Ela foi espancada pelo namorado e obrigada a ficar nua durante a sessão de tortura
O crime aconteceu no Jardim Ipiranga, na região da Área Cura, em Sumaré (Rodrigo Zanotto)
Uma diarista de 35 anos viveu 12 horas de terror nas mãos do namorado, de 26 anos, entre a noite de terçafeira e a madrugada de anteontem, em Sumaré. Ela e os dois filhos, de oito meses e três anos, foram mantidos em cárcere privado. Ela foi espancada e obrigada a ficar nua durante a sessão de tortura, que só terminou após ela se aproveitar de um descuido do agressor e correr para um corredor da casa e pedir ajuda aos vizinhos. Durante a fuga dela, o homem foi atrás e deu um soco no rosto dela o que fez com que o bebê caísse no chão. Ele também tentou segurar o menino mais velho para impedir que ela pedisse ajuda. O homem foi detido por policiais militares e negou a agressão.
O crime aconteceu no Jardim Ipiranga, na região da Área Cura, em Sumaré. Segundo a vítima, o homem é usuário de drogas e teria surtado após o consumo excessivo de cocaína e teria alucinado ao ver troca de mensagens dela com uma moça, que estava em busca de diarista. O agressor, identificado como o ajudante de pedreiro Renan da Silva Santos, teria achado que a moça estaria tendo um caso com a vítima.
Durante as agressões, o homem deu chutes e socos pelo corpo da diarista, puxões de cabelo e também chegou a morder o rosto da vítima. A sessão de tortura aconteceu na frente das crianças dela. Ao conseguir fugir das garras do seu algoz, a mulher conseguiu apenas pegar uma cobertinha para cobrir o bebê e tapar a parte intima. "Nunca imaginei que passaria por isso. Eu tive muito medo de aceitá-lo em casa, pois meu relacionamento anterior terminou porque o pai do meu filho me agredia. No começo, este não demonstrava agressividade e contou que tinha usado drogas no passado, mas havia se libertado do vício após se converter ", contou a diarista. "Vejo que cada vez mais não estamos mais reconhecendo as pessoas e nem enxergando que elas realmente são", completou.
A vítima e o agressor se conheceram há cerca de um ano pela internet, através de um grupo de evangélicos. De acordo com a vítima, o agressor é do estado da Paraíba e mora com amigos em São Vicente, na Região Metropolitana da Baixada Santista. Durante o namoro virtual, Santos teria se mostrado uma pessoa calma nas trocas de mensagens.
Há aproximadamente quatro meses ele se afastou do trabalho para fazer uma cirurgia e se aproveitou da licença para visitá-la, porém não quis mais retornar a sua cidade de origem. "Ele dizia que queria ficar comigo e não me deixaria mais. Como ele falou que não usava drogas, acreditei, mas há alguns dias atrás percebi que ele estava ficando com o comportamento estranho. Na terça-feira levei meus filhos para consulta médica e quando voltei o encontrei na frente de casa. Ele disse que ia beber uma cerveja e logo voltaria, mas quando voltou já estava estranho", relatou.
Foram duas vizinhas que a ajudaram. Elas chamaram a PM, que localizou o suspeito andando com pressa em uma rua do bairro. Os policiais o detiveram. Ele foi preso em flagrante por violência doméstica, tortura e ameaça. A mulher e o bebê foram levados até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Macarenko. O caso foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do município. O bebê, que caiu e bateu a cabeça no chão, sofreu uma contusão, ficou em observação, chegou a ser liberado, mas no final da tarde voltou à UPA.
Além do drama da violência, a diarista agora sofre com o fato de não ter mais onde morar. Com o caso, o dono do imóvel pediu para que ela deixasse a casa, mas ela não tem a quem recorrer. Somado a isso, ela teme pelo agressor cumprir com as ameaças, caso ele venha ser liberado pela Justiça na audiência de custódia.
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