NA MARGINAL TIETÊ

‘Célula’ de quadrilha que furta cargas de O Boticário é detida

Trio estava transportando produtos levados horas antes de um depósito na Vila Itapura, em Campinas

Alenita Ramirez/ [email protected]
01/02/2023 às 09:46.
Atualizado em 01/02/2023 às 09:46
Na operação “Comboio do Furto”, os agente realizaram campana (Polícia Civil/Deic-SP)

Na operação “Comboio do Furto”, os agente realizaram campana (Polícia Civil/Deic-SP)

Policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da capital identificaram e prenderam, na madrugada de segunda-feira (30), uma “célula” de uma quadrilha especializada em furtos de produtos da marca O Boticário, com reflexo, inclusive, na região de Campinas. A operação, denominada como “Comboio do Furto”, aconteceu durante a campana de agentes na pista expressa da Marginal Tietê, na Zona Norte de São Paulo. Os criminosos estavam com uma carga avaliada em cerca de R$ 1,5 milhão, furtada horas antes de um depósito na Vila Itapura, em Campinas. Três suspeitos, dois deles com passagem pelo mesmo crime, foram presos em flagrante. Um furgão Fiat Doblò prata e uma van Renault Master, que eram usadas nas ações, também produtos de crime, foram recuperadas. 

A ação dos policiais ocorreu por volta das 2h30. A quadrilha vinha sendo monitorada pela 3ª Divisão Sobre Crimes Contra o Patrimônio (Disccpat) desde o começo deste mês, quando um representante da rede registrou queixa de furto em uma unidade em Sorocaba. 

Na época, a vítima apresentou imagens da ação, que apontaram a participação do furgão Fiat Doblò. Os criminosos levaram cerca de R$ 1 milhão em produtos daquela unidade. “Quando o dono da empresa nos procurou, prometemos que tentaríamos esclarecer o caso, embora as imagens cedidas não estivessem boas. Começamos com um trabalho de formiguinha, através de sistemas de monitoramento das cidades. Descobrimos a participação de outros veículos, mas o grupo é bem organizado e os criminosos trocam de carro e placas em cada crime planejado”, contou a delegada responsável pela investigação, Ana Lúcia Miranda. 

O furto em Sorocaba aconteceu no começo de janeiro. No dia 25 de janeiro, a quadrilha também atacou uma unidade da marca na cidade de Colombo(PR). Este mês, fizeram uma tentativa em uma loja em Jundiaí. 

Segundo a delegada, os criminosos agem contra a rede da marca desde o 2° semestre do ano passado, em diversos municípios e estados. “Eles usam o mesmo modus operandi e, em Jundiaí, a ação foi frustrada porque o alarme disparou. No entanto, o representante descobriu sobre a tentativa de furto ontem (segunda-feira).”

No caso de Jundiaí, representantes do local não registraram boletim de ocorrência por imaginar que tudo se tratava de uma queda de energia rotineira. 

A delegada ainda não sabe quantificar o total de envolvidos na quadrilha, mas ela contou que, pela maneira de agir em Campinas, percebe-se a participação de ao menos mais um integrante como “eletricista”, cuja tarefa é a de ir um dia antes ao local alvo e corta a rede elétrica para evitar que os alarmes disparem e a ação seja filmada. 

Na sequência, os bandidos colocam algum objeto na porta ou janela, supostamente uma fita ou algo que deixe rastro, para testar se o prédio mantém o monitoramento e se ocorreu mesmo a queda de energia. 

Com a constatação de que o corte de energia não levantou suspeitas e de que ninguém da empresa foi ao local, eles, então, entram em ação para furtar. “A quadrilha costuma agir aos finais de semana, no período noturno. A energia elétrica é cortada quando não há mais ninguém na empresa e a região está com pouco movimento. O ‘eletricista’ finge ser técnico de empresa de telefonia para não levantar suspeitas e mexer no poste com tranquilidade, cortando o fio”, detalhou a delegada.

No caso de Campinas, a ação começou no final da tarde do sábado. O depósito fica em um prédio na Av. Imperatriz Leopoldina, que abriga outros dois estabelecimentos, um em cada lado - um deles voltado para área de saúde e uma loja de festas. 

O funcionamento do depósito encerrou por volta das 13h. Somente a loja de festas funcionou até às 17h. A luz foi cortada no final do dia e os funcionários da loja de festas até perceberam, mas acreditaram que se tratava de uma queda rotineira da energia elétrica e foram embora. 

Os criminosos usaram esta loja para invadir o depósito da marca O Boticário, que fica ao lado. “Como o alarme não disparou, a luz não foi restabelecida nem apareceu ninguém da empresa no local. Os bandidos chegaram na noite do domingo, arrombaram a loja de festas, abriram um buraco na parede do depósito na marca e fizeram o furto”, relatou a delegada. 

O crime foi percebido apenas na manhã de segunda-feira, com a chegada dos funcionários. Da loja de festas, os bandidos levaram impressora, máquinas de cartão de débito e celulares que estavam nas gavetas. A carga foi colocada nos dois veículos apreendidos. 

Os policiais que já monitoravam a Dobló tiveram informações da movimentação dela e se posicionaram na pista expressa da marginal Tietê, junto à ponte da Vila Maria, e de ruas próximas e por volta das 2h30 avistaram o “comboio do furto”. Segundo os agentes, a “abordagem aconteceu de maneira precisa evitando qualquer possibilidade de fuga”. 

Os carros apresentavam queixas de furto e roubo. A Master foi levada de uma família, em Juquitiba (SP), enquanto o Doblò, da na Zona Leste Paulista. Os criminosos, com idades entre 25 e 30 anos, são da Zona Sul da capital. Segundo a delegada, as investigações seguem para identificar os demais integrantes e os receptadores da carga. Os três suspeitos foram presos em flagrante por furto qualificado, associação criminosa, receptação e adulteração de sinal identificador de veículo. 

Em nota, a franqueadora da marca O Boticário confirmou o crime em um dos pontos de venda da marca em Campinas. "A empresa esclarece que, conforme apurado com seu franqueado, a Polícia Militar foi acionada imediatamente, comparecendo ao local para iniciar as investigações. Não houve feridos e a marca segue à disposição das autoridades para auxiliar", citou.

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