NA ROTA CAIPIRA

Delegado assume a missão de combater roubos de cargas

Oswaldo Diez Júnior, novo coordenador do Procarga, investirá em trabalho de inteligência integrado

Alenita Ramirez/ [email protected]
05/02/2023 às 10:46.
Atualizado em 05/02/2023 às 10:46
Cavalo-trator recuperado pela polícia na Rod. Anhanguera, na altura do Jd. Eulina, após o roubo do caminhão que transportava uma carga de açúcar ensacada na Régis Bittencort (Divulgação)

Cavalo-trator recuperado pela polícia na Rod. Anhanguera, na altura do Jd. Eulina, após o roubo do caminhão que transportava uma carga de açúcar ensacada na Régis Bittencort (Divulgação)

O delegado Oswaldo Diez Júnior, que estava à frente da Divisão Especial de Investigações Criminais (Deic) de Campinas, assumiu nesta semana a coordenação geral do Programa de Prevenção e Redução de Furtos, Roubos e Apropriação Indébita e Receptação de Carga (Procarga), vinculado ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Diez Júnior é delegado de classe especial e responderá pela coordenação de 69 núcleos distribuídos em todo o Estado de São Paulo. Esses núcleos estão vinculados às Deics e Delegacias de Investigações Gerais (Digs) da Capital, Litoral e Interior.

“A função do Procarga é traçar metas de políticas públicas na prevenção, redução e repreensão de furtos e roubos, apropriação indébita e receptação de carga e o nosso objetivo é o de realizar um trabalho de inteligência integrado a diversos órgãos de segurança em âmbito estadual e federal e também nos estados que fazem divisa com São Paulo, principalmente na região Sudeste, porque, frequentemente, o crime praticado nas cidades paulistas supera as barreiras do estado e vice-versa”, explicou Diez Júnior. 

O novo coordenador do Procarga pretende realizar trabalho de inteligência voltado a dados estatísticos, a fim de verificar dados como: o dos modus operandi de quadrilhas, locais de maior incidência de crimes, entre outros, visando a organizar operações policiais voltadas especificamente ao combate aos crimes de roubo, furto e receptação de carga. 

O delegado Oswaldo Diez Júnior (Divulgação)

O delegado Oswaldo Diez Júnior (Divulgação)

Para tornar realidade esse levantamento, Diez Júnior tem a proposta de buscar interação, além da própria Polícia Civil, com outros órgãos de segurança, tais como as polícias Militar, Rodoviária, Federal, Guarda Municipal, Receita Federal e Estadual, assim como sindicatos, associações e empresas. “Isso é fundamental, porque a integração é o fator-chave para o sucesso do programa, já que ela amplia a visualização da situação em todo o Estado, propiciando uma ação macro e efetiva coibir essa modalidade de crime”, enfatizou.

Em 2022, o Estado de São Paulo registrou 6.371 roubos de cargas, uma queda de pouco mais de 2% em comparação a 2021, quando foram 6.529 casos. Do montante do ano passado, 428 dos registros aconteceram na região que abrange o Departamento de Polícia Judiciária do Estado de São Paulo Interior 2 (Deinter-2). E deste total, 142 em Campinas. O roubo e furto de cargas, segundo Diez Júnior, tem três vertentes para movimentar o crime. A primeira delas é a do roubo da carga e do caminhão. Nessa modalidade as quadrilhas miram tanto a carga transportada quanto o cavalo-trator. 

Enquanto a carga pode ser vendida em pequenos comércios ou levada a outras cidades e estados, a cabine do caminhão tem como destino os desmanches clandestinos para retirada de peças, que são comercializadas no mercado paralelo, ou alteração de placas e chassi, que depois de adulterados são repassados para revendedoras de caminhões.

A segunda opção seria apenas o cavalo-trator e a carga é abandonada. Exemplo disso ocorreu na madrugada da última quarta-feira, quando o Tático Ostensivo Rodoviário (TOR) da Polícia Militar Rodoviária (PMR) de Campinas recuperou um cavalo-trator na Rodovia Anhanguera, na altura do Jardim Eulina, após ser informada do roubo de um caminhão com carga de açúcar ensacada na Rodovia Régis Bittencourt. Um homem foi preso em flagrante e ele alegou que receberia R$ 5 mil para deixar o cavalo mecânico no km 230 da rodovia. 

A carga com 49,5 toneladas de açúcar ensacada, avaliada em R$ 112,3 mil, tinha saído de Pitangueiras e seguia para Curitiba/PR. A carreta com a carga foi abandonada no acostamento da pista, em Valinhos. O tenente da PMR, Jaelson Ferreira Nobre, afirmou que o alvo era apenas a cabine. 

Na terceira vertente, apenas a carga é o alvo dos criminosos. “Só que, neste caso, por exemplo, a organização não consegue fazer o repasse da carga, por isso, abandonam a carga e ficam com o caminhão. Então, o nosso trabalho de inteligência também vai incluir os desmanches”, destacou Diez Júnior. 

Por ser de Campinas e conhecer a região, Diez Júnior garante que o Procarga dará uma atenção redobrada. “Campinas é uma cidade rica, que absorve diversas grandes empresas e indústrias e é privilegiada por uma malha viária excepcional com um aeroporto cujo movimento de cargas é o maior da América do Sul. E esse conjunto de fatores é um atrativo grande para as quadrilhas especializadas, Campinas será um dos pontos a serem estudados para futuras operações na região”, garante o coordenador. 

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