PROTEÇÃO À CRIANÇA

Ação da PF contra pedofilia leva professor para a cadeia

Outros dois homens também foram alvos da operação da Polícia Federal deflagrada na quinta-feira na região

Eduardo Reis
19/01/2024 às 09:21.
Atualizado em 19/01/2024 às 09:21
Agentes da Polícia Federal procuram material pornográfico em computador apreendido durante operação (Divulgação)

Agentes da Polícia Federal procuram material pornográfico em computador apreendido durante operação (Divulgação)

A Polícia Federal de Campinas realizou na quinta-feira (18) a execução de dois mandados de prisão e três de busca e apreensão, direcionados a indivíduos sob investigação por produção e disseminação de conteúdo sexual envolvendo crianças na região. A operação, denominada "Escudo da Inocência", teve como alvos três homens. Um deles, residente em Campinas, possui 48 anos e desempenha o papel de professor em uma escola pública da rede estadual, também atuando como coordenador pedagógico em outra unidade do estado.

Na residência do suspeito, localizada no Jardim Lisa, os agentes apreenderam dispositivos eletrônicos repletos de material pornográfico envolvendo crianças e adolescentes. A Polícia Federal alega que há indícios de que o indivíduo possa ter se aproveitado de sua proximidade com alunos das instituições educacionais para cometer os crimes.

Os outros dois alvos são um homem de 57 anos, residente em São João da Boa Vista, e outro de 28 anos, de Vargem Grande do Sul. Há suspeitas de que o mais jovem, além de armazenar conteúdo infantil, tenha também produzido parte do material, explorando crianças e adolescentes da região, configurando assim o crime como estupro de vulnerável.

Dos três suspeitos, apenas os de Campinas e São João da Boa Vista foram detidos, sendo encaminhados para as respectivas unidades prisionais em suas regiões. O indivíduo de Vargem Grande do Sul prestou depoimento e foi liberado, uma vez que não houve flagrante contra ele. Caso seu envolvimento na produção de conteúdo pornográfico seja confirmado, ele deverá responder por estupro de vulnerável, além de produção e armazenamento de material ilícito envolvendo crianças e adolescentes.

A delegada Estela Beraquet Costa, responsável pela coordenação do grupo encarregado de investigações dessa natureza, afirmou que as apurações identificaram os suspeitos por meio dos rastros deixados durante o compartilhamento do material em redes sociais e outros espaços da internet. O processo de investigação teve início em abril de 2023, e o grupo foi rastreado até outubro do mesmo ano.

Os três suspeitos vivem isoladamente, mas mantêm algum tipo de relação com menores de idade. O indivíduo de São João da Boa Vista, por exemplo, é pai de dois filhos. Durante a operação, a Polícia Federal encontrou mais de 900 arquivos de pornografia infantil armazenados em seus dispositivos eletrônicos.

O suspeito de Vargem Grande do Sul, além de ser alvo de investigação pelo armazenamento do material, é suspeito de produzi-lo. Há indícios de que ele atraía as vítimas, mantinha relações sexuais com elas e registrava os atos, compartilhando o conteúdo na internet.

"Os materiais são dos mais variados tipos e eles possuem uma atmosfera de compartilhamento desse conteúdo nas redes sociais. No meio deles, obter esse material é tido como sinal de status, de poder. Eles disputam quem tem mais. Há casos, por exemplo, em que eles escrevem seus codinomes nos corpos das vítimas (menores de idade) e reproduzem em seus ambientes de nicho, como verdadeiros troféus", explica a delegada.

Na residência do professor de Campinas, foram encontradas diversas cartas de admiração enviadas por menores de idade. As autoridades agora buscam identificar as vítimas e investigar se possivelmente são alunos das escolas em que ele atua. A delegada Estela destaca que um dos focos da investigação é identificar as vítimas não apenas do professor, mas também dos outros dois suspeitos, visando protegê-las e evitar que enfrentem situações semelhantes no futuro.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) afirmou repudiar qualquer forma de abuso, violência ou importunação sexual. A pasta esclareceu que a Diretoria de Ensino de Campinas Oeste já iniciou os processos administrativos e colabora plenamente com as autoridades nas investigações.

BALANÇO

Ao longo do ano de 2023, conforme informado pela Polícia Federal, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão na região de Campinas, direcionados a crimes de natureza sexual envolvendo vítimas menores de idade. Em novembro, uma ação conjunta com a Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) resultou no cumprimento de 14 mandados de prisão contra indivíduos condenados pela Justiça por crimes de exploração sexual infantil.

Em julho, outra operação deteve em flagrante um homem em Mococa, flagrado mantendo conteúdo ilícito em seus dispositivos digitais. "Este é um trabalho que tem sido desenvolvido nos últimos meses e receberá reforço ao longo do ano de 2024; trata-se de um esforço contínuo", destaca a delegada Estela.

No início do ano, em janeiro, uma mudança na legislação fortaleceu a luta contra crimes dessa natureza. A Lei 14.811/2022, recém-sancionada, classifica como hediondos os crimes sexuais cometidos contra menores de idade. Essa alteração impede que a autoridade policial conceda fiança aos criminosos detidos, tornando obrigatória a execução da pena na prisão.

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