ATENÇÃO É TUDO!

Distração faz a ocasião do furto em grandes centros comerciais

Delegados de Polícia orientam as pessoas a se manterem alertas, principalmente em locais movimentados

Alenita Ramirez/ [email protected]
02/07/2022 às 10:04.
Atualizado em 02/07/2022 às 10:04
Nesta semana, um treinamento inédito da PM foi realizado no Campinas Shopping, simulando uma situação de violência envolvendo vítimas (Kamá Ribeiro)

Nesta semana, um treinamento inédito da PM foi realizado no Campinas Shopping, simulando uma situação de violência envolvendo vítimas (Kamá Ribeiro)

Embora não haja estatística oficiais, é comum ouvir relatos de pessoas sobre furtos de objetos no interior de shoppings, aeroportos, terminais rodoviários e supermercados, assim como abordagens de criminosos logo após a saída desses estabelecimentos. Dicas de prevenção e segurança no combate a crimes inesperados em locais de grande movimentação é o tema da última reportagem sobre como os shoppings podem se proteger e aos seus clientes contra os ataques da criminalidade. 

A distração das vítimas, seja com o celular ou em conversas, é a principal circunstância para a ocorrência de um crime em espaços públicos fechados, monitorados por câmaras e com vigilância. Isso se deve, segundo a polícia, ao fato das pessoas tenderem a ficar relaxadas, por se sentirem protegidas nesses ambientes, concorrendo para que a atenção recaia sobre uma boa conversa, brincadeira com filhos ou qualquer outro fato, enquanto os pertences acabam ficando em segundo plano.

“Uma das preocupações da polícia e da segurança privada é com praça de alimentação, por apresentar maior vulnerabilidade. Por ser um espaço de lazer, as pessoas negligenciam e reduzem a vigilância sobre os objetos. E é aí que acontece as ações de pessoas mal-intencionadas”, comentou o delegado divisionário da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), Oswaldo Diez Júnior, que foi delegado por cinco anos da Delegacia de Polícia de Atendimento ao Turista (Deatur), no Aeroporto Internacional de Viracopos. 

Celular no bolso traseiro da calça, ficando exposto a outras pessoas, bolsa aberta ou em encosto de cadeira para guardar lugar, são pequenos descuidos que acabam chamando a atenção do ladrão oportunista, aquele que não levanta qualquer suspeita e se aproveita das distrações. “Existe o criminoso habitual e o ocasional. Via de regra, o habitual vira ocasional quando há distração”, comentou o chefe de Comunicação Social do 8º Batalhão da Polícia Militar do Interior-2 (BPMI), capitão Leonardo Ozanich. 

Apesar de ser rara a incidência de crime violento em shoppings e aeroportos na região, os furtos nestes locais costumam acontecer em menor escala, segundo Diez Júnior. “Além da praça de alimentação, também pode acontecer nos grandes magazines, em períodos de liquidações, quando há muita aglomeração. Os bandidos oportunistas esperam a ocasião para furtar. Eles ficam atentos e, quando veem uma pessoa distraída com bolsa aberta, por exemplo, ou a carteira, celular, sobre o balcão de caixas, eles vão e pegam.

Diez Júnior ressalta que a incidência desse tipo de crime em shoppings e aeroportos é menor do que em outros locais públicos, mas frisa que é uma realidade. “O bandido sabe que em shoppings e aeroportos existe um monitoramento muito grande, com câmaras de alta resolução, e que ele pode ser identificado. Então, ele pensa duas vezes para agir. Mas, às vezes, acontece”, frisou.

O delegado pontua que as épocas de maior movimento em shoppings, aeroportos e terminais rodoviários são os finais de ano e datas comemorativas, como Dias dos Pais, Mães, Criança e Namorados. “O monitoramento nesses locais dificulta a ação criminosa, mas, ainda assim,precisa haver atenção e cuidado.”

Há cerca de 10 anos, o advogado Marcos Perez, foi seguido ao deixar o estacionamento de um shopping em Campinas. Ele tinha acabado de sair do cinema, por volta das 23h. Perez contou que não observou nada de estranho até passar pela cancela do estacionamento. “Percebi que o veículo à minha frente, com quatro homens dentro, reduziu a velocidade. E os passageiros detrás, passaram a olhar em direção ao meu carro. Estranhei e decidi dar ré e pedir ajuda ao segurança”, contou Perez. 

Há dois meses, uma advogada de 53 anos foi atacada por criminosos quando acessavam a Rod. D. Pedro I. Na época, a mulher e a filha, de 15 anos, haviam acabado de sair do cinema de um shopping da cidade. Elas foram levadas para um cativeiro e os criminosos exigiram o resgate de R$ 30 mil. 

A polícia descobriu e na ação de resgate das vítimas, trocou tiros com os bandidos, e um deles morreu. “A subnotificação de um crime gera uma falsa estatística. Sem registros, não há como a polícia direcionar policiamento para um determinado local. É importante que as vítimas façam o relato e o registro na Polícia Civil ou no 190 da Polícia Militar”, recomendou o capitão Ozanich. 

“As pessoas precisam fazer um exercício diário e redobrar a atenção. Não é porque ela está em um local fechado - seja em um shopping ou condomínio - que deve relaxar. É preciso focar na segurança pessoal. Prestar atenção em quem está a sua volta e, quando se sentir seguido, voltar a um ambiente seguro e pedir ajuda”, orientou o capitão. 

Os shoppings de Campinas foram procurados para comentar se costumam registrar e comunicar as Forças de Segurança sobre as ocorrências criminosas internas e se representantes dos centros comerciais participam de reuniões mensais com os Conselhos Municipais de Segurança (Conseg). 

Até às 17h de ontem, apenas o Campinas Shopping informou, por meio de nota, que o shopping “investe sistematicamente em segurança e que mantém uma relação constante e próxima com a Polícia, como no caso do treinamento realizado esta semana, seguindo todos os protocolos e recomendação das autoridades”.

O Shopping Bandeiras informou que não se pronunciaria por uma questão de estratégia.

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