Total de presos no Centro, nos últimos meses, equivale a 50% de todas as detenções registradas pelo 8ª BPMI
Contingente de policiais será reforçado na área central no período que compreende os eventos da Copa do Mundo, Black Friday e as festas de final de ano: Natal e também révellion (Rodrigo Zanotto)
O número de pessoas presas em flagrante pela Polícia Militar (PM) na região central de Campinas, entre agosto e outubro deste ano, equivale a quase a metade do total de detidos em toda a área de abrangência do 8º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPMI). O balanço foi apresentado pelo batalhão, após a ocorrência de ataques cometidos por pessoas em situação de rua contra pedestres e também de uma série de roubos e furtos à rede de lojas de conveniência Oxxo - todos nos últimos quatro meses.
A própria polícia admite o aumento de crimes na região central, mas enfatiza que ações são desenvolvidas em conjunto com outras corporações, a fim de coibir a criminalidade que, na maior parte das ocorrências envolve pessoas em situação de rua e dependentes de entorpecentes.
De acordo com as estatísticas, nos três meses mencionados, 141 suspeitos foram presos na região de abrangência do batalhão. Desse montante, 67 deles foram detidos na região central da cidade, representando 47,5% das prisões – vale ressaltar que foram registrados 56 flagrantes, mas, em alguns casos, mais de uma pessoa foi detida, por isso, o número maior de presos.
O 8º BPMI atende 156 bairros, distribuídos em quatro companhias: 1ª Cia. que fica no bairro Cambuí (9), 2ª Cia. no bairro Santa Genebra (41), 3ª Cia., em Barão Geraldo (46) e 4ª Cia. que fica em Paulínia (60).
Pelas estatísticas, o número de atendimentos gerais na região central, em comparação a outras regiões de abrangência do 8º BPMI, também é maior. Nos três meses, foram realizadas 17,5 mil abordagens, das quais 8.503 foram no Centro. O total de veículos abordados também é significativo: dos três mil fiscalizados, 1.275 circulavam nas vias da área central. Devido a esse grande fluxo, a corporação direcionou 113 das 4.238 ações desencadeadas para o combate ao crime na área do Centro.
“Se analisarmos a quantidade de pessoas e de flagrantes na região central, perceberemos que o Centro demanda uma operação maior por parte da polícia e essas ações vêm sendo realizadas. Porém, não basta apenas às iniciativas da polícia, porque a cada dia percebemos o crescimento de crimes envolvendo os moradores em situação de rua. Visualmente, observamos que essa população está aumentando nas ruas do Centro”, comentou o coordenador de operações do 8°BPMI, capitão Hercílio Costa.
No domingo passado, o Correio Popular publicou reportagem sobre os ataques cometidos por essa população em situação de rua na região central de Campinas, que se agravaram nos últimos três meses, com tentativas de homicídios a pedestres, inclusive a agentes de segurança pública.
Em uma semana de novembro, foram dois ataques violentos a duas mulheres, cujos autores, moradores em situação de rua, aparentavam estar em surto psicótico. Nos dois casos, os agressores usaram facas.
Em um deles, a vítima caminhava pelo Calçadão da Rua 13 de Maio quando um homem alterado a golpeou com uma faca enferrujada no braço e nas costas. O agressou alegou que viu a vítima e sentiu vontade de esfaqueá-la, como forma de protesto, não se importando se o resultado fosse a morte dela.
A outra vítima, uma jovem, foi abordada quando trabalhava em uma loja de roupas de festas na Rua José Paulino. O acusado queria o celular dela e a esfaqueou na mão. No primeiro caso, o suspeito foi detido por PMs. No segundo, o agressor fugiu. Em setembro, um guarda municipal foi ferido na cabeça e perdeu temporariamente a memória depois de ter sido agredido por um homem em situação de rua, de 40 anos, que usou uma cadeira para golpeá-lo.
O GM realizava uma abordagem na Rua Costa Aguiar e ele foi atacado pelas costas. O suspeito gritava que queria matar todos os agentes. Como a cadeira quebrou com o golpe dado na vítima, o homem pegou uma das tábuas que se soltaram e bateu contra a cabeça do agente, fugindo do local em seguida.
O coordenador Setorial de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade (População em Situação de Rua), William Azevedo de Souza, garante que o município desenvolve, constantemente, ações junto à população em situação de rua e credita os casos recentes de violência registrados à proximidade com o final de ano e também ao clima tenso das eleições, que interferiu no cotidiano das pessoas de forma geral.
Paralelamente aos ataques, também foram registrados vários furtos e roubos às unidades da rede Oxxo, que funcionavam 24 horas. Em uma das ações, um PM foi baleado na perna e um comerciante, no pé, por um bandido em fuga que invadiu uma loja da rede.
Na última quarta-feira, a 1ª Cia. do 8º Batalhão, responsável pela área central, deflagrou a “Operação Centro Seguro”, que visa a coibir roubos, furtos e outros crimes na região neste período em que acontece a Copa do Mundo e a Black Friday.
A ação se estenderá até o final do mês e envolve o policiamento de área, cavalaria, Rocam, Força Tática e o 1º Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep). O trabalho ocorrerá diariamente, com intensificação no período da tarde, em especial no fechamento das lojas. “Nessa época do ano, aumenta o fluxo de pessoas na região e também de mercadorias, como TVs e camisetas da Copa, por exemplo”, comentou o comandante da 1ª Cia. da PM, capitão Wesley Pablo Schimabucoro. A abertura da Copa Mundial acontece hoje, com telão no Largo do Rosário. O Brasil joga no dia 24 contra a Sévia, às 16h.