Duas mulheres - uma comerciante e uma funcionária - foram detidas durante fiscalização ontem
Agentes da Emdec distribuíram folhetos aos motociclistas durante ação de conscientização sobre os riscos do cerol (Ricardo Lima)
Uma comerciante e uma funcionária de outra loja foram detidas e 50 carretéis de linhas com cerol apreendidos, anteontem, durante uma operação de fiscalização da Guarda Municipal (GM) em estabelecimentos que comercializam materiais para pipas nas regiões Sul e Oeste de Campinas. Em dois locais foram encontradas linhas com cerol. De acordo com a corporação, os carretéis eram de diversos tamanhos e a maioria novos, na embalagem original de fábrica. Foram fiscalizados sete estabelecimentos. A ação foi em conjunto com a Secretaria de Planejamento e Urbanismo.
Os proprietários das lojas foram conduzidos ao plantão do 1º Distrito Policial (DP). A comerciante foi enquadrada no artigo 278 do Código Penal, que dispõe sobre a venda de produtos nocivos à saúde, com pena de prisão de um a três anos e mais multa.
O outro proprietário foi levado à 2ª Delegacia Seccional. Ambos foram liberados e vão responder ao crime em liberdade. O material ficou apreendido. Segundo a GM, no comércio da mulher, na Vila Vitória, foram localizados 12 carretéis pequenos e dois grandes.
Conscientização
Ontem de manhã, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) realizou a Campanha 3R's (Respeite, Repense e Reduza), que visa a conscientizar motociclistas a usarem antena nas motos. A ação foi realizada na Avenida John Boyd Dunlop, no Balão do Londres, onde é desenvolvida a Campanha JBD: Morte Zero. Foram abordados 100 motociclistas, que receberam panfletos de orientação e foram entregues 41 antenas.
A ação teve início às 10h, com previsão de finalizar ao meio-dia, mas a distribuição durou uma hora. A campanha é realizada desde novembro do ano passado e até o momento, segundo a Emdec, ao menos 1.050 antenas foram distribuídas. “Eu não usava antenas, mas depois da morte do motociclista, fiquei muito preocupado. Ando muito de moto”, contou o técnico em enfermagem, Clayton Marcelino.
A fiscalização nas lojas e a ação de prevenção (apesar de já existir) aconteceram dois dias depois que um homem de 51 anos morreu ao ter o pescoço cortado por uma linha de pipa com cerol.
O acidente aconteceu na Av. John Boyd Dunlop, na região do Shopping Unimart. A vítima estava sozinha e seguia no sentido bairro/Centro. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a Polícia Militar (PM) foram acionados, mas o motociclista morreu ainda no local. A pipa foi encontrada enroscada em um poste, presa em meios a fios. Nenhum responsável foi identificado até o momento.
Mistura mortal
O uso de cerol em linhas de pipa, mistura feita com cola e cacos de vidro moído, é proibido no Estado de São Paulo desde 1998, sendo atualmente também vedado pela Lei Estadual 17.2021/2019 – última atualização.
O texto prevê multa no valor de 50 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesps) para quem for flagrado manuseando o produto, valor equivalente a R$ 1.598,50, e de 5 mil Ufesps para estabelecimentos que comercializarem R$ 159.850,00.
Em Campinas, existe o programa “Disque Campinas Sem Cerol”, desde 2020, com a finalidade de estimular a utilização do Disque Denúncia, pelo 153, da GM, para denunciar a comercialização e o uso de qualquer material cortante em linhas ou fios usados para empinar pipas, em conformidade ao disposto na Lei nº 13.466, de 12 de novembro de 2008. A denúncia pode ser feita de forma anônima.
Essa lei, que criou o programa, incentiva ainda que a Secretaria Municipal de Segurança Pública realize campanha de esclarecimento à população, a fim de informá-la da importância do serviço de denúncia, ressaltando a preservação da identidade do denunciante.