EM CAMPINAS

Empresário vive 14 horas de terror nas mãos de quadrilha

Vítima foi mantida amarrada no interior do seu próprio veículo e obrigada a fazer várias transferências

Alenita Ramirez/ [email protected]
21/01/2023 às 10:55.
Atualizado em 21/01/2023 às 10:55
Empresário próximo à caminhonete onde ficou preso por 14 horas: vítima foi encontrada em estado de choque (Rodrigo Zanotto)

Empresário próximo à caminhonete onde ficou preso por 14 horas: vítima foi encontrada em estado de choque (Rodrigo Zanotto)

Um empresário do ramo de embalagens, de 57 anos, viveu 14 horas de terror nas mãos de quatro bandidos, sendo libertado apenas na manhã de sexta-feira (20), depois que os vizinhos estranharem a movimentação suspeita no estacionamento de um condomínio de prédios no Jardim São José, em Campinas, e acionarem o 190 da Polícia Militar (PM).

Equipes do 1º Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep) foram até o endereço, prenderam um homem e libertaram a vítima, que era mantida amarrada no interior do carro dela, uma camionete Hilux. O homem foi agredido e obrigado a fazer diversas transferências bancárias. Devido ao seu estado emocional, ele não soube dizer o valor roubado pelos criminosos.

A vítima foi abordada pelo quarteto, que estava em um carro, cujo modelo e cor ela não soube especificar, quando parou em um posto de combustível às margens da Rodovia Santos Dumont, na altura do bairro São José, em Campinas, no começo da noite de quinta-feira, quando caia o temporal.

O empresário voltava de uma loja de material de construção e de um supermercado, onde realizou compras. Dois dos bandidos entraram na caminhonete dele e o obrigaram a entregar seus cartões bancários, celular e senhas e ainda realizar as transferências por PIX. “Eles rodaram comigo e cobriram a minha cabeça com um pano. Ameaçavam a minha vida o tempo todo e exigiam dinheiro, muito dinheiro. Eu não podia fazer nada que eles me batiam até com a arma. Foi horrível! Eu só pedia para que Deus enviasse anjos para me salvarem”, relatou o empresário, que mora em Campinas e, por não residir com a família, ninguém percebeu o seu desaparecimento dele.

Por volta das 9h de sexta-feira, os vizinhos estranharam a movimentação de três homens perto de uma camionete que estava no estacionamento do Condomínio Primavera I e do entra e sai de um veículo GM Corsa prata. Eles então acionaram a PM.

O empresário foi encontrado amarrado dentro do seu veículo, com vidros fechados, em estado de choque. Um dos suspeitos, de 23 anos e com passagens criminais por receptação, foi capturado no local. Ele confessou participação no assalto e sua função era a de “vigilante” do cativeiro.

Nas proximidades do condomínio, os agentes localizaram o Corsa estacionado e, dentro dele, uma maquininha de cartões de crédito e débito. “Também havia um coldre de arma com o suspeito e, provavelmente, ele dispensou a arma quando nos viu”, afirmou o sargento Devair Francisco, comentando que esta não foi a primeira vez que deparou com um caso no qual os ladrões usam o carro como cativeiro, dentro de estacionamento de condomínio. “Eles (bandidos) apostam que essa estratégia despista a polícia e não chama a atenção de moradores, que ficam com medo de denunciar”, acrescentou.

O Corsa não apresentou queixa de crime e o sargento acredita que o veículo possa ser de algum dos integrantes do bando, que agora serão investigados pela Polícia Civil. “Durante o tempo que fiquei com eles, apenas me deram água para beber e, em alguns momentos, jogavam água no meu rosto. Era muita tortura psicológica. Se não fossem ‘esses anjos’ que Deus enviou, não sei o que seria de mim”, disse agradecido o empresário.

Na caçamba da camionete havia uma caixa d’água, canos e ferramentas que chegaram a ser retiradas pelos criminosos, mas foram recuperadas pelos policiais. Segundo o sargento, na manhã de sexta-feira, os bandidos chegaram a tentar um empréstimo bancário, mas a instituição bancária bloqueou, porque o filho da vítima foi acionado pelo gerente. Até então, a família não sabia de nada sobre o sequestro.

Apesar de o empresário ter sido mantido refém dentro de camionete Hilux, que costuma ser alvo de quadrilhas, Devair acredita que os envolvidos neste caso queriam apenas as transferências bancárias. O suspeito detido foi apresentado na 2ª Delegacia Seccional.

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