Atualizado em 06/01/2024 às 15:18

Farmácia de medicamentos de alto custo: medicação deveria ser destinada a pacientes cadastrados na DRS7 (Kamá Ribeiro)

A ação rápida da Polícia Civil de Campinas resultou na identificação e prisão de três membros de uma mesma família, incluindo um servidor público de 61 anos, envolvidos no furto de 79 caixas do medicamento Pembrolizumabe 25 mg/ml. Tratase de um remédio de alto custo utilizado no tratamento de câncer de estômago. A medicação, avaliada em mais de R$ 1,1 milhão, estava armazenada em geladeiras na sede do Departamento Regional de Saúde 7 (DRS7), localizada na Vila Itapura. Um quarto indivíduo, o marido da enteada do servidor, encontra-se foragido e é apontado como o mandante do furto.

O esclarecimento do crime ocorreu em menos de 24 horas após seu registro. Durante buscas nas residências dos suspeitos, situadas na Vila Palmeiras, na região do Campo Belo em Campinas, onde reside o servidor público e sua esposa, e em Hortolândia, na casa da enteada e do marido desta, realizadas na sexta-feira (5) de manhã, os agentes apreenderam caixas de isopores utilizadas na indústria farmacêutica, além de diversas caixas de medicamentos destinados a outras enfermidades. Esses itens foram confiscados juntamente com os celulares dos envolvidos e dois veículos, incluindo um Jeep.

Os investigadores suspeitam que o Pembrolizumabe tenha sido enviado para Vitória/ES, uma vez que uma remessa do medicamento, enviada pela esposa do servidor e sua filha, foi interceptada no aeroporto daquela cidade, bem como para o Rio Grande do Sul.

O grupo enfrentará acusações de receptação, participação em organização criminosa, crime contra a saúde pública, e o servidor público também será responsabilizado pelo furto. As investigações continuam para identificar mais pessoas envolvidas e esclarecer se o grupo praticou outros furtos de medicamentos, bem como obter detalhes sobre a situação financeira da família.

O FURTO

Conforme as apurações, o servidor público, que é concursado e atende às demandas tanto dos municípios quanto dos pacientes que retiram medicamentos no balcão da unidade de saúde, é suspeito de ter cometido o furto. A suspeita é que ele tenha levado as caixas em uma mochila antes do Natal, uma vez que não há controle de saídas dos funcionários que trabalham na unidade. A polícia informa que sete funcionários estão envolvidos na distribuição de medicamentos de alto custo.

A falta das caixas foi descoberta por uma funcionária no dia 27, quando um dos pacientes que utiliza o medicamento foi retirá-lo e a servidora constatou que, embora o estoque indicasse a presença de 80 caixas, havia apenas uma nas geladeiras.

Conforme a Secretaria Estadual de Saúde, a medicação deveria ser destinada a nove pacientes cadastrados na DRS7, que abrange 42 cidades. Cada caixa tem o valor de R$ 14.401,35 e é fornecida a pacientes carentes que buscam judicialmente o fornecimento pelo Estado.

A servidora comunicou imediatamente a direção da unidade, mas o furto só foi relatado à Polícia Civil no final da manhã de quinta-feira (5), oito dias após o crime. O boletim de ocorrência foi registrado no 1º Distrito Policial (DP). Logo após o registro, a equipe liderada pelo delegado titular da delegacia, José Roberto Mecherino de Andrade, realizou diligências na DRS7 em busca de imagens e informações que pudessem levar aos autores do crime.

A medicação encontrava-se armazenada em geladeiras, sendo uma delas responsável por acondicionar a maior quantidade dos medicamentos de alto custo. Essa geladeira está localizada no piso superior, em uma sala trancada e monitorada por duas câmeras de segurança. Além disso, há outra geladeira no andar térreo, destinada exclusivamente às medicações de distribuição diária.

INVESTIGAÇÃO

Durante as diligências, os investigadores constataram que uma das câmeras estava desligada e a outra apresentava problemas no foco da imagem. Além disso, foi verificado que sete servidores atuam no local, todos com acesso às chaves que possibilitam abrir as geladeiras.

Com base nessas descobertas, o delegado Andrade encaminhou um ofício ao delegado-diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior 2 (Deinter-2), Fernando Manoel Bardi, que organizou uma força-tarefa envolvendo unidades da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic).O objetivo é identificar os responsáveis e tentar recuperar os medicamentos. Bardi ressaltou a gravidade do crime, afirmando que além do prejuízo ao erário público, afeta profundamente as pessoas gravemente doentes que dependem desses remédios.

O chefe da Polícia Civil em Campinas enfatizou a necessidade de uma ação rápida para recuperar os medicamentos. Atualmente, aguardam o envio da remessa de Vitória para verificar quantas caixas foram recuperadas.

OUTRO LADO

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde esclareceu que, ao ter ciência do ocorrido, o DRS de Campinas agiu prontamente, adotando medidas adequadas, como o registro do boletim de ocorrência e a imediata abertura de um novo processo licitatório para a reposição dos medicamentos furtados. Adicionalmente, o DRS está implementando o remanejamento de itens de outras regiões para atender à demanda afetada. A Secretaria ressaltou que está plenamente cooperativa com as investigações, buscando esclarecer integralmente as circunstâncias do incidente.

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