Equipamentos também permitirão a leitura de placas de veículos em tempo real
O número de câmeras é cinco vezes maior do que as 600 que a cidade contava em dezembro de 2020 (Alessandro Torres)
A Prefeitura de Campinas modernizará o sistema de monitoramento por câmeras de vídeo, ampliando o número de equipamentos capazes de efetuar o reconhecimento facial e a leitura de placas de veículos em tempo real. A informação foi divulgada ontem pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos), ao participar da inauguração e início das operações do Centro Integrado Metropolitano (CIM), que reunirá as Guardas Municipais (GMs) de 19 das cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Morungaba não possui GM própria. De acordo com ele, o uso da nova tecnologia visa aumentar a eficiência da segurança oferecida à população, com a licitação pública para a aquisição dos equipamentos devendo ser lançada “nas próximas semanas”, ainda sem uma data definida. Ainda não está definida também quantas novas câmeras de reconhecimento facial e leitura de placas de veículos serão adquiridas.
As câmeras com reconhecimento facial funcionam capturando a imagem de um rosto, analisando suas características únicas e as comparando com um banco de dados para identificação. Elas permitem, por exemplo, identificar um fugitivo da Justiça no meio de uma multidão. A tecnologia também permite detectar automaticamente as placas de um veículo roubado, que passa a ser monitorado para ser interceptado por um órgão de segurança pública, seja a Guarda Municipal ou Polícia Militar.
“Não se trata apenas de trocar as câmeras, mas usar a tecnologia para aumentar a segurança da população”, afirmou Dário Saadi. Atualmente, o Centro Integrado de Comando e Controle de Campinas (CICC), inaugurado em julho passado, recebe a imagens de aproximadamente 3 mil câmeras de vigilância, entre circuitos fechados de TV (CFTV), leitores de placas de veículos e de parceiros do programa Monitora Campinas. O prefeito não especificou quantas dessas câmeras possuem o recurso de reconhecimento facial.
O número é cinco vezes maior do que as 600 que a cidade contava em dezembro de 2020. As câmeras com reconhecimento facial são usadas principalmente em capitais brasileiras, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador (BA).
AÇÃO REGIONAL
O novo CIM visa ser um centro de inteligência com a troca de informações em tempo real para a definição de ações conjuntas e simultâneas das Guardas Municipais da RMC para combater a criminalidade. A criação da unidade, que funciona no CICC, foi aprovada em março, na primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana sob a presidência do prefeito Dário Saadi. “A informação é fundamental para a segurança pública, propor e realizar ações conjuntas das 20 guardas municipais ao mesmo tempo”, afirmou.
De acordo com ele, a primeira operação simultânea já está definida para ser realizada nos próximos dias, envolvendo o roubo e furto de fios de cobre, mas os detalhes foram mantidos em sigilo para garantir a eficácia da ação. A criação do CIM foi aprovada pela Câmara Técnica de Segurança da CDRMC, com as cidades criando um estatuto e assinando um compromisso para garantir a troca de informações.
A sala tem telas para monitoramento de câmeras de segurança e computadores para a troca de informações entre as cidades. “O Centro Integrado Metropolitano, sem dúvida, vai contribuir para diminuir os índices de criminalidade e aumentar a sensação de segurança”, afirmou o secretário municipal de Segurança Pública de Campinas, Christiano Biggi Dias. A sala de monitoramento tem estrutura para receber representantes de todas as GMs, mas o trabalho também poderá ser feito online.
De acordo com Saadi, o novo centro irá se somar ao trabalho da Muralha Digital paulista, que já integra as polícias Civil, Militar e Guardas Municipais, mas com foco voltado para a RMC. Entre os crimes a serem analisados pelo CIM para a definição de ações estão também roubo e furto de veículos, desmanches, receptação e furto a estabelecimentos comerciais. “O Centro Integrado Metropolitano vem somar a essas ações de segurança da região metropolitana. A Muralha Paulista é uma ação importantíssima e a discussão de outras ações e a troca de informações das guardas municipais pode ajudar bastante”, defendeu Dário Saadi.
OUTROS TRABALHOS
O novo centro também promoverá a troca de informações com as esferas estadual e nacional das forças de segurança, inclusive a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A coordenação do CIM ficará com a cidade de Vinhedo; a vice-coordenação com Paulínia. Campinas integra a diretoria, com a 1ª secretaria; Santo Antônio de Posse ocupa a 2ª secretaria e, Itatiba, a 3ª.
“Não dá para você enfrentar essa situação de violência que a gente vive se você não somar o esforço de um patrulhamento mais presente, mais ostensivo, mas também tecnologia”, justificou o prefeito. Segundo ele, a criação do centro não exigiu investimento das prefeituras, sendo utilizada a estrutura da área de segurança do CICC. O Centro Integrado de Comando e Controle de Campinas conecta também as áreas de saúde, transporte e trânsito locais para agilizar respostas às situações de urgência e emergência.
A criação do CIM ocorre em um momento em que as Guardas Municipais ampliam a atuação na segurança pública. Segundo balanço da Secretaria de Segurança Pública de Campinas, a GM local atendeu 70.351 ocorrências no ano passado, resultando em 900 prisões, sendo 312 de pessoas foragidas da Justiça. No combate ao tráfico de drogas, as ações levaram à apreensão de quase 58 quilos de entorpecentes e de R$ 120,8 mil em espécie. A Guarda também retirou de circulação 21 armas de fogo irregulares e recuperou 278 veículos roubados ou furtados. No âmbito da proteção às mulheres, o Programa Guarda Amigo da Mulher prestou 5.145 atendimentos a assistidas vítimas de violência doméstica e que possuem medidas protetivas em vigor.
INTEGRAÇÃO
Nos últimos dois meses, está sendo ampliada a troca de experiência e a integração das cidades da RMC em várias áreas. No âmbito do Conselho de Desenvolvimento, por exemplo, foi conseguido o apoio de 16 das 20 cidades da região para a criação de um consórcio metropolitano para cuidar da destinação final do lixo e reduzir os custos para as prefeituras. A regionalização do serviço está sendo conduzida pelo governo do Estado. Antes da proposta ser debatida em reunião do CDRMC, oito municípios haviam aderido a proposta.
Também foi aprovada no Conselho de Desenvolvimento a instalação em todos os municípios de bases de apoio da Defesa Civil para facilitar a atuação de uma força-tarefa conjunta entre as cidades. Uma das primeiras ações nessa área será a instalação de um reservatório de água com capacidade para 100 mil litros no Parque Pico das Cabras, em Campinas, para dar suporte a combate a incêndios florestais. Essa área de preservação engoba ainda outras quatro cidades: Itatiba, Morungaba, Valinhos e Pedreira.
O projeto de implantação das microflorestas urbanas, que está sendo executado em Campinas, também foi aprovado pelos demais municípios da RMC. A proposta faz parte do Programa de Monitoramento para Enfrentamentos dos Extremos Climáticos. Para o presidente do CDRMC, o programa de microflorestas é uma maneira inteligente de enfrentar as mudanças climáticas. “Nós temos ilhas de calor em Campinas com temperaturas em torno de cinco a seis graus mais altas em relação a outras áreas, isso exige que a gente trabalhe a questão ambiental com inteligência. A microfloresta é uma intervenção de baixo custo que pode ser adotada nas demais cidades da RMC”, afirmou.
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