Criminoso que participou da onda de ataques do PCC de 2006 estava foragido há quase 20 anos
Os agentes do Baep encontraram uma pistola Glock G17 9mm, carregadores, munições e outros objetos (Divulgação/ BAEP)
Uma operação conjunta realizada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP) e pelo 1º Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep), ambos sediados em Campinas, resultou na captura e prisão em flagrante, na manhã de quarta-feira (7), em Valinhos, de Jackson Oliveira Santos, um homem de 44 anos, conhecido como "Dako". Ele era investigado por participar dos ataques contra forças de segurança do Estado de São Paulo em maio de 2006, orquestrados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Santos, que se apresentou como entregador de um aplicativo de uma rede de alimentação, estava foragido do sistema penitenciário desde 2005 e foi detido em sua residência de luxo no condomínio Vale Verde.
Durante a busca no imóvel, os agentes do Baep encontraram uma pistola Glock G17 calibre 9mm, quatro carregadores, 64 munições CBC intactas calibre 9mm, bem como acessórios de pontaria, lunetas, roupas de camuflagem e outros objetos. O capitão da PM, Alexandre Antunes Ribeiro, informou que o suspeito era procurado por tráfico de drogas e possuía envolvimento em diversos crimes ultraviolentos, incluindo homicídios, roubos e ataques a bancos nas cidades de Araçatuba (SP) e Confresa (MT). A prisão ocorreu enquanto Santos dormia, durante o cumprimento de dois mandados de prisão e um de busca e apreensão na Operação "Caminus". Ribeiro acrescentou que o indivíduo não ofereceu resistência e foi autuado em flagrante por porte ilegal de armas de fogo e posse de documentos falsos.
"Dado o perfil combativo e a alta periculosidade do alvo, que, segundo as investigações, já cometeu homicídios e atacou forças policiais, foi necessário realizar uma entrada completamente dinâmica, de forma muito rápida. Conseguimos rendê-lo ainda na cama, sem dar tempo para reação", relatou o capitão.
Apesar de se qualificar como entregador, Dako reside em uma residência de elevado padrão, com piscina, onde compartilha moradia com sua esposa. Os policiais não conseguiram determinar se a casa pertence a ele ou se é alugada, mas sua localização foi identificada por meio de investigações conduzidas pelo Setor de Inteligência do Baep. Dako foi conduzido à Delegacia de Valinhos, onde a ocorrência foi oficialmente registrada.
FUGA
Condenado a 12 anos de prisão por tráfico, Dako estava cumprindo sua sentença na penitenciária de Casa Branca. Em 2005, quando fugiu, já havia completado nove anos de pena e usufruía do benefício de saída temporária, o qual não respeitou ao não retornar na data estipulada. Segundo informações do Capitão Antunes, o suspeito está sob investigação por parte do Gaeco, Polícia Federal (PF), além das polícias do Mato Grosso e de Minas Gerais.
Um dos assaltos a banco, no qual Dako é supostamente envolvido, ocorreu em Araçatuba, no ano de 2021. Na ocasião, um grupo criminoso com mais de 20 membros atacou três agências bancárias na cidade, utilizando várias pessoas como escudo humano e instaurando o terror na localidade por cerca de duas horas.
Além dos ataques a bancos, o indivíduo também é apontado como um dos criminosos que atacou bases das polícias e da Guarda Municipal (GM) na região de Campinas em 2006. Os ataques tiveram início na noite de 12 de maio daquele ano, uma sexta-feira, e não apenas visaram agentes policiais, mas também civis. Embora tenham se estendido para outros estados, realizados por diferentes grupos criminosos, em todo o Estado de São Paulo, 564 pessoas foram mortas e 110 ficaram feridas entre 12 e 21 de maio de 2006. Dentre as vítimas, 505 eram civis e 59 eram agentes públicos.
Os ataques foram desencadeados em resposta à decisão da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) de transferir 765 presos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Essa medida foi tomada após interceptações telefônicas revelarem planos de facções criminosas para rebeliões no Dia das Mães daquele ano. Entre os detentos a serem transferidos estava Marcos Willians Herbas Camacho, o "Marcola", considerado líder do PCC. Em retaliação, o grupo criminoso organizou rebeliões em 74 penitenciárias paulistas. Na madrugada de 12 de maio, agentes de segurança pública, viaturas, delegacias de polícia, cadeias e edifícios públicos tornaram-se alvos de ataques por parte dos criminosos.
Durante esse período, 90 ônibus foram incendiados, sendo 51 em São Paulo e os demais na região do ABC, Osasco e Campinas. As ações incluíram ataques contra delegacias, corpo de bombeiros, agências bancárias e envolveram o uso de granadas, bombas caseiras e metralhadoras.