Arma usada em casamento era verdadeira, admite a GM

O comandante da Guarda Municipal (GM) de Jaguariúna, Araújo Mendes, admitiu em entrevista exclusiva ao Correio Popular que uma das armas utilizadas durante o casamento do vereador e guarda municipal Silvio Telles de Menezes (PSD), no dia 27 de abril, era de fato uma arma verdadeira pertencente à corporação. Mendes esclareceu que a arma autêntica foi empregada devido à quebra da réplica que estava sob posse do guarda, que atuava como padrinho e estava posicionado atrás do noivo. Os fatos ganharam destaque após a circulação de vídeos nas redes sociais, levando o Ministério Público (MP) da cidade a instaurar um inquérito civil para investigar o possível uso indevido de bens públicos durante a cerimônia.

Segundo informações do MP, além da arma verdadeira, uma viatura e outras armas da GM foram utilizadas no evento. Araújo Mendes reiterou o uso da viatura, explicando que esta já se encontrava no local e que apenas a noiva entrou no veículo. Quanto às armas, incluindo aquelas portadas por ele e pelo inspetor da GM, aparentemente fuzis, e a do noivo, uma pistola, Mendes reafirmou que todas eram réplicas.

"Ainda não fui notificado de nada, mas se chegar alguma notificação vou responder como sempre respondo aos processos e isso não passa de perseguição política e de alguns guardas que não gostam do trabalho sério que é feito e das mudanças que promovi, com postura de cobrança, quando assumi o comando da GM, há um ano e cinco meses", disse Araújo.

O casamento, envolto em um tema peculiar de gângster inspirado no popular seriado "Peaky Blinders", foi celebrado na pitoresca capela Santa Isabel, situada na histórica Fazenda da Barra, nos arredores da cidade. O noivo, Menezes, e seus padrinhos adotaram trajes condizentes com o tema, enquanto portavam armas, em uma encenação que chamou a atenção. Menezes, em declaração ao Correio Popular por meio de sua assessoria, esclareceu que a escolha do tema e a exibição das armas tinham como intuito proporcionar uma atmosfera de diversão aos convidados.

Menezes, que também celebrava seu aniversário de 37 anos e o da filha caçula, de 4 anos, na mesma data, ressaltou na semana passada que as armas utilizadas eram réplicas. "Estou tranquilo diante das investigações do Ministério Público. O uso de viaturas e outros equipamentos da corporação em eventos particulares, como casamentos e aniversários, é uma prática comum, não apenas na Guarda Municipal, mas também na Polícia Militar", afirmou o comandante.

Ele acrescentou que a Guarda Municipal local já participou de diversas cerimônias semelhantes, prestando honras como guarda de honra, fardados ou não, e utilizando espadas e armas da corporação. "Vejo as acusações como uma tentativa de difamar tanto a minha imagem quanto a do vereador Menezes, que pretende concorrer novamente nas eleições", enfatizou.

Menezes do Canil, que integra a corporação há 18 anos e foi eleito vereador pelo partido Cidadania em 2019 com 391 votos (1,33% do total), enfrenta agora um processo de apuração administrativa determinado pela Corregedoria da Guarda Municipal. A sindicância, protocolada na segunda-feira passada, tem prazo inicial de 30 dias, podendo ser estendido por mais 30, para conclusão das investigações.

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