DEBAIXO DA TERRA

SBE desvenda o mundo das cavernas

Com sede em Campinas, Sociedade Brasileira de Espeleologia alerta para a importância de conhecer e preservar as riquezas subterrâneas

Projeto Ambiental
18/10/2013 às 14:58.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:33

Vanessa Tanaka* As cavernas têm o poder de despertar um sentimento diferente em cada pessoa, seja ele de medo, encantamento ou o desejo de conhecer mais sobre os mistérios que se escondem sob a terra. Consideradas ambientes especiais, são objetos de estudos biológicos, climatológicos, paleontológicos e arqueológicos. Desmistificar informações sobre o patrimônio espeleológico e alertar sobre a importância da preservação das cavernas para o meio ambiente são os objetivos da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), associação civil sem fins lucrativos fundada em 1969 e qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).  Segundo Marcelo Rasteiro, presidente da SBE, a instituição realiza ações de educação ambiental com publicações eletrônicas, palestras em escolas e faculdades e na própria sede da entidade, localizada dentro do Parque Taquaral, com acesso pelo portão de entrada da Concha Acústica. “Um dos projetos mais importantes da sessão de educação ambiental é o SBE de Portas Abertas que, desde 2004, já ofereceu mais de 50 atividades, como oficinas, workshops, palestras e cursos para crianças, adolescentes e adultos que, em geral, não possuem muito conhecimento sobre a espeleologia e a importância da preservação das cavernas”, conta Rasteiro.  Como uma espécie de cápsula do tempo, as cavernas conseguem guardar muitas informações, já que não sofrem com bruscas interferências climáticas e a luminosidade é mínima ou inexistente. Um dos principais agentes físicos responsáveis pela sua formação é a água, que esculpe, lentamente, as paredes das grandes galerias e imensos salões encontrados em diversas cavidades naturais brasileiras.  Com tanta disponibilidade hídrica, não surpreende o fato de que esses locais sejam o habitat para diversos seres vivos, dentre eles os trogróblios, animais cuja distribuição restringe-se exclusivamente ao meio subterrâneo e que podem apresentar adaptações como a despigmentação ou mesmo a perda da visão, uma evolução em resposta ao ambiente cavernícola.  Elas também servem de abrigo temporário para muitos animais, dentre eles o mais característico a esse ambiente: o morcego. Essa criatura noturna e que inspira medo e repulsa em muitas pessoas por sua aparência assustadora, é um importante agente no reflorestamento, com sua contribuição para a polinização das plantas, e no controle de pragas. O mamífero voador é indispensável em toda a cadeia alimentar.  No site da SBE (www.sbe.com.br), o internauta pode conhecer um pouco mais sobre as cavernas, a espeleologia e o meio ambiente. “Uma vez por mês, promovemos atividades que são direcionadas ao público. Nas faculdades, são abordados temas mais técnicos, enquanto nas escolas são fornecidas informações com o intuito de despertar o interesse na pesquisa”, diz Rasteiro. Os interessados também pode se inscrever pelo e-mail [email protected] para receber o boletim eletrônico SBE Notícias. Publicado a cada dez dias, traz as últimas novidades sobre o fascinante mundo subterrâneo, além das próximas atividades da entidade. Região tem papel pioneiro na espeleologia brasileira  “Pai” da ciência no País publicava seus trabalhos em artigos no CCLA Na região de Campinas, encontram-se cavernas apenas na Serra dos Cocais, entre Valinhos e Vinhedo. Contudo, essas cavidades não estão abertas à visitação turística. Apesar de não ter nenhuma, Campinas é estratégica para a espeleologia, afirma Marcelo Rasteiro, presidente da SBE. “A região concentra boa parte dos pesquisadores e possui uma relação já histórica com o tema. Ricardo Krone, considerado o pai da espeleologia brasileira, pesquisador das cavernas do Vale do Ribeira, no Sul do Estado, entre 1890 e 1910, publicava parte dos seus artigos no Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA) de Campinas”, diz o presidente.  Atualmente, a SBE conta com associados individuais e grupos em mais de 22 estados brasileiros, Distrito Federal e outros países. Publica periódicos científicos e de divulgação disponíveis no site da entidade. Administra o Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil (CNC) com mais de 5 mil cavidades registradas, e mantém a biblioteca Guy-Christian Collet, uma das mais importantes das América Latina, com mais de 21 mil títulos relacionados ao tema, além de material histórico, mapas e fotos, em sua sede nacional. A biblioteca está aberta à visitação de segunda a sexta-feira das 9h às 17h, com exposição permanente de fotos, além de eventos especiais em determinados finais de semana.  Nos dias 2 e 3 de novembro, para comemorar os 44 anos da instituição, serão oferecidos os cursos de técnica de vertical e fotografia em natureza, além de apresentações sobre as cavernas brasileiras. A programação completa poderá ser conferida em breve no site.

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