EM MOGI GUAÇU

Ação conjunta policial salva 22 cães de canil clandestino

Animais viviam em péssimas condições, sem ração e água; dono do local foi preso em flagrante

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
04/04/2023 às 09:00.
Atualizado em 04/04/2023 às 09:01

Entre as raças de cães vítimas de maus-tratos estavam shih-tzu, pug, bulldog francês e spitz alemão, que custam entre R$ 3 mil a R$ 15 mil (Divulgação)

Uma força-tarefa que envolveu as polícias Militar de área e Ambiental, Guarda Municipal (GM), Polícia Técnico Científica, Zoonoses e a Organização Não-Governamental (ONG) Cantinho dos Guerreiros, de Mogi Guaçu, desmantelou um canil de reprodução clandestino e resgataram 22 cachorros, sendo três filhotes recém-nascidos, em situação de maus-tratos, no domingo (2) à tarde. O dono do local foi preso em flagrante e multado R$ 66 mil. Os animais, todos de raça, foram levados para a ONG.

O canil funcionava em uma casa em construção no bairro Jardim Canaã. As forças de segurança tiveram a informação do caso após ser acionadas pelo dono da ONG, César Guerreiro. Segundo o protetor de animais, vizinhos ligaram para a instituição na última quinta-feira, relatando a existência de cachorros na casa, em estado deplorável.

"Fui ao endereço no sábado e pude constatar que alguns cachorros estavam com ferimentos na cabeça e não havia ração e água no local. A situação que era tão complicada, que não consegui ficar sem fazer nada e não podia esperar mais tempo. Então liguei e pedi ajuda à Guarda Municipal, que foi ao local e abriu o portão para eu dar água e ração", contou o protetor de animais, que filmou e fotografou o estado do canil.

Entre as raças estavam shihtzu, pug, bulldog francês e spitz alemão, que custam entre R$ 3 mil a R$ 15 mil. Segundo Guerreiro, os vizinhos alegaram que os animais estavam em situação de maus-tratos há, pelo menos, três meses. "As testemunhas contaram que já tinham acionado uma ONG da cidade que se recusou a ir no local. Até a Zoonoses foi chamada, mas ninguém tomava providências. Os vizinhos relataram que o dono da casa levava os animais na Feira de Domingo no Parque Cidade Nova para fazer a venda e até fui na feira para ver se encontrava o tutor, mas não achei porque lá é muito grande", contou.

Segundo o protetor de animais, parte dos cachorros é de fêmeas que é usada como matrizes, ou seja, para reprodução. Ele acredita que o cruzamento dos animais era forçado. "Me disseram que ele também vende os animais pelas redes sociais. Acredito que agora a Polícia Civil vá investigar o caso", comentou Guerreiro.

O protetor de animais chegou a fazer uma live mostrando a situação dos cachorros na casa. Como o dono do imóvel não foi localizado, Guerreiro pediu ajuda da Polícia Militar Ambiental. Segundo os policiais, o local era insalubre e os cachorros estavam em um espaço inadequado. Por conta do tamanho do "canil" improvisado, os animais brigavam e muitos deles apresentavam lesões profundas.

Peritos com um médico veterinário foram ao local e atestaram os maus tratos. De acordo com policiais militares, em viatura de policiamento de área, quando a equipe chegou ao endereço, o proprietário estava com uma mangueira tentando limpar o local onde encontravase os cães. "No chão havia três caixas de transporte de animais domésticos e no interior destas, havia cães machucados", informou a corporação.

Ainda conforme a PM, os cães estavam dispostos em cômodos da casa separados por tábuas de madeiras e alguns desses animais estavam soltos pelo corredor, sendo que alguns apresentavam lesões e ferimentos. "Ainda no interior do imóvel, observamos que havia certa quantidade de restos de fezes espalhados por vários locais com forte odor característico, além de muita sujeira com restos de resíduos da construção civil espalhados. Também o local estava escuro e não apresentava mínima estrutura sanitária para abrigar cães", frisou.

Os animais ficaram abrigados na ONG Cantinho dos Guerreiros até a liberação da Justiça. Enquanto isso, o setor de Zoonoses fornecerá remédios e ração. A instituição será responsável pelo abrigo, proteção e mão de obra. O tutor dos cachorros e dono da casa ficou à disposição da Justiça e passou por audiência de custódia na tarde de segunda-feira (3), ocasião em que lhe foi concedida a liberdade provisória com três medidas cautelares: comunicar ao juízo eventual mudança de endereço; comparecer a todos os atos processuais; proibição de criação/guarda de outros animais. Para justificar a concessão da liberdade, o juiz Paulo Rogério Malvezzi argumentou que o suspeito não tinha outras condenações, que o crime foi cometido "sem emprego de violência ou grave ameaça". A casa é dele, mas ele mora em outro endereço. Os animais ficavam sozinhos no local. A ONG existe há 14 anos e abrigava até sexta-feira 60 cachorros e 40 gatos. Ela se mantém de doações.

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