Suspeito foi detido por receptação; localização ocorreu em menos de 24 horas depois do furto do arsenal
Crime virou polêmica, já que a empresa especializada em segurança deveria garantir a salvaguarda do seu arsenal (Gustavo Tilio)
As armas roubadas na empresa Map Serviços de Segurança provavelmente ainda estão em Campinas e a tendência é a de que elas sejam “pulverizadas” no mundo do crime, segundo avaliação da Polícia Civil. Na noite de quarta-feira (14), policiais civis do 2º Distrito Policial (DP) apreenderam uma das armas roubadas da empresa, um revólver calibre 38. A localização dela se deu menos de 24 horas depois do furto. Um comerciante de 32 anos foi preso pela receptação da arma. A reportagem apurou que o homem alegou que a havia comprado de uma pessoa desconhecida.
Os policiais chegaram ao suspeito mediante informações de que haveria a comercialização de armas na região do Parque Oziel. De posse dos dados, uma equipe da delegacia, com apoio da Polícia Militar (PM) e do Grupo de Ações Especiais (GOE), foi ao local e descobriu o paradeiro de uma das armas, encontrada no guarda-roupa do quarto do comerciante.
O revólver integra um lote de 20 armas do mesmo calibre roubado na madrugada de quarta-feira (14) da empresa, que fica às margens da Rodovia Santos Dumont, no Parque das Bandeiras II, em Campinas.
Além de revólveres, os criminosos também levaram 24 armas calibre 12, dez de calibre 380, 17 coletes à prova de balas e cerca de 1,7 mil munições – 500 unidades de 38; 400 de .380 e .800 de .12.
Ainda não se sabe quantos bandidos invadiram o local e furtaram o arsenal. Para entrarem na empresa, a quadrilha arrombou um portão de ferro na lateral e depois outras três portas no interior do barracão. Chegaram a abrir um buraco em uma das paredes. Um alicate de corte gigante foi encontrado no local.
O crime virou polêmica entre policiais e especialistas em segurança, já que a empresa, por ser especializada em segurança privada, deveria ter ao menos um segurança presencial e respeitar uma série de regras e normas orientadas pela Polícia Federal (PF).
Em nota, o chefe da comissão de vistoria de segurança privada da PF, identificado apenas como Severo, informou que a empresa está devidamente registrada na Polícia Federal e dispõe do certificado de segurança válido, revelando, com isso, que ela cumpriu os requisitos exigidos, dentre os quais “vigilância eletrônica, sala de armas em alvenaria com porta de ferro e fechadura especial”. “A empresa deve apresentar em 10 dias os procedimentos apuratórios internos, além do inquérito da Polícia Civil para efeitos criminais. Se for constatada alguma negligência, a empresa será multada pela Polícia Federal”, frisou Severo.
Apesar de não apresentar estatísticas, o chefe da comissão de vistoria da PF informou que os roubos de armas ocorrem com frequência em alguns períodos, sem detalhar o que acontece com as empresas-vítimas. Apesar da apreensão de um revólver por agentes do 2º DP, delegacia responsável pela área onde fica a empresa, o furto também é investigado pela Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic). De acordo com o chefe de investigação da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG), ligada a Deic, Marcelo Hayashi, as investigações prevalecem para esclarecer o crime.
O Correio vem tentando entrar em contato com a empresa que presta serviço de segurança e escolta armada desde o dia do crime, por e-mail e telefone, na matriz e filial em São Paulo, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno.
Imagens registradas por câmeras de vigilância na rua onde ocorreu o crime mostram dois homens, com blusa de frio, caminhando por diversas vezes na calçada da rua, por volta da 0h15.
Para o especialista em segurança pública, Adalberto Santos, o crime chama a atenção devido ao fato de que o local deveria ser provido de um planejamento e equipamentos de segurança elevados, tais como alarme e material humano bem treinado. “O que mais surpreende é a modalidade do crime: um furto. Se fosse roubo a mão armada seria um outro cenário, mas, considerando-se um furto, realmente preocupa o quanto essa empresa estava despreparada para manter sob sua guarda um volume tão grande de armamentos quanto se apresenta nos noticiários”, disse Santos.