NO JARDIM DO TREVO

Empresário ‘importa’ projeto de Joinville para coibir crime

Piloto, iniciado há 6 meses, conta com 100 câmeras de vigilância localizadas nos principais acessos do bairro

Alenita Ramirez/ [email protected]
10/01/2023 às 09:25.
Atualizado em 10/01/2023 às 09:25
O empresário Rafael Domingos está em busca de parcerias com moradores e comerciantes; câmera em uma residência: vigilância em alta (Rodrigo Zanotto e  Cedoc)

O empresário Rafael Domingos está em busca de parcerias com moradores e comerciantes; câmera em uma residência: vigilância em alta (Rodrigo Zanotto e Cedoc)

Cansado dos constantes roubos e furtos aos barracões que integram a sua rede de depósitos de madeira, em Campinas, o empresário Rafael Domingos decidiu “importar” um projeto de videomonitoramento de um empresário de Joinville/ SC, conhecido como “Foco: Cidades Inteligentes”, para o Jardim do Trevo e bairros adjacentes. O projeto-piloto começou há seis meses e a ideia é a de criar uma muralha eletrônica naquela região para coibir crimes e também ajudar a polícia nas investigações.

O trabalho é particular e o empresário buscou - e continua buscando - parcerias de moradores e comerciantes do bairro. São câmeras de vigilância que transmitem imagens, em especial de crimes, em tempo real e com qualidade e alta definição, que mostram placa de veículos, rosto e qualquer outra informação.

Nesse projeto-piloto, estão incluídas 100 câmeras de vigilância, localizadas nos principais pontos de acesso. No entanto, a expectativa é a de ampliar o sistema este ano, alcançando 200 equipamentos. 

“A ideia surgiu de um empresário que viu no projeto de um site, ‘veja ao vivo’, de 2010, uma forma de inserir câmeras em diversos pontos para registrar tudo o que se passava, possibilitando que as pessoas acompanhassem tudo em tempo real. Assim, ele criou a Camerite, que é uma plataforma de videomonitoramento com inteligência artificial e a levou para diversas cidades. Como eu buscava também uma forma de melhorar o nível de segurança nos barracões por câmeras, fui conhecer a solução dele e trouxe a ideia para cá”, contou Domingos.

Até o momento são 60 câmeras em funcionamento, colocadas em “dupla”, uma em cada direção de algumas vias estratégicas. Segundo o empresário, desde a implantação, foram registrados 15 crimes, entre os quais o roubo ao Banco do Brasil, em dezembro passado, no qual os criminosos se passaram por agentes da Polícia Federal para assaltar a agência bancária.

Na época, câmeras instaladas em alguns pontos registraram a movimentação de dois veículos, com oito homens, no bairro. Outro caso foi o assalto a uma pedestre, também em dezembro, quando o criminoso puxou a vítima pelos cabelos e roubou o celular dela. “As câmeras ajudam efetivamente a polícia a solucionar os crimes. O trabalho para reduzir a criminalidade somente funciona se for em conjunto: vítima, sociedade e as Forças de Segurança Pública. Se a vítima denuncia e a sociedade ajuda, com o que tem de informações, a polícia consegue chegar aos autores e punílos”, defendeu.

O projeto teve início com comércios do bairro, mas a intenção é a de expandir para as residências e envolver o bairro todo. Para implantar as câmeras existentes, o empresário mapeou a região e definiu alguns pontos como “chaves”. As imagens são armazenadas em nuvem e podem ficar por até três dias. Quem adere ao projeto, recebe o aplicativo, que pode ser acessado via celular ou computador, para ter acesso às imagens. O sistema oferece uma linha do tempo, de modo que o usuário possa salvar o vídeo que deseja. “Com essas câmeras, a expectativa é a de reduzir criminalidade em 40%”, avalia Domingos.

Como o projeto é particular, ele tem um custo de R$ 39,90 mensal. Domingos é o representante da Camerite em Campinas. Pelo projeto, a empresa leva o sistema de monitoramento (a tecnologia com câmeras e a manutenção) e a empresa ou morador recebe as imagens.

Nos locais onde é colocado o par de câmeras há a necessidade de se ter energia elétrica e internet 24horas. “O lado bom deste projeto é que a população fique de olho nas imagens. Quanto maior o número de pessoas olhando o que acontece, mais fácil é para pegar um crime em ação. Quando alguém visualizar, liga para a polícia ou guarda municipal e avisa”, frisou.

Segundo Domingos, para fechar Campinas são necessárias 20 mil câmeras de vigilância. “A intenção é envolver a Secretaria Municipal de Segurança, pois o Camerite é diferente do que existe na cidade”, frisou.

Monitora Campinas reúne 520 equipamentos 

Em Campinas, a Secretaria Municipal de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública dispõe do Monitora Campinas que já conta com 520 câmeras de vigilância de parceiros da iniciativa privada que aderiram ao programa após o primeiro ano de implantação e superou a meta de 500 equipamentos que eram previstos na época do lançamento do programa, em dezembro de 2021. Além destas, existem outras 500 câmeras próprias da Central Integrada de Monitoramento de Campinas (Cimcamp), totalizando 1020 equipamentos de vigilância em todas as regiões da cidade. “As câmeras dos parceiros beneficiam 10.039 residências em Campinas em 31 bairros atendidos pelo programa”, frisou a Guarda Municipal (GM), em nota.

As câmeras compartilhadas são cedidas por 33 condomínios, quatro empresas prestadoras de serviços, três indústrias, dois postos de gasolina, três templos religiosos, duas escolas, um sindicato e dois shoppings. Vale ressaltar que cada parceiro pode compartilhar mais de uma câmera. Existem ainda mais 153 processos em andamento, que estão em negociação para estabelecer futuras parcerias.

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