TERROR

Casal de pit bulls foge, percorre cinco bairros e ataca ao menos nove pessoas em Jaguariúna

Cães ferozes escaparam deixando um rastro de sangue e dor na madrugada durante sete horas Uma mulher foi detida pela

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
02/06/2023 às 09:52.
Atualizado em 02/06/2023 às 09:52

Após o ataque contra nove pessoas, os pit bulls foram recolhidos e colocados sob custódia do Centro de Zoonoses e à disposição da Justiça (Reprodução)

Um casal de pit bulls causou pânico e deixou um rastro de dor e muito sangue durante a noite de quarta-feira (31) e a madrugada de quinta-feira (1º) em Jaguariúna. Em um período de aproximadamente sete horas, os animais percorreram cinco bairros e atacaram pelo menos nove pessoas, sendo três mulheres, deixando duas delas em estado grave. A noite de fúria teve início quando os cachorros escaparam de sua casa no bairro João Aldo Nassif, por volta das 22h, e só terminou por volta das 6h, quando uma equipe da Guarda Municipal (GM), com a ajuda do tutor dos cães, conseguiu localizá-los na passarela que liga o bairro João Aldo Nassif ao Cruzeiro do Sul. Os pit bulls foram recolhidos e colocados na viatura, ficando à disposição da Justiça e sob os cuidados do Centro de Zoonoses. O tutor, um jovem de 22 anos, foi preso por omissão na cautela de animais e dolo eventual.

"Assim que ficamos sabendo que havia várias vítimas, iniciamos a busca pelos animais, pois nossa principal preocupação era o horário escolar e precisávamos encontrá-los antes que as crianças saíssem para a escola", relatou o inspetor da GM, Jozafar Gonçalves. As vítimas foram encaminhadas para o Hospital Municipal Walter Ferrari, enquanto uma delas foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Segundo uma copeira de 45 anos, cujo nome foi preservado e que é mãe do tutor dos cães, os animais estavam brincando no quintal quando teriam se esbarrado na trinca do portão, que se abriu, permitindo que eles fugissem para a rua. Ainda de acordo com ela, assim que a família percebeu que os cães haviam escapado, começaram a procurá-los pelo bairro, mas não conseguiram localizá-los. 

A primeira vítima teria sido atacada próximo à residência dos tutores e estava em estado grave. A reportagem não conseguiu localizar familiares dessa vítima para relatar como foi o ataque. Outra vítima foi atacada nas proximidades de uma farmácia popular. Por volta da 1h30, os animais atacaram um técnico em química de 37 anos, que estava voltando do trabalho. A vítima foi surpreendida pelas costas enquanto abria o portão para entrar na propriedade onde mora, no bairro João Aldo Nassif.

"Ouvimos latidos, mas pensamos que eram os cachorros dos vizinhos. Pouco tempo depois, o segurança de uma empresa próxima à nossa casa ligou para o meu pai e avisou que havia dois cachorros agressivos atacando alguém da minha família. Meu pai correu até o portão e viu os cachorros mordendo meu esposo", relatou Camila Stoppa, dona de casa de 34 anos. De acordo com Gonçalves, a Guarda Municipal foi acionada por volta da meia-noite para responder a um ataque a um homem no mesmo bairro onde os animais viviam. Ao chegarem ao local, a vítima já estava sendo atendida pela ambulância, cujos atendentes informaram que havia mais vítimas já no hospital.

"Encontramos os cachorros perto de uma praça, mas perdemos de vista devido à densa neblina. Continuamos a busca e, em determinado momento, encontramos o proprietário dos cachorros, que estava procurando por eles", contou o inspetor da Guarda Municipal. A busca dos agentes durou cinco horas. Durante esse período, os cães atacaram outros moradores. A cozinheira Maria Aparecida Araújo, de 50 anos, relatou que estava encerrando o turno, por volta das 5h15, quando seu filho de 14 anos ligou avisando que seu marido, um oficial predial de 42 anos, havia sido atacado pelos dois animais. "Foi um susto. Ainda estou em estado de choque. Deveria ter sido meu filho, pois ele sempre sai antes do pai. Como ele foi ao banheiro, meu marido saiu primeiro", contou a mulher.

O ataque ocorreu no bairro Rinaldi 2. Segundo relatos, o oficial predial Demétrio Ribeiro da Silva foi atacado depois de fechar o portão. Ele estava de costas e chegou a ter suas calças rasgadas e foi arrastado pelos cachorros. "Não sei como ele conseguiu escapar. Meu marido está todo mordido, menos o rosto", disse Maria, destacando que o estado de saúde do marido era grave e ele estava na UPA. De acordo com Gonçalves, Apolo, de três anos, e Bona, de dois anos e meio, atacavam qualquer pessoa que encontrassem na rua. "A forma dos ataques demonstra um comportamento de caça. Enquanto um chegava de frente para a vítima, o outro atacava pela lateral. A maioria das vítimas foi atacada nos braços e nas pernas", explicou o inspetor da Guarda Municipal. Durante o período de frenesi raivoso e agressivo dos animais, foram feitas dezenas de ligações para a Polícia Militar, Guarda Municipal e ambulâncias.

A estudante Pietra Carvalho, de 15 anos, estava caminhando com sua mãe, a operadora de produção Daniela Carvalho, de 45 anos, quando foram cercadas pelos cachorros. Daniela estava acompanhando Pietra até o ponto de ônibus, pois a adolescente estava indo para a escola. O ataque ocorreu às 5h50, pouco antes dos animais serem localizados. "Eles vieram na nossa direção. Havia muita neblina e não os vimos. Quando ouvimos os rosnados, minha mãe se colocou na minha frente para me proteger e eles avançaram em seu braço. Me senti impotente, minha mãe enfrentou os cachorros para me salvar", contou a estudante. Sua mãe foi levada de ambulância para o hospital, onde permanecia internada, sem risco de vida.

"Me sinto a pior pessoa do mundo. Peço desculpas e não tenho palavras para falar agora", lamentou a copeira. Segundo ela, os cachorros foram adotados quando ainda eram filhotes e convivem com crianças no quintal. Ela também afirmou que essa teria sido a segunda vez que eles escaparam, mas nunca tinham atacado pessoas antes. A Guarda Municipal informou que essa foi a quarta vez que receberam relatos sobre esses animais, que são considerados agressivos. O delegado Erivan Vera Cruz explicou que solicitou a prisão em flagrante do tutor devido a outros registros de negligência na guarda dos animais e ao número de vítimas que os cães causaram.

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