Se existem regras, devem ser seguidas sem questionamentos. Não se trata de se sujeitar à ordem de um comissário, mas de algo pensado para que possamos chegar ao fim da viagem sãos e salvos.
O brasileiro é um bicho arredio, principalmente quando viaja. Pra que seguir normas e regras criadas para a própria segurança? Neste mês em que estive de férias, pude ver de perto o quanto muitos são irresponsáveis consigo mesmos e com quem viaja alí bem ao lado.Uma semana após o incidente com o voo da TAM que enfrentou uma forte turbulência no trecho Madri-São Paulo e que deixou feridos (por estarem sem o cinto de segurança afivelados), me deparo com a mesmíssima situação nos voos que fiz de ida e volta para Santiago, no Chile.Enfrentamos turbulência ao sobrevoar a Cordilheira dos Andes — o que não é uma novidade para quem viaja com frequência para o país andino, e mesmo com o aviso de atar os cintos aceso e informes da tripulação, alguns passageiros insistiam em ir ao banheiro, falar um “oi” com algum companheiro (a) de viagem e outros absurdamente reclamavam do serviço de bordo, que havia sido interrompido justamente porque não existia segurança para isso.No meu voo de volta a situação foi ainda mais insólita. Um pai segurava o filho no colo no meio do corredor enquanto as comissárias insistiam para que os passageiros sentassem em seus lugares. Na verdade nem precisava avisar, de tanto que a aeronave chacoalhava. Ao meu lado, uma senhora já de idade, simplesmente levantou para ir ao toalete. Eu, mergulhado em minha tensão, já imaginava gente voando pelo teto e se esborrachando no piso.Aí quando acontece o pior, a companhia aérea é que tem que arcar com todas as despesas médicas. E quando se recusa, ainda corre o risco de ser processada. O problema é que andamos muitos seguros de nós mesmos, um tanto quanto rebeldes como adolescentes que querem afrontar os pais.Se existem regras, devem ser seguidas sem questionamentos. Não se trata de se sujeitar à ordem de um comissário, mas de algo pensado para que possamos chegar ao fim da viagem sãos e salvos. Não dar ouvidos a quem entende do assunto é, no mínimo, falta de educação e se expor a um risco extremamente desnecessário .Eduardo Gregori é editor de Turismo do Correio Popular