LAVAGEM DE DINHEIRO

DIG desmantela esquema de rifa on-line de carros de luxo

Influenciador digital de 24 anos e seu pai, um PM afastado, são os principais alvos da operação

Alenita Ramirez/ [email protected]
10/10/2023 às 09:53.
Atualizado em 10/10/2023 às 09:53
Carros de luxo apreendidos no âmbito da operação Hermes, desencadeada pela Polícia Civil, contra um esquema de lavagem de dinheiro (Divulgação/ DIG)

Carros de luxo apreendidos no âmbito da operação Hermes, desencadeada pela Polícia Civil, contra um esquema de lavagem de dinheiro (Divulgação/ DIG)

Agentes da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Campinas desmantelaram um esquema de lavagem de dinheiro através de rifas online de carros de luxo. A operação, denominada "Hermes" - uma referência à mitologia grega e ao deus protetor dos praticantes de jogos de azar - foi conduzida por policiais sob a liderança do delegado Luiz Fernando Dias de Oliveira, que vinham investigando o caso por aproximadamente quatro meses. Na manhã de segunda-feira (9), três mandados de busca e apreensão foram executados em residências localizadas no Swiss Park e Cambuí, em Campinas, além de outra em Monte Mor. A ação resultou na apreensão de pelo menos 14 veículos de alto valor, incluindo um Porsche.

Os principais alvos da operação eram um influenciador digital de 24 anos e seu pai, um policial militar afastado de suas funções. Embora ainda estejam sob investigação, a Justiça já ordenou o bloqueio de valores em contas correntes e redes sociais pertencentes a eles. O delegado Oliveira ressaltou a importância do monitoramento da rede social do influenciador digital durante as investigações.

A descoberta do esquema começou há quatro meses, quando os investigadores identificaram um vídeo no Instagram onde um jovem promovia um sorteio de um carro de alto valor. No entanto, as investigações conduzidas pelos delegados Oliveira e o titular da DIG, Antônio Dota Júnior, revelaram que os suspeitos haviam criado um sistema de loteria federal fraudulenta, misturando números da loteria com outros dígitos inventados por eles. "Isso nos chamou a atenção", disse Dota Júnior

O influenciador digital anunciava o sorteio nas redes sociais, vendendo rifas por valores baixos, em torno de R$ 1,70. Os organizadores do esquema anunciavam que o vencedor escolhera receber o prêmio via PIX após o sorteio. Contudo, o veículo sorteado não era efetivamente entregue ou transferido ao vencedor. Oliveira enfatizou que as investigações se concentraram nas redes sociais dos suspeitos, onde muitas pessoas expressavam dúvidas e reclamações sobre a falta de evidências claras em relação aos vencedores dos sorteios e à presença real dos veículos.

Os policiais descobriram que pouco tempo após o anúncio do vencedor e o suposto pagamento do prêmio via PIX, o carro sorteado era colocado à venda em uma concessionária no Cambuí, bairro alvo da operação, onde foram encontrados e apreendidos dez carros de luxo. "Todos esses elementos nos levaram a acreditar que essa loja de veículos automotores teria sido aberta, na verdade, para a prática da lavagem de dinheiro decorrente da contravenção penal de jogos de azar", explicou Oliveira.

Conforme destacado por Oliveira, as rifas online têm se disseminado gradualmente nas redes sociais, uma prática que não é prontamente suspensa pelas plataformas, alegando ser necessário um mandado judicial para tal. As administrações dos sites costumam se eximir de responsabilidade pelo conteúdo postado pelos usuários nas redes sociais. O delegado explicou que, embora essas práticas sejam amplamente difundidas na internet, quando não autorizadas pelo governo federal, caracterizamse como contravenção penal de jogos de azar.

Na operação "Hermes", não houve prisões, mas os alvos movimentaram pelo menos R$ 7 milhões em oito meses, segundo os delegados. Além dos dez carros encontrados na concessionária, foram apreendidos outros dois veículos, incluindo um Porsche em uma oficina mecânica, bem como outro carro de luxo sob posse de um gerente, juntamente com celulares e dispositivos eletrônicos.

A Justiça determinou a suspensão das redes sociais dos investigados, assim como o bloqueio das contas associadas a eles. Os carros apreendidos serão utilizados para compensar eventuais dívidas relacionadas a crimes fiscais ou para ressarcir os apostadores que sofreram prejuízo substancial. Apesar do crime, apenas um apostador registrou boletim de ocorrência por estelionato, sendo um advogado que desconfiou da legitimidade do sorteio. As investigações prosseguem.

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