Família destruída em crime macabro choca Hortolândia

Um crime macabro envolvendo três pessoas de uma mesma família de Hortolândia, desvendado na terça-feira (10) pela Polícia Civil, deixou os moradores da cidade chocados. Desaparecidos desde o último dia 3 de outubro, os corpos da corretora de imóveis Fernanda Silva Bim, de 44 anos, e de seu filho, o arquiteto Maurício Silva Ferreira, de 24 anos, foram encontrados esquartejados e em avançado estado de decomposição em um canavial, no limite entre Americana e Santa Bárbara d'Oeste. Além disso, a matricarca da família, Delma Aparecida da Silva Bim, de 67 anos, foi encontrada gravemente ferida dentro de sua residência no Jardim Amanda 1. O autor desses atos hediondos é o ex-namorado da corretora que confessou os crimes cometidos. Fernanda havia emprestado dinheiro a ele para investimentos, mas recentemente, ao solicitar o retorno do montante para quitar um carro e adquirir um apartamento, desencadeou o desfecho brutal desses crimes. Até as 19h de terça-feira (10), o delegado responsável pelas investigações ainda concluía as oitivas.

O suspeito pelos terríveis assassinatos provém de uma família tradicional de Sumaré, com histórico de conexões até mesmo em esferas políticas. De maneira ainda mais perturbadora, relatos indicam que o filho foi submetido a tortura diante da própria mãe. O crime começou a ser desvendado na segunda-feira (9), quando as autoridades policiais apreenderam o notebook de Fernanda. A análise do conteúdo revelou mensagens perturbadoras no Facebook trocadas entre a vítima e seu ex-namorado no dia do desaparecimento de mãe e filho. Nessas comunicações, o ex-namorado agendou um encontro com a corretora nas imediações do zoológico de Sumaré, sendo ela acompanhada pelo filho.

O desaparecimento da mãe e do filho foi primeiramente detectado por amigos do arquiteto. Reconhecido como um jovem responsável, pontual, sonhador e muito querido, Maurício, de 24 anos, falhou em comparecer a um compromisso previamente marcado com um grupo de colegas de trabalho naquele fatídico dia. A ausência dele levou os amigos a um estado de preocupação iminente, instigando uma busca incansável pela dupla desaparecida.

O jovem residia no andar superior da casa, compartilhada com Fernanda, situada no Jardim Amanda 1, sobre o domicílio da avó. Diante da ausência de respostas após tentativas de contato por celular tanto com ele quanto com a corretora de imóveis, os amigos, angustiados, dirigiram-se à residência para procurá-los, mas depararam-se com as portas trancadas. Com a crescente aflição pela falta de notícias e a impossibilidade de contatar familiares, os amigos tomaram a decisão desesperada de dirigir-se à Promotoria Pública (MP) da cidade, registrando uma queixa. A partir desse ponto, o caso assumiu tons mais sombrios e misteriosos.

Um promotor conseguiu estabelecer contato com o tio do jovem, que prontamente dirigiu-se à casa da mãe. Ao chegar, deparou-se com um portão de aço maciço e eletrônico, o qual conseguiu arrombar. Adentrando o quintal, avistou através da porta de vidro da cozinha a mãe, ensanguentada e ferida, sentada no sofá, em estado debilitado. O tio, preferindo manter-se anônimo, relatou: "A casa estava trancada, a cozinha completamente revirada, com marcas de sangue por toda parte. Minha mãe apresentava um furo na testa e estava gravemente machucada."

A idosa foi socorrida em estado grave ao Hospital Mário Covas e posteriormente transferida para um hospital em Campinas. A descoberta da idosa ocorreu três dias após o desaparecimento do arquiteto e da corretora. De acordo com familiares, a idosa afirmou ter sido atacada por um indivíduo vestido de preto e encapuzado, que adentrou a residência utilizando o veículo da filha, pois este continha o controle remoto do portão, que não foi arrombado.

O criminoso usou uma pedra retirada da fruteira para brutalmente agredir a idosa. No entanto, o caso foi inicialmente registrado como um roubo devido ao furto do celular e das chaves da residência da idosa. Um irmão da vítima, em estado de choque, e preferindo permanecer no anonimato, expressou suas desconfianças: "Quem invadiu a casa queria matar minha irmã e não simplesmente roubar".

Após a prisão temporária do suspeito, os agentes encontraram o veículo da mulher abandonado e trancado em uma via no bairro Campo Belo, em Campinas.

Simultaneamente a essa investigação, na manhã seguinte, a polícia de Americana conseguiu identificar um corpo que estava no Instituto Médico Legal (IML) desde a tarde da última sexta-feira, confirmando ser o de Maurício. O corpo foi descoberto em um carreador de cana, próximo à antiga Usina de Cillo, no limite entre Santa Bárbara d'Oeste e Americana. Encontrava-se em estado avançado de decomposição, com as mãos amarradas por um fio de nylon, e sem as pernas. A identificação foi possível por meio de exame de papiloscopia.

No final da tarde, após novos depoimentos, o ex-namorado de Fernanda acabou confessando o crime, alegando ter esquartejado as vítimas. O corpo dela foi encontrado sem as pernas e os braços a poucos metros de onde estava o filho, encerrando de maneira horrenda esse capítulo de horror.

Conforme relatos de familiares, há quatro anos, Fernanda vendeu um apartamento, destinando os fundos para investimentos. Naquela época, o então namorado aconselhou-a a transferir o dinheiro para que ele o investisse em "negócios". A reportagem apurou que o suspeito era proprietário de uma imobiliária em Sumaré. Recentemente, ela solicitou a devolução do montante, indicando sua intenção de utilizá-lo para quitar um carro e adquirir um novo apartamento. Este último plano de mudança estava vinculado ao falecimento de seu pai.

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