TEMPOS MODERNOS

Expansão da área urbana de Campinas leva a GM a alterar patrulha rural

Policiamento deixou de se preocupar apenas com sítios e passou a cuidar de novos loteamentos

Alenita Ramirez/ Alenita.ramirez@rac.com.br
12/03/2023 às 10:14.
Atualizado em 12/03/2023 às 10:14

Patrulhamento da Guarda Municipal em zona rural que passou por um processo recente de urbanização: nova configuração territorial exige adaptação das estratégias de policiamento (Divulgação/ GM Campinas)

A expansão urbana de Campinas nos últimos 20 anos forçou a Guarda Municipal (GM) de Campinas a se adaptar à nova realidade territorial do município. A principal mudança ocorrida nesse período diz respeito ao patrulhamento rural e ambiental da corporação, que passou também a realizar o policiamento típico da área urbana. Implantado em 2004, sete anos após a criação da GM, o patrulhamento ambiental surgiu numa época em que a zona rural da cidade tinha o dobro da extensão existente hoje. 

Para dar conta do patrulhamento da área rural foram criadas duas bases: a Superintendência Leste, em Sousas, e a Superintendência Sul Pedra Branca, localizada no Jardim São Domingos, além das bases do Centro, Norte e Oeste que são voltadas para a área urbana. "O foco da patrulha é roubos e furtos na área rural, mas o reordenamento geográfico da cidade fez com que a área urbana aumentasse gradativamente e com isso houve uma redução da área rural. Hoje, 90% do município é composto por área urbana e para atender a demanda tivemos que aumentar o efetivo para continuar atendendo a área rural e ambiental e também a área urbana", disse o superintendente da base Sul da GM, Marcos Tadeu Peixoto.

Quando foi implantada, a base Sul funcionou na antiga base da Polícia Militar Rodoviária (PMR), na Estrada Velha de Indaiatuba. Hoje está em um prédio no bairro Pedra Branca e é responsável pelo patrulhamento na área de circunscrição do Campo Belo, Jardim Fernanda, São Domingos, Friburgo, Oziel, limites com Valinhos até a linha férrea nas proximidades da Universidade Unip, na região do Swift. "Antes era uma área deserta, de sítios e fazendas. Com o tempo o povoado foi chegando e aumentando e foi transformando em área urbana", contou Peixoto. 

Assim como na área urbana, a rural também é alvo da ação de criminosos. As modalidades de crimes mais comuns são os furtos e roubos de veículos, motos, equipamentos agrícolas (tratores entre outros), bicicletas, gados e frutas. Segundo Peixoto, nos últimos dez meses esses crimes praticamente zeraram. O último roubo registrado na área rural desta superintendência foi em junho do ano passado quando criminosos renderam um casal de sitiantes e uma funcionária para roubar um cofre. Como não encontraram nada, eles levaram as vítimas reféns. A polícia foi avisada da ação e houve troca de tiros e dois criminosos morreram. 

"Intensificamos o patrulhamento e passamos a fazer constantemente um trabalho preventivo e ostensivo. Há operações pontuais, como a do 'Bairro Seguro' e há ações que chegamos a realizar duas vezes no mesmo dia, em pontos diferentes para coibir crimes e prevenir", disse o superintendente.

A patrulha da superintendência Sul conta com um efetivo de 32 guardas que se revezam em dois turnos. Para o patrulhamento na área rural, os agentes utilizam caminhonetes próprias, com tração, específicas para enfrentar muita terra, lama e, inclusive, trechos complicados da área urbana. 

Entre as operações, Peixoto enumera a Evidência, que é um patrulhamento geral preventivo e ostensivo para "espantar" criminosos, no qual a viatura transita por diversas ruas e regiões com o giroflex ligado.

A saturação é focada em comércios de ferro-velho e bares é uma ação mais incisiva. Há ainda o estreitamento de vias que visa abordar e revistar carros e motos. Nesta, os agentes fazem bloqueio de rua para fazer a abordagem aos motoristas. É uma ação mais comum, mas ela pode ser realizada diversas vezes ao dia e em diferentes pontos e horários. "O objetivo principal do patrulhamento é gerar a ação preventiva", destacou.

Outra modalidade de crime que também foi levada para a área rural é a perturbação de sossego. Segundo o superintendente da GM, houve um período em que os moradores do campo também se queixaram de barulhos causados por vizinhos festeiros, aqueles que alugam chácaras nos finais de semana para uma churrascada regada ao som alto. Ou ainda para grandes baladas, as chamadas festas raves, mas o endurecimento das leis nos últimos governos, em especial com na gestão do prefeito Dário Saadi. "Tinha muita queixa de perturbação ao sossego, mas nos últimos tempos caíram os chamados. Trata-se de um crime para o meio ambiente também, pois não causa transtorno apenas ao homem, mas também para a vida silvestre".

Uma das modalidades de crimes que também gerou muito trabalho para a patrulha foi o roubo de bike em trilhas rurais, como as em Joaquim Egidio, Sousas e na região entre os fundos do aeroporto de Viracopos a Monte Mor. Além dos crimes de praxe, a patrulha também foca nos crimes ambientais, como o despejo de entulhos próximos aos cursos de água, corte de árvores e queimadas.

"Existe muita poda irregular de árvores, alguns casos de caça e pesca clandestinas. Mas o mais grave nesta região é o descarte de carcaça de animais no entorno do aeroporto de Viracopos. Isso é muito grave, pois as carcaças atraem urubus e uma ave dessa pode causar um acidente aéreo. A população precisa se conscientizar. Um urubu oferece um risco muito grande", falou Peixoto.

Novo quadro 

Em Jaguariúna, a Secretaria Municipal de Segurança Pública vai ampliar o número de guardas municipais que fazem a Patrulha Rural. O objetivo é intensificar os trabalhos nesta região para coibir crimes como de equipamentos agrícolas, de fios e animais. "Ficamos 17 anos sem contratações na GM e recentemente realizamos concurso para a contratação de 25 guardas. Deste montante, pelo menos quatro serão direcionados para a patrulha rural", disse o secretário da Pasta, Edgard Mello do Prado Filho, frisando que os selecionados devem começar a academia até maio e devem estar nas ruas no começo do segundo semestre deste ano. 

Apesar de já existir o patrulhamento rural na cidade, o serviço foi renovado neste ano com um convênio assinado com o governo estadual no final de 2022. Pelo pacto, o estado concedeu duas novas viaturas para o patrulhamento rural, veículos estes - caminhonetes S10 e Triton 4x4, tracionadas -, que contam com rádio comunicador moderno que possui sistema de geolocalização (GPS) que registra o exato local de cada propriedade e direciona patrulhamento em casos urgentes, sem erros. "Nossa zona rural é pequena e tem poucos crimes, mas não fica desprotegida. A partir de agora, nossos guardas vão fazer um trabalho de visita, conversas com os proprietários e levantar problemas enfrentados por eles e o que se pode fazer para melhorar a segurança nas propriedades. Além disso, vamos deixar com os moradores nossos contatos para casos de emergência", comentou o secretário. 

O número da Patrulha Rural é o mesmo da GM: 153 e o 3837-3936. Para os moradores que residem em limites de municípios, no caso de Jaguariúna, deve ligar no telefone fixo. 

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