Empresa apura denúncia levantada pelo Ministério Público
Empresa apura denúncia levantada pelo Ministério Público (Rodrigo Zanotto)
Após duas prorrogações do prazo para a conclusão da sindicância interna que apura um possível escândalo envolvendo traficantes de drogas, fiscais da companhia e parte do transporte público alternativo, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) se comprometeu a finalizar os trabalhos até sexta-feira, dia 15 de setembro. A partir de uma denúncia do Ministério Público, a sindicância da Emdec foi iniciada em 10 de julho e tinha um prazo inicial de 30 dias para apurar a suspeita de pagamento de propina por parte de traficantes a fiscais da empresa, a fim de evitar fiscalizações rigorosas em três linhas relacionadas ao serviço de transporte alternativo e vinculadas à Cooperativa Altercamp. O primeiro prazo venceu em 10 de agosto e foi posteriormente prorrogado por mais 30 dias, mas mesmo assim não resultou na conclusão das investigações. Diante disso, em 11 de setembro, a empresa estendeu o prazo por mais cinco dias. A Emdec justificou a prorrogação devido à complexidade do caso e à necessidade de cruzamento de dados levantados durante a investigação.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP de Campinas iniciou a investigação sobre o grupo criminoso em abril deste ano, após uma ação conjunta com o 1º Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep) em dezembro do ano passado, em Jaguariúna, que visava combater o tráfico naquela cidade e resultou na prisão de um traficante apontado como líder do grupo. Na ocasião, foram apreendidos R$ 306 mil em espécie em dois endereços ligados ao suspeito.
Após a prisão desse suspeito, os agentes desvendaram que a organização criminosa, que contava com pelo menos 26 membros, usava as galerias de águas pluviais como esconderijo e ponto de venda de entorpecentes. O grupo atuava principalmente na região da Vila Formosa, indo até o ponto de realizar modificações na tubulação subterrânea para criar rotas de fuga e proteção para os criminosos.
A identificação desse grupo resultou na deflagração da operação "Sumidouro". Além da Vila Formosa, o tráfico também se estendia para outras áreas, como os DICs, Tamoios e os jardins Itatiaia, Samambaia, Nova Europa, além da região de São Fernando. Na primeira fase da operação, os promotores também descobriram que o grupo usava três linhas de ônibus, incluindo uma da Vila Formosa, para lavar o dinheiro proveniente do tráfico.
O Ministério Público concluiu que essa organização criminosa lavou aproximadamente R$ 2,2 milhões com o tráfico de drogas, utilizando "laranjas" e levantando suspeitas de pagamentos indevidos. Durante a operação, mandados judiciais foram cumpridos em diversos endereços, incluindo a sede da cooperativa Altercamp. Na semana passada, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público, tornando 31 pessoas réus por suposto envolvimento no esquema de tráfico de drogas, incluindo um diretor da cooperativa.
A Emdec divulgou em nota que, desde o início do processo, tem fornecido todas as informações solicitadas para a efetiva investigação do Ministério Público (MP). Além disso, a empresa suspendeu as permissões dos três investigados desde o início da determinação judicial e tem acompanhado os desdobramentos das investigações, sempre atendendo às solicitações do MP.