Suspeito aplicava substâncias de uso veterinário para promover crescimento muscular em gado
Ampolas de anabolizantes localizadas em academia; substância apreendida foi encaminhada para análise no Instituto de Criminalística (IC) (Divulgação Polícia Civil/Campinas)
A Polícia Civil de Campinas realizou uma operação de grande importância para a saúde pública ao prender, na tarde de anteontem, um educador físico de 52 anos, professor de musculação e proprietário de uma academia. O acusado foi detido por fabricar e vender anabolizantes, uma prática ilegal que representa um risco severo à saúde coletiva. Durante a execução de mandados de busca, apreensão e prisão em três locais distintos, os agentes descobriram uma instalação clandestina de produção de drogas, onde foram apreendidas mais de mil ampolas de anabolizantes. Esse volume impressionante de substâncias ilegais destaca a gravidade e a escala do crime, sublinhando como essa prática pode colocar em perigo a vida de indivíduos que buscam melhorar seu desempenho físico de maneira ilícita e perigosa.
A operação foi conduzida por policiais da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic), após uma denúncia anônima que alertou sobre o comércio clandestino de esteroides. Essas investigações, conforme detalhado pelo delegado assistente da Dise, Fernando Sanches, tiveram início há aproximadamente um mês. Durante esse período, as investigações revelaram que o suspeito residia na Vila Padre Anchieta, em Campinas; no mesmo bairro onde mantinha sua academia de musculação. Além disso, os agentes descobriram que ele havia alugado um imóvel no Parque Residencial Francisco Lopes Iglesia, em Nova Odessa, utilizado exclusivamente para a produção ilegal de anabolizantes.
É importante destacar a descoberta de substâncias perigosas, entre elas a trembolona, um anabolizante de uso veterinário destinado a promover o apetite e o crescimento muscular em gado. Apesar de sua venda ser proibida em farmácias, seu uso ainda persiste entre atletas que buscam ganhos musculares, ignorando os riscos significativos à saúde humana. Os perigos associados ao uso humano incluem problemas cardiovasculares, distúrbios hormonais e danos irreversíveis aos órgãos internos. Durante os interrogatórios, o suspeito negou sua relação com o endereço em Nova Odessa, mas evidências materiais encontradas no local, como uma conta de serviços em seu nome, contradizem suas alegações.
Além disso, mais ampolas de anabolizantes foram localizadas na academia em Campinas. Toda a substância apreendida foi encaminhada para análise no Instituto de Criminalística (IC), em São Paulo, devido à necessidade de confirmar a presença de princípios ativos reais nos produtos apreendidos. O delegado Sanches ressaltou a magnitude da apreensão, afirmando que nunca havia encontrado tanto material desse tipo concentrado em uma única pessoa, o que evidencia ainda mais a seriedade da operação. "Na realidade a gente nem sabe ainda se tinha princípio ativo de verdade, se eram hormônios. Então por isso pedimos para ser analisado em São Paulo. Eu nunca peguei tanto deste tipo de material com uma pessoa só", disse Sanches.
Os investigadores acreditam que o suspeito não apenas produzia os anabolizantes, mas também os vendia para um grupo selecionado de clientes na região de Campinas, muito provavelmente direcionando suas atividades para academias de musculação. "Ele nega a comercialização, mas admitiu que faz uso de anabolizantes há décadas", revelou o delegado, indicando um conhecimento profundo sobre o uso dessas substâncias.
As autoridades suspeitam que esse esquema de venda ilegal está em operação há cerca de um ano. Após ser conduzido à sede da delegacia especializada, o suspeito foi autuado em flagrante por falsificar, corromper, adulterar ou alterar produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais, uma acusação grave que reflete o risco à saúde pública provocado por essas práticas.
O investigado encontrase agora à disposição da Justiça e aguardava, até então, sua audiência de custódia. De acordo com Sanches, a polícia solicitou a prisão preventiva do suspeito, medida considerada necessária para garantir o desdobramento completo das investigações. Se condenado, o suspeito poderá enfrentar uma pena de reclusão que varia de 10 a 15 anos, além de multa.
A Polícia Civil prossegue com suas diligências na tentativa de identificar outros possíveis participantes nesse esquema ilícito. O delegado fez um apelo enfático, aconselhando: "É fundamental que qualquer pessoa interessada no uso de substâncias como essas o faça somente com prescrição médica, adquirindo-as diretamente em farmácias regulamentadas e fiscalizadas, e sempre evitando o uso para fins meramente estéticos. O uso indevido dessas substâncias pode representar sérios riscos à saúde". A mensagem das autoridades é clara: a proteção da saúde pública é uma prioridade e o combate a práticas ilegais continuará de forma vigorosa.