Aposentado e desempregado foram flagrados pela PF com imagens de crianças e adolescentes
Operação Mão Protetora II foi deflagrada para reprimir crimes de abuso sexual infanto-juvenil (Divulgação PF)
Um aposentado de 58 anos, morador na Vila Castelo Branco, em Campinas, foi preso pela Polícia Federal (PF), na manhã de ontem, durante a Operação Mão Protetora II, para reprimir crimes de abuso sexual infanto-juvenil. O homem, que reside sozinho, é suspeito de também aliciar crianças na internet. Ele se passava por uma pessoa menor de idade para atrair os alvos e induzi-las a expor seus corpos. A partir de agora, os policiais federais vão apurar quantas vítimas o investigado já fez e também de onde são as crianças.
Ainda durante a ação, os agentes federais prenderam um desempregado, de 46 anos, com vasto arquivo contendo imagens de abuso sexual de adolescente e crianças. O homem é morador na Vila Industrial, em Campinas, e no momento da abordagem, segundo a delegada responsável pela operação, Estela Beraquet Costa, ele admitiu que "esperava pela visita" da PF.
Para a delegada, este investigado já tinha acesso aos conteúdos há muitos anos Já com relação ao aposentado, também será apurado há quanto tempo ele baixava ou compartilhava os arquivos, mas há suspeitas de que ele os acessava há dois ou três anos.
No total, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em Campinas e um em Bragança Paulista, todos expedidos pelas 1ª e 9ª Varas Federais de Campinas. No terceiro endereço em Campinas e no de Bragança Paulista foram apreendidos apenas dispositivos eletrônicos para análise, já que os agentes não localizaram no momento da abordagem imagens ou material referente a operação.
Entretanto, com o desempregado e o aposentado os policiais federais encontraram arquivos em seus dispositivos eletrônicos que foram apreendidos - HD´s, celulares, computadores e pen-drives. "No caso do aposentado, vamos representar pela conversão da prisão em flagrante para preventiva, em razão do aliciamento", disse a delegada.
A ação foi uma continuidade da Operação Mão Protetora, cujas investigações são baseadas em apuração da própria equipe de combate ao crime de exploração sexual infanto-juvenil e também de informações recebidas de outros órgãos. "Esse é um trabalho contínuo do grupo especializado da PF. Nesse tipo de crime, é comum obtermos informações de fora vinculando a criminosos da nossa região. Nessa operação, tivemos , das quatro investigações, três foram de iniciativa própria, utilizando a inteligência da Polícia Federal com diferentes sistemas e uma investigação referente a investigações externas", explicou Estela.
De acordo com a delegada, duas das investigações internas tiveram início em 2024 e uma neste ano, juntamente a outra que veio de fora. "Elas estão vinculadas a compartilhamento de abuso sexual infantil na internet e também de possível aliciamento de crianças na internet por meio de programas de conversas e aplicativos", disse.
Segundo a delegada, o aliciamento acontecia através do aplicativo Snapchat. No geral, segundo Estela, os aliciadores usam aplicativos de redes sociais de conversa para começar a conversa com a vítima. Os criminosos se passam por uma criança ou menor ou de outro sexo e inicia um tipo de relacionamento, que induz a vítima a acreditar que está tendo um relacionamento virtual. "Hoje é muito comum a gente ver as crianças considerarem que aquela pessoa é o namorado, mesmo sem conhecer o namorado ou a namorada. E com isso, acaba fornecendo para este 'namorado' imagens com conteúdo de abuso sexual infantil", explicou Estela.
Segundo a delegada, as ações de combate ao compartilhamento de arquivos são tanto para buscar o abusador quanto resgatar as vítimas, através da identificação delas para conhecimento dos pais e da própria vítima. "A vítima é ameaçada e às vezes ela continua mandando as imagens por medo. E esse retorno nosso, das investigações e prisões, é muito importante para ela saber que foi feito alguma coisa e que ela pode estar mais tranquila, que aquela pessoa que estava entrando em contato, que poderia estar ameaçando, não fará mais", destacou Estela.
Os dois investigados presos não tinham passagem criminal. A ação tem como objetivo identificar autores e colher elementos de prova relacionados ao cometimento de crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que tratam, respectivamente, do compartilhamento e do armazenamento de material com conteúdo de abuso sexual infantil. A pena máxima somada para esses delitos pode chegar a 13 anos de reclusão.
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