LAVAGEM DE DINHEIRO

Assalto cinematográfico tem mais 3 autores identificados

Agora são oito os suspeitos investigados pela PF no caso do roubo de US$ 5 milhões em Viracopos

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
07/06/2023 às 09:08.
Atualizado em 07/06/2023 às 09:08

Agente da Polícia Federal vasculha imóvel durante execução de mandado de busca e apreensão (Divulgação/ PF)

A Polícia Federal (PF) descobriu a participação de mais três indivíduos no esquema de lavagem dos US$ 5 milhões roubados no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, no dia 4 de março de 2018. Com a inclusão desses indivíduos, o número de suspeitos envolvidos chega a oito, além de uma empresa utilizada no esquema. Os novos investigados são um familiar e dois sócios ocultos de um dos acusados pelo roubo, que foi assassinado em 1º de maio de 2021. Esses três indivíduos, dois homens e uma mulher, têm ligações diretas ou indiretas com a compra de imóveis, veículos de baixo e médio valor, e com a empresa nas cidades de Campinas e Furnas (MG). Na época do roubo, a taxa de câmbio estava em R$ 3,25 por dólar, o que equivalia a um montante de R$ 16 milhões. A identificação dessas pessoas ocorreu a partir da apreensão de documentos e informações encontrados em dispositivos eletrônicos durante a Operação Occulta Pecunia I.

"Foi com a base nesse valor (5 milhões de dólares) que a Polícia Federal começou o rastreamento em nome dessas pessoas ou familiares ou pessoas próximas desses dois indivíduos identificados, para sabermos se esse dinheiro tinha sido utilizado ou não", explicou o delegado-chefe da PF, Edson Geraldo de Souza.

Inicialmente, o roubo, cinematográfico, realizado por pelo menos cinco criminosos, estava sendo investigado pela Polícia Civil. Dezoito dias após o assalto, a Polícia Civil apreendeu US$ 20 mil com uma mulher em São Paulo. Após perícia, verificou-se, por meio do número de série das notas, que elas faziam parte dos 13 malotes que estavam no contêiner no Terminal de Cargas Tango Victor, destinado a Zurique, na Suíça, e que foram levados pelos criminosos. A mulher e seu parceiro passaram a ser investigados.

No entanto, como o crime ocorreu dentro do aeroporto, a investigação foi posteriormente assumida pela Polícia Federal, que conseguiu identificar dois dos criminosos, sendo que um deles era o mentor do assalto. No entanto, ambos foram executados após sua prisão temporária. O mentor foi assassinado em maio de 2021, no Jardim Melina, enquanto o outro suspeito foi morto em outubro de 2022, também em Campinas.

Com as mortes dos suspeitos, a PF teve que alterar o método de investigação e passou a rastrear o dinheiro roubado. Durante esse rastreamento, foram identificadas seis pessoas e uma transportadora em Paulínia. Documentos e dispositivos eletrônicos foram apreendidos, levando à descoberta desses três indivíduos adicionais. "Os elementos colhidos continuam em análise, mas permitiram identificar mais três pessoas que hoje são investigadas na Operação Occulta Pecunia II", declarou o delegado-chefe da PF.

Dois desses indivíduos são sócios ocultos da empresa de transporte, enquanto a terceira pessoa é uma mulher que é proprietária de um dos imóveis adquiridos, possivelmente pelo mentor do roubo.

As investigações revelaram que mesmo após a morte do mentor do roubo, a empresa formada por ele e seus dois sócios movimentou cerca de R$ 20 milhões, entre créditos e débitos no valor de R$ 10 milhões.

De acordo com o delegado Souza, chamou a atenção durante a investigação a movimentação financeira, tanto de entrada quanto de saída, que coincidia até nos centavos. Além disso, mesmo após a morte do suspeito, a empresa continuou realizando transações com volumes de valores que não condiziam com suas atividades. Embora a razão social ainda esteja em aberto, suas atividades cessaram.

Durante a apuração, os agentes federais também constataram a aquisição de oito imóveis em Campinas e vários terrenos em Furnas, com preços oscilando entre R$ 250 mil e R$ 300 mil. Além disso, foram adquiridos carros. "Isso demonstra uma certa inteligência na distribuição desse dinheiro (dólares roubados) não havendo nada de luxo, de grandioso, de alto padrão, mas sim imóveis e bens de pequeno e médio valor e está diretamente ligado a familiares dos dois investigados, ou, neste caso que foi revelado hoje, na documentação dos dois sócios ocultos", destacou Souza. 

Durante a investigação, os agentes federais constataram a aquisição de oito imóveis em Campinas e vários terrenos em Furnas, com preços variando entre R$ 250 mil e R$ 300 mil. Além disso, foram adquiridos veículos.

Na Operação Occulta Pecunia II, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça Federal em endereços de Campinas (1) e Indaiatuba (2). Durante a operação, foram apreendidos documentos, dispositivos eletrônicos e um veículo VW/Nivus. Os mandados foram executados em residências localizadas nos bairros São Domingos, em Campinas, e nos jardins Esplanada e São Paulo, em Indaiatuba.

De acordo com o delegado Souza, a partir de agora, os R$ 10 milhões movimentados pela empresa serão rastreados em conjunto com o material apreendido. Todas as pessoas e os bens adquiridos com esse dinheiro serão automaticamente incluídos na investigação e considerados parte do patrimônio constituído com a origem ilícita do roubo.

"Isso possivelmente abrirá novas linhas de investigação tanto em relação ao roubo em si quanto à destinação dos recursos ilícitos, especialmente em um roubo violento como esse. Em algum momento, esse dinheiro terá que ser convertido em bens lícitos. Ele não permanecerá no submundo bancário por muito tempo. Quando surgir em imóveis, veículos e empresas, conseguiremos rastreá-lo", afirmou o delegado, ressaltando que a investigação pode levar até 16 anos.

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