Polícia Civil abriu inquéritos para investigar dois casos no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
A Unicamp informou que repudia qualquer forma de intimidação, difamação ou violência contra sua comunidade acadêmica (Video Redes Sociais)
A Polícia Civil abriu inquéritos para investigar duas ocorrências envolvendo um vereador da Câmara Municipal de Campinas e um grupo com cerca de seis manifestantes de um coletivo de direita e alunos do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, na semana passada. Em um dos casos, o vereador Vinícius De Oliveira Sandoval, conhecido como Vini (Cidadania) fez um boletim de ocorrência de lesão corporal alegando ter sido atacado por estudantes quando chegou ao Instituto para conversar com alunos sobre supostas pichações e depredações do local, no dia 24 de março. Três dias depois, uma nova confusão foi registrada no mesmo espaço, tendo como supostas vítimas um estudante do curso de Ciência Política e um professor, que foi resgatado por seguranças da Universidade. Os casos são investigados como lesão corporal contra o vereador e lesão corporal e injúria, respectivamente, contra os manifestantes de direita, no 7˚ Distrito Policial (DP).
Em nota, a Unicamp informou que repudia qualquer forma de intimidação, difamação ou violência contra sua comunidade acadêmica. "Nos dias 24 e 27 de março de 2025, o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) foi alvo de ataques políticos que comprometeram a segurança de seus professores, estudantes e funcionários. Esses episódios envolveram a gravação de vídeos irregulares, a publicação de conteúdos distorcidos nas redes sociais, a interrupção de aulas e a agressão a membros da comunidade acadêmica. Os ataques ao IFCH não são um ato isolado e constituem um ataque a toda a Universidade", mencionou a universidade em nota.
Também por meio de nota, o vereador Vini nega qualquer acusação e garante que foi no instituto apenas para mostrar as pichações e questionar os alunos sobre a depredação do patrimônio público. "Eles (alunos) invertem todas as coisas, dizendo que eu agredi alunos e um professor, mas é mentira. Gostaria que eles mostrassem isso", disse o parlamentar.
De acordo com uma das lideranças dos estudantes que teria sido agredida no segundo episódio, Gabriel De Souza Moura, a invasão do grupo do político no Instituto se deu na semana em que está ocorrendo uma mobilização estudantil pela implementação de cotas para pessoas trans na Unicamp.
Segundo o estudante, a partir da ação do vereador teria atraído o grupo mais violento que agrediu professores e alunos no dia 27 de março. "Nosso Instituto tem espaços com murais dedicados a minorias sociais, como os indígenas, os negros e a comunidade LGBT e ele (vereador) quis expor e difamar o IFCH, dizendo que o local está depredado, sujo e que os alunos não estudam", disse Moura.
Na época, o vereador chamou a Polícia Militar e registrou boletim de ocorrência no 7º Distrito Policial (DP) de lesão corporal. Na noite da quinta-feira, um grupo, aparentemente formado formado por seis pessoas, teria voltado ao local e novamente provocado uma situação de conflito com estudantes e professores.
À polícia, os manifestantes negaram as acusações e afirmaram que foram ao local apenas para registrar imagens das instalações da Unicamp devido a denúncias de que existiam pichações de cunho políticoideológico, no momento em que vários alunos se juntaram e iniciaram uma confusão. Durante o ato, eles afirmam que também foram agredidos fisicamente com um chute na perna esquerda, empurrões e cusparadas.
No caso do vereador Vini, a direção do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas encaminhou ofício à Câmara Municipal para que sejam tomadas providências com relação ao comportamento do parlamentar.
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