NO PARQUE BANDEIRA II

Caso de furto de arsenal reforça a relevância de segurança presencial

Especialista destaca que lei que rege exigências de armazenamento de armas é antiga, de 1983

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
17/12/2022 às 15:39.
Atualizado em 17/12/2022 às 15:39

Viaturas e agentes de segurança pública em frente ao portão da empresa, por onde entraram os criminosos (Gustavo Tilio)

Apesar de a legislação brasileira dispensar a vigilância física presencial 24 horas em empresas que armazenam armas, a diretora da Escola Paulista de Formação e Especialização de Vigilantes, Deuci Fátima Soares, destacou que o que prevalece é o plano de segurança que contemple não apenas investimentos em tecnologia como também em recursos humanos. “A Polícia Federal segue a legislação, que é de 1983, ou seja, tem quase 40 anos. Quando ela foi criada, não havia tantas empresas, indústrias e condomínios. É preciso um novo olhar para a segurança pública. A lei é antiga e a PF não é responsável por ela, apenas realiza a fiscalização. Cabe a cada empresa criar o seu plano de segurança, visando a garantir a proteção do seu patrimônio”, enfatizou a diretora.

Pelas regras da PF, uma empresa de vigilância não precisa manter um vigilante presencial para guardar as armas, entretanto, deve cumprir alguns requisitos, entre os quais o dos sócios, administradores, diretores e gerentes das corporações não ter condenação criminal; dispor de no mínimo 15 vigilantes habilitados; contar com instalação físicas adequadas - comprovadas mediantes certificado de segurança, observando-se alguns itens, como local seguro e adequado para a guarda de armas e munições (construído em alvenaria, sob laje, com único acesso, com porta de ferro ou de madeira reforçada com grade de ferro, dotada de fechadura especial, além de sistema de combate a incêndio nas proximidades da porta de acesso), vigilância patrimonial ou equipamento elétrico, eletrônicos ou de filmagens, funcionando ininterruptamente.

Nesta semana, bandidos invadiram a empresa Map Serviços de Segurança e furtaram um lote de 20 armas de calibre 38, 24 de calibre 12, dez de calibre 380, 17 coletes à prova de balas e cerca de 1,7 mil munições – de 500 de 38; 400 de .380 e 800 de .12.

A empresa fica às margens da Rodovia Santos Dumont, no Parque das Bandeiras 2, em Campinas. No momento do crime, não havia vigilantes no local. O prédio tinha monitoramento eletrônico, mas os criminosos quebraram os equipamentos.

Eles acessaram o local onde estavam o arsenal depois de estourar os cadeados de um portão que dá para a rua e três portas internas, espécie de grades. Diversas munições ficaram espalhadas no local, além de caixas de plásticos. “O plano de segurança deve prever investimento em segurança presencial. Não adiante a empresa instalar apenas o sistema de monitoramento”, frisou. “Acho que esta é a oportunidade de se mudar a lei que rege isso. Há 10 anos lutamos para que o Congresso aprove o estatuto”, emendou.

Na noite do mesmo dia em que houve o roubo, policiais civis do 2º Distrito Policial (DP) apreenderam um revólver calibre 38, 24 horas depois do furto. Um comerciante de 32 anos foi preso por receptação. Os policiais chegaram a ele por meio de denúncias sobre uma comercialização de armas na região do Parque Oziel. Uma equipe da delegacia, com apoio da Polícia Militar e do Grupo de Ações Especiais (GOE), foi ao local e descobriu o paradeiro de uma das armas, no guarda-roupa do comerciante.

O crime virou polêmica entre policiais e especialistas em segurança, já que, a empresa, justamente por ser de segurança privada, deveria ter segurança presencial e respeitar uma série de regras e normas ditadas PF.

Contudo, o chefe da comissão de vistoria de segurança privada da PF informou que a empresa está devidamente registrada e com o certificado de segurança válido, revelando que ela cumpriu os requisitos exigidos, dentre eles, “vigilância eletrônica, sala de armas em alvenaria com porta de ferro e fechadura especial”.

A empresa deve apresentar em dez dias os procedimentos apuratórios internos, além do inquérito da Polícia Civil para efeitos criminais. Se for constatada alguma negligência, ela será multada.

O Correio procurou a empresa desde o dia do crime, por e-mail e telefone, na matriz e filial em São Paulo, mas não houve retorno.

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