FLAGRANTE

Barracão abrigava depósito clandestino de remédios

Mais de 150 toneladas de medicamentos irregulares foram apreendidos pela Polícia

Alenita Ramirez/[email protected]
10/01/2025 às 10:55.
Atualizado em 10/01/2025 às 10:57
Suspeita é de que o local era usado para armazenamento e manipulação dos produtos (Alessandro Torres)

Suspeita é de que o local era usado para armazenamento e manipulação dos produtos (Alessandro Torres)

A Polícia Civil encontrou na manhã de ontem, em Campinas, um barracão que funcionava como fábrica e depósito clandestino de medicamentos com destinação humana, entre os quais azitromicina, um antibiótico usado no tratamento de várias infecções bacterianas e o captopril, para pressão arterial, insumos animais e suplementos alimentar com datas de validade vencidas. Além disso, no local também havia produtos tóxicos, cancerígenos e corrosivos empilhados em prateleiras ou amontoados no chão. Mais de 150 toneladas de produtos foram apreendidas. A suspeita dos policiais é a de que os remédios eram manipulados no local e a data de validade remarcada. A ação contou com uma força tarefa que envolveu a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e Companhia Ambiental do estado de São Paulo (Cetesb). O caso é apurado pelo 11º Distrito Policial (DP).

O local fazia parte de um complexo com mais três barracões legalizados, localizados na Avenida Agenor Topinel, no Jardim Garcia, nas proximidades do Córrego Piçarrão e foi encontrado pelos agentes após investigações iniciadas há aproximadamente 15 dias e baseadas em denúncias.

O depósito funcionava há aproximadamente um ano e no momento da abordagem policial havia apenas dois funcionários que afirmaram estar trabalhando no local havia pouco tempo e foram detidos. O dono do local estaria de férias com a família no Nordeste e já foi identificado. O barracão é o mesmo em que há pelo menos dois anos funcionava um ferro-velho.

O material apreendido estava em caixas, sacos plásticos, galões de plásticos e caixas acrílicas grandes, em líquido e pó. Na parte externa do barracão, no espaço de passagem de pessoas, havia algumas caixas empilhada em paletes com um produto cancerígeno, segundo a indicação, que não poderiam estar no local. O barracão tem cerca de dois mil metros quadrados. Espalhado no chão, em alguns locais, havia sílica, um produto que pode causar alergia.

Os remédios para uso humano estavam embalados junto com os de uso animal. Também havia diversos sacos plásticos com remédios em cápsulas. Nos fundos do barracão e exposto ao sol havia garrafas de ácido sulfúrico e nítrico, além de cápsulas de remédios soltas.

Nos fundos do barracão havia um cômodo usado supostamente para fazer a lavagem de garrafas, embalagem e a troca de etiquetas vencidas. "Havia insumos verdadeiros que eram misturados com insumos falsos, ou seja, eles manipulavam a fórmula. E outra coisa, ali não é um laboratório. Eles não têm autorização para envazar medicamento e nem para ter insumo médico", disse o delegado responsável pelo caso, Sandro Jonasson.

No cômodo dos fundos também foi encontrada uma etiquetadora. Segundo o delegado foi constatado que os suplementos alimentares como o whey protein eram adulterados. "Ou eles falsificavam ou adulteravam", enfatizou o delegado.

De acordo com Jonasson, o material será direcionado para descarte. "Existe também o vislumbre da prática de crime ambiental com descarte regular de produtos químicos em um córrego que é um afluente do Piçarrão. Então o trabalho envolve uma força tarefa, já que há riscos e também é preciso fazer as devidas apurações administrativas", enfatizou o delegado.

Segundo Jonassan, as investigações prosseguem no intuito de localizar para quem esses medicamentos, alimentos, produtos químicos eram revendidos e se havia conivência dos reais fornecedores, ou seja, das indústrias que realmente produziam esse material com essas falsificações. "Achamos vários rótulos e embalagens que denotam que tem procedência crível, ou seja, que vieram das indústrias que realmente fabricavam esses produtos. O mais grave é a falsificação de medicamentos, antibióticos, calmantes", explicou o delegado.

Os policiais também vão investigar se há ligação com roubo de cargas, já que foram localizados dois tanques plásticos de mil litros cada com um produto líquido destinado a alimentação animal com data de validade de 2029.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por