Caseiro põe chumbinho no prato da mulher e do sogro ao descobrir que ela fez um BO contra ele
Os pontinhos pretos na comida se parecem com grãos de pimenta do reino, mas na verdade são chumbinho (Divulgação)
Um rumoroso caso de separação matrimonial, que se iniciou em uma pequena cidade do sul de Minas Gerais, culminou em tragédia em Campinas. Um caseiro, de 60 anos, é o principal suspeito de envenenar a mulher, de 60 anos, e o sogro, de 78 anos, na tarde da última quarta-feira, no bairro Satélite Íris 1, para onde a esposa se mudou após a separação. Casados há 40 anos, tudo começou há oito meses, com a descoberta de uma suposta traição do marido, que acabou motivando a dissolução de corpos da união por iniciativa da companheira traída. Por vingança passional, o marido passou a exigir que a esposa pagasse do próprio bolso as custas processuais do advogado caso desejasse mesmo divorciar-se dele.
Durante esse tempo, agressões por parte do marido levaram a mulher a fazer um boletim de ocorrência por violência doméstica contra ele. Ao descobrir a atitude dela de formalizar a denúncia na delegacia contra ele, o caseiro decidiu partir para a vingança definitiva. O crime aconteceu na tarde da última quarta-feira e as vítimas estão internadas no Hospital PUC-Campinas, sendo que ela está em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o pai, na enfermaria. O veneno foi colocado na comida em horário em que as vítimas estavam em uma unidade médica. A tentativa de feminicídio e homicídio é investigada na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), que pediu a prisão do acusado, mas até o final da tarde de sexta-feira (5) ele ainda não havia sido localizado.
De acordo com uma amiga e vizinha da vítima, o casal viveu junto por cerca de 40 anos e dessa união surgiu quatro filhos - três homens e uma mulher. Ela era caseira e vivia com o marido em um sítio na cidade de Botelhos, no Sul de Minas Gerais. Com a separação de corpos, ela passou a morar com os pais dela, em Campinas. Dois dos filhos moram na mesma região e a filha em Muzambinho (MG).
Segundo uma vizinha, as vítimas tinham ido pela manhã ao centro de saúde, onde ela recebe acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), por conta de uma depressão. "Logo cedinho, ele veio aí na casa dela e houve uma discussão. Ela ainda estava deitada. Ele saiu e então ela foi com o pai no Caps. Acreditamos que foi neste período que ele voltou e colocou veneno na comida, que já estava pronta", contou uma amiga, cujo nome foi preservado. "A gente acredita que ele tinha a chave da casa, pois ele veio no período que ela não estava na casa e retirou com um guincho a van deles que estavam no quintal", acrescentou um amigo, cujo nome foi preservado.
Pelo registro policial, no dia 24 de abril a mulher fez queixa de violência doméstica contra o ex-marido. Na manhã da última quarta-feira, logo após a invasão dele na casa dos pais dela, a mulher também fez um boletim de ocorrência de ameaças e pediu a representação da queixa, já que o caseiro teria descoberto a primeira denúncia e a ameaçado de morte. Ambos os registros foram feitos no 11º Distrito Policial (DP), que responde pela área onde ela mora.
Segundo os amigos, quando a mulher chegou em casa com o pai, esquentaram a comida e foram almoçar. O pai teria dado algumas colheradas e reclamou para a filha que o alimento estava com sabor diferente e ruim e colocou a comida para o gatinho. A mulher teria comido apenas linguiça e salada. Após a refeição, a vítima seguiu até a casa da amiga, na mesma rua, e acabou ingerindo refrigerante.
"Enquanto ela conversava, o pai ligou dizendo que estava passando mal. Ela voltou para casa para ver o pai e descobriu que o gato tinha morrido após comer a comida. O pai dela tinha bebido leite para passar o mal-estar e acabou vomitando e acho que foi isso que ajudou ele a jogar o veneno para fora e não ficar tão mal. Já ela, como tinha tomado refrigerante, isso deve ter feito outro efeito, levado o veneno mais rápido para o sangue, sei lá", falou o amigo.
Ainda segundo este amigo, o veneno era perceptível na comida, mas como as vítimas supostamente têm baixa visão, não notaram a presença do "chumbinho", que no alimento podia ser confundido com pimenta do reino moída. As vítimas ainda conseguiram levar parte do alimento como amostra para o hospital.
As vítimas foram levadas para o Hospital PUC-Campinas onde seguem internadas. O caso passou a ser investigado pela 2ª DDM e sexta-feira de manhã, após tomarem conhecimento do envenenamento, investigadores foram até a casa das vítimas para coletar provas. Ninguém ainda tinha notícia do suspeito.