A vigilante Sandra Regina Mercadante possuia medida protetiva contra o companheiro
Crime foi cometido na casa de Sandra, localizada na Vila Lourdes, região do Jardim São José (Rodrigo Zanotto)
Campinas registrou na tarde de anteontem o primeiro feminicídio do ano. Em 2024, a cidade teve oito casos de assassinato contra a mulher, cometido por ex-companheiros - em uma das ocorrências uma menina foi assassinada pelo amigo do irmão. No primeiro caso de 2025, a vigilante Sandra Regina Mercadante, de 49 anos, foi executada com dez golpes de faca e o corpo foi achado pela irmã e um amigo da irmã, após a empresa avisar que ela não tinha aparecido para trabalhar.
Sandra morava há cinco anos com um rapaz quase 20 anos mais jovem e tinha medida protetiva contra ele, mas não era acompanhada pelo Programa Guarda Amigo da Mulher (Gama) de Campinas, uma vez que não pediu cadastro.
O corpo de Sandra foi encontrado por volta das 11h30 pela irmã dela que foi avisada por telefone pela empresa onde a vigilante trabalhava que ela não tinha comparecido ao trabalho.
A vítima prestava serviço para uma empresa de segurança terceirizada da Sanasa e atuava em um dos postos de atendimento na cidade e mesmo local onde o suspeito também presta serviço como vigilante.
A irmã mora em outro bairro com um amigo e assim que foram avisados da falta de Sandra ao trabalho foram até a casa da vítima, na Rua Ernando Keller, na Vila Lourdes, região do Jardim São José.
A moradia da vítima faz parte de um conjunto de casas geminadas dentro de um mesmo terreno. Ela e o companheiro moravam em dois cômodos no fundo do quintal. De acordo com relatos da irmã e do amigo às autoridades, o casal tinha um histórico conturbado, com idas e vindas e brigas, inclusive agressão, o que a levou a pedir medida protetiva em 2023. "A irmã disse que encontrou o portão social fechado com uma corrente e como ela chamou por várias vezes e não foi atendida, ela e o amigo decidiram arrombar e entrar no local para ver o que tinha acontecido", contou o guarda municipal Renato Teixeira de Lima.
O expediente de trabalho de Sandra seria das 6h da manhã às 18h da tarde. Já do companheiro dela teria sido das 18h da noite do domingo até às 6h da manhã de segunda-feira. Segundo a polícia apurou, ele não compareceu no trabalho.
A vigilante foi vista pela última vez por vizinhos por volta das 16h do domingo, quando saiu na rua para pegar algumas caixas de papelão que estavam na calçada da casa. Após esse horário ninguém mais a viu. "Quando a irmã e o amigo entraram no quintal, a porta da casa da vítima estava aberta e roupas, mas muitas roupas espalhadas no quarto, dando a impressão de que alguém estava querendo sair. A vítima estava de bruços no chão, com as mãos no pescoço. A irmã disse que virou o corpo dela para ver se estava viva e então ligou para nós, da Guarda Municipal, contou Lima.
O corpo de Sandra apresentava cortes nas costas (cinco), no ombro (dois), região do seio (um) e pescoço (dois). O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e constatou a morte da vigilante. A Polícia Técnica Científica também foi acionada juntamente com policiais civis da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).