SEGURANÇA MÁXIMA

Ações de alto risco contam com veículo blindado da GM

Carro-forte da Guarda Municipal ostenta uma sólida estrutura balística capaz de resistir ao impacto de munições de calibre ponto 62

Alenita Ramirez/ [email protected]
29/10/2023 às 11:20.
Atualizado em 29/10/2023 às 11:20
A operação do blindado exige que 20 agentes passem por um treinamento especializado, distinto do restante da corporação; além de conduzir o "caveirão", termo utilizado no jargão policial, esses agentes também empregarão armamento de grosso calibre e equipamentos táticos de alta segurança, como os capacetes balísticos com viseiras (Rodrigo Zanotto)

A operação do blindado exige que 20 agentes passem por um treinamento especializado, distinto do restante da corporação; além de conduzir o "caveirão", termo utilizado no jargão policial, esses agentes também empregarão armamento de grosso calibre e equipamentos táticos de alta segurança, como os capacetes balísticos com viseiras (Rodrigo Zanotto)

Desde sua chegada à Guarda Municipal (GM), a viatura blindada permanece resoluta na garagem da Secretaria Municipal de Segurança Pública de Campinas, aguardando o momento adequado para sua utilização. Até que tal ocasião se concretize, e desejamos sinceramente que isso nunca ocorra, a viatura ocupa um espaço reservado, estrategicamente localizado ao lado da parede, de frente para a rampa que facilita o acesso e a saída dos demais veículos oficiais da frota, sem causar interferências.

Essa imponente presença, uma vez que se trata de um carro-forte blindado adaptado para atender às necessidades da guarda, foi generosamente doada pela Brinks, renomada empresa de transporte de valores. Com um peso aproximado de quatro toneladas, a viatura pode atingir a velocidade de 100 km/h em situações de deslocamento emergencial. Sua capacidade interna comporta seis agentes sentados, embora possa acomodar um número maior conforme a demanda, e sua condução requer habilidade mecânica, sendo um veículo de direção convencional.

Além disso, a viatura ostenta uma sólida estrutura balística capaz de resistir ao impacto de munições de calibre ponto 62. Desde sua chegada, o carro forte saiu da garagem apenas em três ocasiões para participar de treinamentos na Academia da GM, situada no Parque Taquaral. Esses momentos de prática asseguram que a equipe esteja preparada para qualquer eventualidade que possa surgir em seu serviço pela segurança da comunidade.

O veículo blindado foi uma valiosa adição aos recursos das forças de segurança da metrópole. Até então, os veículos já eram parte integrante das polícias Militar e Civil, sendo destinados a situações de elevado risco para a integridade física e a vida dos agentes de segurança e cidadãos. Esses incluem operações contra o crime organizado, controle de multidões, incidentes críticos em escolas, assaltos a bancos e tumultos em eventos esportivos.

"Ao ser utilizado, o blindado funciona como uma célula de proteção, proporcionando aos guardas e à equipe a capacidade de alcançar locais de crise com maior segurança para realizar intervenções ou, quando necessário, realizar evacuações", explicou Maria de Lourdes Soares, comandante da Guarda.

A operação do blindado exige que 20 agentes passem por um treinamento especializado, distinto do restante da corporação. Além de conduzir o "caveirão", termo utilizado no jargão policial, esses agentes também empregarão armamento de grosso calibre e equipamentos táticos de alta segurança, como capacetes balísticos com viseiras e pontos para implantação de lanternas. Os visores contribuem para uma melhor visualização do ambiente, enquanto escudos balísticos e até drones proporcionam uma visão aérea do campo de atuação.

O peso do equipamento completo que cada guarda deve carregar ao atender ocorrências de alto risco ultrapassa os 20 quilos. O escudo, com cerca de 80 centímetros, representa aproximadamente quatro quilos desse total. O material utilizado na blindagem é composto por aramidas, conferindo resistência e eficácia às peças.

O Grupo de Pronta Intervenção (GPI), subordinado à Superintendência de Ações Especiais e liderado pelo superintendente Gilberto Alves, foi formado com o propósito de intensificar a proteção e segurança das pessoas envolvidas em situações de risco decorrentes de atividades criminosas.

O blindado, equipado com saídas em ambas as laterais, desempenhará o papel de escudo, permitindo que a equipe alcance o local do incidente e atue próximo ao epicentro, como por exemplo, em situações críticas, ou efetue a evacuação de pessoas.

Em cenários que demandam o controle de multidões, o veículo estaciona estrategicamente, permitindo que os guardas saiam protegidos pelo escudo. Munidos de armas, avançam em formação atrás do GM que lidera com o escudo. Este equipamento visa salvaguardar os agentes de possíveis objetos arremessados ou mesmo disparos. O guarda com o escudo guia os demais membros até a área onde a multidão precisa ser controlada.

Outro exemplo de aplicação prática do blindado é o resgate de vítimas em situações de risco, como, por exemplo, uma pessoa ferida por disparo de arma de fogo ou lesões, localizada em um ambiente cercado por criminosos ou em meio a protestos. Nesse cenário, enquanto um guarda utiliza o escudo para proteção, dois outros se dedicam ao resgate da vítima, enquanto três permanecem em vigilância armada.

Um incidente notório que destaca a utilidade do blindado foi o assalto ao carro-forte no Aeroporto Internacional de Viracopos, em outubro de 2019, que ganhou repercussão nacional. Na ocasião, todas as forças de segurança de Campinas foram mobilizadas, resultando na morte de três criminosos e ferimentos em três funcionários, incluindo um policial e uma mulher atingida por estilhaços de bala após ser feita refém. A ação teve início no interior do sítio aeroportuário e se estendeu para os bairros circunvizinhos. A comandante destacou a atuação contundente da GM no episódio, ressaltando que o veículo blindado proporcionou segurança durante a operação.

A comandante Maria de Lourdes recorda que, naquele trágico dia, guardas de folga e próximos aos seus locais de trabalho voluntariaram-se para retornar ao serviço e prestar assistência. "Naquela época, não tínhamos o blindado, e obviamente não desejamos que tal situação se repita. No entanto, em casos que envolvam crime organizado, multidões e demandem uma célula de segurança especializada, temos à disposição o blindado, um presente em comemoração aos 26 anos da Guarda Municipal", enfatizou.

Além do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) com o blindado, a Superintendência de Ações Especiais (SAE) conta com o Grupo de Ações Especiais (GAE), o Grupo de Patrulhamento Ostensivo com Motos (GPOM) e o Canil, oferecendo suporte especializado em ocorrências de maior porte e gravidade. A SAE também desempenha papel crucial no apoio a outras equipes da guarda quando há necessidade de suporte especializado.

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