Derrite quer ampliar ‘muralha’ para combater crime no Estado

Com base no projeto de Segurança Pública lançado por Valinhos, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, pretende criar uma “muralha Paulista” no Estado e envolver os outros 611 municípios no mesmo modelo de combate ao crime por meio do uso da tecnologia. O anúncio foi feito na quinta-feira (12) em Valinhos, quando Derrite participou da cerimônia de inauguração do Centro de Operações e Inteligência (COI) da Guarda Municipal (GM) do município e que servirá como modelo para a conexão em tempo real de 34 cidades da região. É a primeira vez que o secretário visita a Região Metropolitana de Campinas (RMC) desde a sua nomeação, no início do ano. 

“Queremos o fortalecimento das guardas e a integração das polícias. Esta iniciativa do COI de Valinhos tem de ser replicada dentro das possibilidades em cada município. E os que são menores, que o façam mediante consórcio. Aqui, os municípios estão fazendo de maneira ímpar, instalando rádios em várias centrais para ocorrências de maior gravidade, como a que nós, infelizmente, enfrentamos com o nome de crime do novo cagaço, quando os bandidos tomam a cidade como refém. Elas precisam ser comunicadas imediatamente aos municípios vizinhos”, discursou Derrite. 

O secretário fez questão de destacar que é um defensor nato da integração das Forças de Segurança e, para demonstrar que as polícias podem trabalhar juntas, mencionou que o governo colocou como delegado-geral de Polícia Artur José Dian.

“Colocando o dr. Artur como delegado-geral, enviamos recado claro de uma polícia operacional e extremamente integrada à Polícia Militar e às forças de segurança municipais. Usamos o critério técnico para a escolha dos respectivos líderes, seja na Polícia Civil, Militar ou na Técnico-Científica”, destacou o Derrite. 

Como o projeto da GM de Valinhos vem ao encontro das expectativas do secretário, com a tecnologia para combater o crime e reduzir as estatísticas, ele afirmou que vai apresentar a proposta aos prefeitos paulistas que queiram desenvolver centros de operações inteligentes. 

“Temos o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) que fica ao lado da Rota, na região central de São Paulo. E a gente percebe que é pouco aproveitado. Então, vamos usá-lo para construir a nossa ‘Muralha Paulista’”, disse. Segundo líder da Pasta, a intenção é a de utilizar as bases de dados - como o Cortex, Detecta, o Radar entre outras ferramentas inteligentes - para conectar aos municípios.

O Cortex é uma plataforma de inteligência digital integrada ao programa da esfera Federal, que reúne um imenso banco de dados de pessoas e de veículos de todos os estados brasileiros. Ele está sendo implantado pelo governador Tarcísio de Freitas, cujo convênio foi assinado recentemente junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

“Valinhos, por exemplo, conectou-se com outras 33 cidades e eu quero conectar as 645 cidades. Quero que dentro do guarda-chuva, da Muralha Paulista, que vários COI’s, como o de Valinhos, estejam integrados, possibilitando que possamos acompanhe em tempo real o que acontece em cada município”, explicou. 

Para Derrite, a criação da Muralha Paulista é importante recurso para dar solução imediata às ocorrências, direcionando equipes especializadas e reforço às mais diversas situações. “Há ocorrências nas quais o Estado precisa empregar mais esforços, como o helicóptero Águia, da Polícia Militar (PM), o Pelicano, da Polícia Civil, o GOE (Grupo de Operações Especiais) e o Gate ( Grupo de Ações Táticas Especiais de São Paulo). Mas, para isso, é preciso estar conectado. Essas excelentes iniciativas, sejam municipais ou regionais, como a daqui (Valinhos), precisam se integrar à Muralha Paulista, para que a gente acompanhe de perto tudo o que está acontecendo nas cidades”, frisou. “A nossa estratégia, que inclui o CICC, é conectar todos os municípios, de modo a podermos avaliar qual politica pública deva ser empregada de acordo com a necessidade”, acrescentou.

Muralha eletrônica

O cerco à criminalidade em Valinhos começou em agosto do ano passado, quando a prefeita Capitã Lucimara Godoy anunciou a implantação de uma “muralha eletrônica”, com o uso do sistema Cortex. Paralelamente a isso foi atualizado o sistema Sentry, já usado pelos municípios para monitoramento, além da aquisição de 986 câmeras para vigiar os prédios públicos e 16 para a entrada e saída da cidade. 

Na quinta-feira (12), foi a vez da implantação do projeto-piloto de rádio comunicador, na sede do COI de Valinhos. O equipamento será disponibilizado sem custo algum para os 20 municípios que integram a RMC e que desejem participar do programa. 

O kit, com um rádio e uma base, é cedido por uma empresa pelo período de um ano sem qualquer custo. Após esse prazo, as cidades que quiserem seguir com o projeto pagarão R$ 250 por mês pelo serviço. Indaiatuba foi a primeira que recebeu o equipamento. Pelo projeto, o novo sistema vai permitir que os municípios se comuniquem em tempo real. Até então, as bases se comunicam por meio de mensagens no WhatsApp, telefone fixo ou por grupos. 

Com o rádio comunicador, a base que estiver atendendo a um caso de emergência usará o rádio para transmitir as informações da ocorrência - como dados de placas, modelo de carro e descrição dos criminosos - para as bases regionais de forma simultânea enquanto o operador retransmitirá as informações para as equipes nas viaturas.

Mais 14 municípios 

Além das 20 cidades da RMC, o secretário municipal de Segurança Pública e Cidadania de Valinhos, Osmir Aparecido Cruz, pretende também estender a iniciativa para outros 14 municípios que contam com algum sistema de integração de segurança, entre os quais Cajamar, Osasco e Itú. 

“A parceria será muito bem vinda, porque há dois itens propósitos principais. O primeiro é o de atingir a integração das Forças de Segurança e a segunda é a questão tecnológica, que vai propiciar mais rapidez e fluidez no atendimento às ocorrências das guardas municipais envolvidas no sistema”, frisou o presidente da Associação das Guardas Municipais, Carlos Alexandre Braga.

Para o secretário de Segurança Pública de Indaiatuba, Sandro Lima, o sistema de rádio comunicador facilitará e a comunicação entre as guardas regionais. “Nossas cidades dispõem do monitoramento inteligente e este serviço veio para somar. Se um crime acontece em Indaiatuba, com o rádio, vamos passar imediatamente todas as informações às outras cidades. Isso amplia muito as chances de identificar e prender os criminosos”, destacou.