Maria Helena Taranto Joia desenvolverá ações voltadas às vítimas de violência doméstica
Maria Helena era coordenadora das delegacias de Defesa da Mulher (DDM) do Departamento de Polícia Judiciária do Estado de São Paulo 2 (Rodrigo Zanotto)
A delegada de Campinas Maria Helena Taranto Joia assumirá o cargo de assistente policial da Secretaria de Segurança Pública (SSP). A nomeação foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) no último dia 12 e ela ficará no Centro Integrado de Controle e Comando (CICC) SP Mulher. Maria Helena, que ocupava desde abril de 2021 o cargo de coordenadora das delegacias de Defesa da Mulher (DDM) do Departamento de Polícia Judiciária do Estado de São Paulo 2 (Deinter-2), assume o novo desafio nesta segunda-feira e sua função será desenvolver ações voltadas à proteção de mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica. O cargo foi criado recentemente pela Pasta.
"Estou bem esperançosa de que esse trabalho venha trazer muitos benefícios. Vou de peito aberto para poder ajudar no que eu puder e fazer um bom trabalho”, disse Maria Helena.
O CICC-SP Mulher representa os 645 municípios do estado e será responsável por desenvolver políticas públicas voltadas ao combate à violência doméstica, através do mapeamento das ocorrências registradas em todas as delegacias do estado. Com base nas estatísticas, o setor deverá criar campanhas de conscientização padronizadas para reduzir os índices criminais e melhorar o atendimento nas unidades.
Em 2022, o estado registrou 3.930 homicídios contra mulheres, independente da discriminação sobre a condição de mulher. Do montante, 62 foram feminicídios. Somente em Campinas foram registrados no período nove casos. Já em relação a crianças e adolescentes, dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania relevam que nos quatro meses de 2022, foram registradas no estado, 11 mil denúncias sobre violência sexual e 9.735 ocorrências.
“É necessário equipar cada vez mais os órgãos de atendimento à mulher e isso se consegue com um trabalho de multidisciplinaridade, que tire da invisibilidade essa questão da violência contra as mulheres e também de outras vulnerabilidades que estiverem pela frente”, frisou a delegada. “A gente sabe que o problema da violência doméstica vem do machismo estrutural, que está arraigado, cultivado na sociedade”, acrescentou.
Um dos desafios no combate à violência contra mulheres e também da questão da vulnerabilidade, segundo Maria Helena, é reduzir ainda mais as subnotificações dos casos, com um amplo trabalho de campanhas preventivas. Segundo a delegada, apesar de as vítimas estarem mais conscientes nos últimos tempos por conta da disseminação de informações, seja através de noticiários e redes sociais, ainda há muitas mulheres que têm medo de denunciar o agressor.
“A Segurança Pública vem cada vez mais se preocupando com a questão da vulnerabilidade e por isso é necessário organizar campanhas de conscientização da população. Cada um tem o seu papel para melhorar os índices de violência e é preciso se mobilizar com a integração de todos. Já existem pessoas trabalhando neste sentido e estou indo para o CICC para somar e é com muita satisfação que vou para a SSP para realizar esse trabalho, para ser útil. É um desafio e tenho muita esperança de que a situação vai sempre estar melhorando”, frisou.
Maria Helena começou sua carreira há 25 anos como delegada, cobrindo plantões na capital e após oito anos foi transferida para plantões em Campinas. Em 2011 passou a trabalhar na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) onde ficou até 2021.
Na coordenação, a delegada foi incumbida de elaborar e desenvolver projetos voltados para as DDM´s, tanto para vítimas e famílias como também para os funcionários, de 38 cidades que integram o Deinter 2. No total, são 13 especializadas distribuídas na área de abrangência, além das delegacias comuns das cidades que não contam com este tipo de unidade.
“Vou dar assistência a Polícia Civil na Secretaria de Segurança Pública para dar continuidade a essa luta que fazemos aqui na região. O importante é que lá teremos mais ferramentas para ajudar a combater a violência e vou apostando na parceria com os órgãos, pois há muita gente boa querendo trabalhar nisso”, frisou.
Como coordenadora das DDM´s, Maria Helena desenvolveu projetos voltados para brinquedoteca, melhora no atendimento das unidades, saúde policial, além de promover encontro da mulher e palestras em escolas, com projeto-piloto em Itatiba.
Entre janeiro a maio deste ano, Campinas registrou cinco casos de feminicídio. Dois dos casos, os companheiros cometeram suicídio e outros dois foram presos em flagrante. Somente um caso em que o assassino conseguiu fugir.