EQUIPAMENTO ESPECIAL

Bombeiros terão viaturas de resgate adaptadas para PCDs

Grupamento de Campinas vai ser o primeiro da corporação no Estado a contar com os veículos

Alenita Ramirez/[email protected]
15/04/2025 às 13:38.
Atualizado em 15/04/2025 às 13:38
Kit terá abafador para barulho, cordão para identificar o autista, lenço umedecido e prancheta de comunicação alternativa (Rodrigo Zanotto)

Kit terá abafador para barulho, cordão para identificar o autista, lenço umedecido e prancheta de comunicação alternativa (Rodrigo Zanotto)

O Corpo de Bombeiros de Campinas vai ser o primeiro grupamento da corporação no Estado de São Paulo a contar com viaturas de resgate adaptadas para o atendimento a pessoas com deficiência (PCD). Os veículos oficiais terão Kits destinados às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), outras deficiências invisíveis e de mobilidade. Além disso, também haverá um adesivo na porta, indicando o atendimento humanizado. O projeto piloto faz parte da especialização da Polícia Militar (PM) no Estado de inclusão social. 

Os agentes do Corpo de Bombeiro já oferecem esse atendimento inclusivo, segundo o comandante do 7º Grupamento do Bombeiro (GB) em Campinas, tenente-coronel Kleber Moura de Oliveira, mas ontem agentes da base na região central da cidade, entre homens e mulheres, passaram por treinamento de um dia para aprimorar as técnicas necessárias de atendimento. O curso também será levado para as outras bases de Campinas. A previsão é que dia 22 deste mês as viaturas, que também fazem o atendimento geral da população, passem a sair para ocorrências já equipadas. Na edição de domingo, o Correio Popular publicou reportagem sobre formação semelhante oferecida aos agentes das forças policiais. 

O kit contará com abafador para barulho, no caso de TEA, cordão para identificar o autista, lenço umedecido, prancheta de comunicação (com sinais) alternativa e cores de bengalas para deficientes visuais - neste caso são três cores: verde para cego parcial, vermelho e branco para cegosurdo, e branca para o cego total). O adesivo na porta terá a fita com os três símbolos usados para representar o PCD: o laço para TEA, no centro o símbolo ícone internacional de acessibilidade, conhecido como "Accessible Icon Project" e o de cadeirante. "Campinas foi escolhida para ser a primeira cidade no Estado porque conta com o posto que mais atende ocorrências no interior. Temos aqui uma população, além de ser uma cidade muito grande com mais de 1,2 milhão de habitantes, com uma certa deficiência que nós fazemos atendimento. Além disso, temos dentro da corporação agentes com experiência pessoal e eles propagam o atendimento emergencial", disse Moura. 

O curso foi ministrado por um representante da Secretaria da Pessoa com Deficiência e pela sargento Daiane Magalhães Barbosa, do Comando do Corpo de Bombeiros na Capital. Segundo ela, o treinamento visa mais uma sensibilização ao tema escolhido para este, que é o voltado ao TEA. Este aprimoramento ao atendimento operacional já acontece há dois anos e cada ano é trabalhado um tipo de deficiência. "Temos pessoas especializadas em libras, gente com experiências de vida, que ajudam a montar os cursos. Optamos por trabalhar o TEA neste curso porque está aumentando o número de diagnóstico. Para ter ideia, mais ou menos 5% das ocorrências envolvem pessoas com deficiência. Então é muito representativo para a gente, é um número bem alto em relação a todas as ocorrências que o corpo de bombeiros atende e que precisa de um olhar mais inclusivo, mais adaptado, mais voltado ali para aquele atendimento daquela deficiência em si", disse a sargento. "Aqui para os Bombeiros as políticas públicas para atendimento e para inclusão, são únicas e elas são específicas para cada deficiência", enfatizou.

Segundo o comandante do Corpo de Bombeiro do Interior 1 (CBI-1), coronel Diogenes Martins Munhoz, o aprimoramento dos bombeiros no atendimento inclusivo busca expandir técnicas atualizadas para os profissionais. O objetivo, segundo ele, é ampliar o conhecimento de expressões usadas pelo PCD como, por exemplo, entender melhor a diferença do cego e do deficiente visual. Se o termo surdo mudo esta correto, entre outros. "Essa humanização, este acolhimento, essa inclusão, o Corpo de Bombeiros já faz em todo o estado de São Paulo. Agora a gente busca essa parte mais técnica. O que a gente está implantando aqui em Campinas, pela primeira vez no Estado. Esse projeto piloto que nasce aqui, na Estação de Bombeiros do Centro, é emblemático porque é uma das estações mais antigas do Corpo de Bombeiros, de todo o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo", destacou Munhoz. 

O coronel Leonardo Isipon, coordenador estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs), que sugeriu a especialização das policiais militares no estado também participou do treinamento ontem. Ele destacou que até dezembro deste ano a PM terá no Programa Ronda Escolar 22 viaturas adaptas para o atendimento PCD. "No ano passado saiu uma resolução conjunta da Secretaria de Segurança Pública, da Educação e da Pessoa com Deficiência, a criação de um grupo de trabalho para implementar o projeto da Ronda Escolar PCD. Hoje os policiais que atuam na Ronda Escolar está preparada para o atendimento de ocorrência de pessoas com deficiência e já estamos adquirindo viaturas adaptadas para a condução de pessoas com mobilidade reduzida", enfatizou o coronel.

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