PROMOÇÕES

Se o frio atrasa, o comércio acelera em Campinas

Dias quentes e queda no poder aquisitivo obriga lojistas a anteciparem as liquidações de Inverno

Adriana Leite
18/07/2013 às 11:02.
Atualizado em 25/04/2022 às 08:24

O bolso mais vazio dos consumidores e o Inverno tropical com temperaturas elevadas fizeram o comércio campineiro antecipar as liquidações da Estação.

As vitrines estão repletas de cartazes estampando descontos que chegam a 70%. A tentação é grande: botas, blusas, jaquetas, moletons, camisas, vestidos - inclusive de grifes famosas - a preços convidativos.

E os primeiros resultados já começam a aparecer nos caixas - o movimento nas lojas já aumentou cerca de 30%. 

Mas antes de correr para as lojas, o consumidor deve analisar se precisa mesmo de novas roupas e calçados para enfrentar o frio. Outro detalhe importante é colocar na planilha mensal quanto é possível gastar com as liquidações.

Quem decidir ir às compras deve seguir outra regra importante: “garimpar” as melhores ofertas de produtos, escolhendo peças que poderão ser usadas durante pelo menos os próximos três anos.

Peças básicas, que possam compor com diferentes estilos, são as ideais - nada de modismos da Estação, ensinam os especialistas, porque no próximo Inverno esse tipo de produto acabará encalhado no guarda-roupa.

“Atualmente, as informações sobre tendências na moda são amplamente difundidas. O consumidor já sabe o que estará em uso nas próximas coleções. Assim, é mais fácil fazer boas compras nas liquidações”, explicou a docente em Moda do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) Campinas, Justine Armani. Ela recomendou que, quando for às compras, o consumidor não se paute apenas pelo preço. “A qualidade também é fundamental.

Os lojistas afirmaram que a antecipação das liquidações tentam “esquentar” as vendas das peças de Inverno e evitar encalhes nos estoques. Com a inadimplência em alta, o recuo do poder aquisitivo compra e o Sol que continua forte, a opção é reduzir os preços antes da hora para alavancar as vendas. A tática foi intensificada a partir do começo deste mês e vem dando certo - as vendas cresceram entre 10% e 30%.

O gerente da Hot Point, André Araújo Oliveira, lembrou que Inverno no Brasil costuma ser assim mesmo - nada de frio excessivo. “Há alguns períodos mais frios durante o dia, mas não temos semanas inteiras com temperatura baixa aqui na região, por exemplo. Por isso, o consumidor precisa ser estimulado para adquirir peças de Inverno. As liquidações ajudam nisso”, comentou. Os descontos anunciados nas lojas da rede chegam a 60%.

O gerente da Baby Plus Calçados, Marcos Alberto Lopes, concorda que o Inverno é curto no Brasil e as vendas dos produtos da época precisam se concentrar em julho e agosto.

Nos shoppings, os lojistas também tratam de tentar reduzir seus estoques. No Iguatemi, pelo menos 80% das 282 lojas anunciam promoções com descontos que chegam a 70%. No Galleria, cerca de 80% das 203 lojas também têm produtos mais em conta. O Unimart Shopping não faz nenhuma campanha promocional específica, mas mais de 80% de suas lojas também anunciam descontos, que vão de 30% a 70%.

Os descontos agradam os consumidores que saem à caça de produtos bons e baratos. “Queria uma blusa de lã e encontrei várias opções mais baratas. Dá sim para encontrar peças de qualidade e pagar menos”, afirmou a diarista Maria Aurelice Ricardo.

O metalúrgico Éder Luís de Moraes concorda que os preços estão bons, mas que mesmo assim é preciso pesquisar em diferentes lojas.“Sempre compro em liquidação, mas, ainda assim, pesquiso. Nem todas as lojas têm itens de Inverno com desconto”, lembrou.

Evite compras de impulso

Um princípio básico para aproveitar bem as liquidações é fazer as contas antes de sair de casa. A professora da Área de Administração e Negócios/Finanças do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de Campinas, Antonia Zavarize Pelegrino, afirmou que o encantamento pela promoção gera a compra por impulso.

“Nessa situação, a compra não é controlada e nem planejada. E ela deve ser evitada. O consumidor deve sempre questionar se precisa do produto antes de comprá-lo”, aconselhou.

“Comprar o que não se precisa significa desperdiçar dinheiro e abrir margem para o risco do descontrole das finanças pessoais. Outro problema da compra sem planejamento é que o consumidor deixa de fazer as contas exatas do peso das pequenas parcelas somadas sobre seu bolso”, comentou.

Antonia recomendou que se coloque na ponta do lápis cada gasto e ainda que se avalie se realmente o produto está com um bom desconto.“Fazer uma pesquisa entre lojas concorrentes é fundamental para ter um parâmetro de preços.

Outra dica é questionar sobre o desconto para pagamento à vista. Mesmo que o item estiver na liquidação, quem paga à vista deve pedir desconto”, disse. Ela lembrou que o endividamento pode levar à inadimplência.“O atraso no pagamento das parcelas implica em juros e correções. Com os custos adicionais, a vantagem que o consumidor conseguiu ao comprar na liquidação poderá ser totalmente perdido”. 

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