NO BAIRRO SÃO BERNARDO

Estado descarta transformar Penitenciária Feminina de Campinas em cadeia masculina

Atendimento a gênero masculino vinha sendo estudado, mas ideia foi abortada após repercussão negativa

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
14/06/2022 às 09:18.
Atualizado em 14/06/2022 às 09:18

A Penitenciária Feminina foi inaugurada em 1976 para atender a presos do sexo masculino; em 2005, foi reformada e passou a receber as detentas (Kamá Ribeiro)

O governo do Estado de São Paulo descartou a transformação da Penitenciária Feminina de Campinas em masculina. A informação foi confirmada na segunda-feira (13), um dia após o Correio Popular publicar reportagem sobre a decisão da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) de estudar a mudança de classificação do presídio de feminino para masculino. “A Secretaria da Administração Penitenciária informa que a transformação da Penitenciária Feminina de Campinas em masculina foi descartada após ser submetida a avaliação”, informou a nota da Pasta. 

O anúncio da suposta transição do presídio deixou moradores da redondeza da unidade, que fica no bairro São Bernardo, aterrorizados. Os síndicos de prédios que ficam ao lado da unidade já haviam se reunido para tomarem medidas urgentes, uma delas seria a confecção de um abaixo-assinado contra decisão.

Na manhã de ontem, o deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania) esteve no local e relatou que, logo que tomou conhecimento pelo Correio Popular sobre o estudo da SAP, entrou em contato com o governador Rodrigo Garcia. “Pedi a ajuda do governador, porque, quando esse presídio era masculino, teve muitas rebeliões e fugas. Além disso, a unidade fica próxima a três hospitais - o do Amor, Dr. Mário Gatti e Ame - e também é rodeada de bairros e novos loteamentos”, explicou o deputado. “O Rodrigo (o governador) me garantiu que estava descartada essa transformação, inclusive, que ele entrou em contato com o coronel Nivaldo (coronel Nivaldo César Restivo, secretário de Administração Penitenciária) descartando o estudo”, acrescentou Zimbaldi, adiantando que vai pedir a desativação total da unidade para transformar o espaço em uma área de lazer. 

“Essa região não pode ter presídio. Ela cresceu muito, sem contar que vem muitas pessoas de fora para passar nos hospitais. Então, há um risco grande”. 

Também na manhã de ontem, a reportagem conversou com moradores do bairro que afirmaram que vão se mobilizar caso o governo volte atrás na decisão. “Estamos muito assustados e não queremos que volte a ser presídio masculino”, disse o desempregado Vítor Gabriel Lopes, que mora bem ao lado da unidade prisional.

A conselheira fiscal de um dos condomínios, Maria do Carmo Cavalcante Pires, disse que participou das reuniões de síndicos na semana passada e contou que, se fosse mantido o estudo, o grupo iria se mobilizar. “Não dá para aceitar um presídio masculino. O de mulheres é mais tranquilo, pois elas não dão trabalho. Além do medo que coloca na comunidade, devido a ser de homens, também desvaloriza os imóveis”, argumentou.

A Penitenciária Feminina de Campinas, que fica no São Bernardo, mudou de categoria em 1993 para feminina. Porém, a unidade foi inaugurada em 1976 para abrigar presos do sexo masculino, que foram transferidos de outras unidades prisionais do Estado. Em março de 2005, o prédio passou por reforma. No começo, as presas vieram das penitenciárias femininas do Tatuapé e Franco da Rocha, ambas desativadas Na semana passada, o Governo do Estado publicou o remanejamento de mais de 40 agentes penitenciários masculino para o local. A SAP não informou o motivo desse remanejamento.

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