ATRÁS DAS GRADES

Algoz de família se entrega e diz que matou por vingança

Homem alegou que a filha de dois anos, falecida este ano, teria sido envenenada pelos parentes

Alenita Ramirez/ [email protected]
11/11/2023 às 10:11.
Atualizado em 11/11/2023 às 10:11
Antônio Marcos Alberguine foi conduzido ao 3º Distrito Policial (DP), no Botafogo, e em seguida para a cadeia pública no bairro São Bernardo (Divulgação)

Antônio Marcos Alberguine foi conduzido ao 3º Distrito Policial (DP), no Botafogo, e em seguida para a cadeia pública no bairro São Bernardo (Divulgação)

O autônomo Antônio Marcos Alberguine, de 31 anos, responsável pela morte da madrasta de sua companheira e pelos ferimentos causados ao pai e padrasto dela, entregou-se às autoridades na manhã de sexta-feira (10), cerca de 48 horas após a ocorrência dos crimes. Alberguine foi localizado escondido em um matagal próximo à empresa Concrefer, situada na Rodovia Lix da Cunha, no Parque das Camélias, região da extinta Fazenda Bradesco. Ele buscou auxílio de um funcionário da empresa para acionar o telefone 190 da Polícia Militar (PM). Duas equipes do 47º Batalhão de Policiamento Militar do Interior (BPMI) responderam à chamada, detendo Alberguine. "Não tínhamos ciência de que se tratava dele (Alberguine). Somente quando chegamos ao local, o reconhecemos. Então, o algemamos e o conduzimos à 2ª Delegacia Seccional", declarou a sargento da PM, identificada como Mara.

Posteriormente, Alberguine foi conduzido ao 3º Distrito Policial (DP), no bairro Botafogo, responsável pelas investigações dos crimes cometidos pelo autônomo. Ele prestaria depoimentos e, em seguida, seria encaminhado para realizar exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), sendo, por fim, transferido para a cadeia pública vinculada ao 2º DP, no bairro São Bernardo.

Na tarde da quinta-feira, a delegada Isabella Sguerra Vita havia solicitado à Justiça a prisão temporária do suspeito por 30 dias. O pedido foi deferido, com a determinação de que o caso fosse mantido em segredo de Justiça. Com a ordem de prisão, Alberguine passou a ser considerado foragido.

O autônomo justificou os atos como resultado de uma desavença familiar. Ele alega que a filha Maria Alice, de 2 anos, falecida em março deste ano, teria sido envenenada pelas vítimas. No entanto, a avó materna da criança, Elaine Silva, refutou essa versão, afirmando que a menina tinha problemas de saúde e faleceu devido a uma pneumonia. O aspirante tenente da PM Leonardi Rocha comentou que "ele disse estar arrependido do que fez".

Alberguine relatou aos policiais militares que conseguiu sobreviver nos últimos dois dias apenas com a água suja que encontrou na mata, decidindo se entregar por temer pela própria vida.

O autônomo também informou que alcançou seu esconderijo a pé, percorrendo uma distância de 15,4 km. No dia do crime, conforme suas declarações às autoridades, Alberguine abandonou o veículo utilizado nas ações, um Fiat Argo branco, na Rua Leonor Augusta Pádua e Castro Mundt, na Vila Nogueira. A partir desse ponto, ele caminhou até a Praça Arautos da Paz, no Taquaral, onde subiu em uma árvore e permaneceu oculto até a noite. Posteriormente, continuou a jornada a pé até o Centro da cidade, perambulando por diversas ruas. Em seguida, dirigiu-se a pé até a mata, onde se escondeu. "Ele afirmou que não recebeu ajuda de ninguém e que realizou todas as ações sozinho", relatou o tenente Rocha. A arma utilizada no crime, um revólver calibre 38, foi apreendida.

O primeiro alvo de Alberguine foi o taxista Luís Henrique Lemes, de 42 anos, padrasto de sua mulher. Ao chegar em casa, por volta das 6h30 da manhã, na Rua Filantropo Vicente Melilo, no bairro Vila Teixeira, Lemes foi surpreendido pelo suspeito, que disparou pelo menos cinco vezes. O taxista, utilizando seu próprio carro, dirigiu-se até a base da Polícia Militar (PM) próxima ao Supermercado Enxuto, onde solicitou ajuda e foi encaminhado ao Hospital PUC-Campinas. Lá, passou por cirurgia e permanece internado.

Em seguida, o autônomo percorreu 9 km até o bairro Jardim Tupi, na região do São Gabriel, onde encontrou seu sogro, Wlademir Aparecido Praxedes, de 46 anos, e a esposa deste, a atendente de padaria Michelle Aparecida Cardozo Juventino, de 42 anos. O casal estava em um veículo e foi abordado por Alberguine, que parou seu carro à frente do deles. Uma discussão se iniciou, resultando na saída de todos dos veículos. A briga prosseguiu, culminando com Alberguine disparando contra o casal. Michelle faleceu no local, e seu corpo foi sepultado no Cemitério Aleias na quinta-feria (9).

FURTO DE ARMA

Antônio Marcos Alberguine subtraiu um revólver do dentista, um profissional de 46 anos residente em um condomínio no distrito de Sousas, apenas 16 horas antes de cometer os violentos crimes. A arma estava armazenada em um cofre portátil junto com 40 cartuchos do mesmo calibre.

Como instalador de arcondicionado, Alberguine prestava serviços ao dentista há pelo menos três anos, o que lhe conferia familiaridade com a rotina dos moradores, incluindo o local onde a arma estava guardada. O dentista, que é atirador profissional, possuía câmeras de segurança em sua residência, as quais registraram a ação do furto.

A autoria do furto da arma, utilizada nos ataques contra o grupo familiar, foi identificada pelos policiais civis do 12º Distrito Policial (DP) após a análise do boletim de ocorrência registrado pelo dentista, aproximadamente quatro horas após os crimes.

Diante das informações fornecidas pela vítima, que mencionou a existência de imagens do furto e a presença de um veículo com as mesmas características do usado nos ataques, os investigadores dirigiram-se à residência do dentista. Lá, ouviram o relato do jardineiro e da tia do dentista, que estavam na casa no momento do furto. Ao cruzarem dados, os policiais confirmaram que a arma empregada pelo autônomo pertencia ao dentista.

Demonstrando conhecimento do local de guarda da arma, Alberguine escalou o muro da casa, dirigiuse ao quarto do dentista e subtraiu o cofre. Segundo a polícia, em sua última visita à residência, Alberguine teria compartilhado com a mãe do dentista seu estado de depressão decorrente da perda da filha, alegando falta de apoio por parte da mulher. Ao se entregar, o suspeito confessou o furto da arma do dentista.

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