SAÚDE

Vacinação contra a gripe tem elevada adesão entre idosos de Campinas

Vírus Influenza já fez uma vítima na cidade nos primeiros três meses deste ano

Ronnie Romanini/ [email protected]
11/04/2023 às 08:56.
Atualizado em 11/04/2023 às 08:56
Uma das pessoas que não perdeu tempo e buscou se imunizar no primeiro dia foi Tereza Lucena, de 94 anos. (Alessandro Torres)

Uma das pessoas que não perdeu tempo e buscou se imunizar no primeiro dia foi Tereza Lucena, de 94 anos. (Alessandro Torres)

Começou na segudna-feira (10) a campanha de vacinação contra a gripe deste ano e, como de costume, foi notável a adesão das pessoas acima de 60 anos de idade. Ao contrário de anos anteriores desta vez a vacinação foi aberta no mesmo dia para todos os grupos prioritários, por exemplo, os idosos, crianças entre seis meses e cinco anos, gestantes, puérperas e trabalhadores da área da Saúde. Na segunda-feira, no Centro de Saúde Vila Ipê, quase 200 pessoas foram vacinadas até o início da tarde, sendo 72% delas pessoas com 60 anos ou mais.

O vírus Influenza já fez uma vítima em Campinas nos primeiros três meses deste ano em 26 casos de internação. Ainda há uma pessoa hospitalizada com a doença. Este número é melhor do que o do ano passado e um dos motivos é justamente a vacina da gripe.

No final de 2021 houve um grande surto fora de época da cepa Darwin da H3N2. Porém, meses depois, a vacina da gripe estava atualizada para proteger contra a Darwin, assim como a vacina deste ano está atualizada com a linhagem B/Victoria, predominante nos casos de hospitalização em todo o Estado neste ano. No ano passado foram 82 casos de Influenza e 17 óbitos nos primeiros três meses.

"Tivemos muitos casos de internação e óbitos por Influenza em 2022, então por mais que criemos estratégias, precisamos que a população busque a vacinação", disse a coordenadora do Programa de Imunização de Campinas, Chaúla Vizelli, que acrescentou que a Secretaria de Saúde adotará outras estratégias, como a busca ativa e visitas domiciliares, se a procura estiver abaixo do esperado nas primeiras semanas. 

Em todo o Estado de São Paulo, a cobertura vacinal de Influenza no ano passado foi de 69%, um avanço em relação a 2021, quando apenas 55,5% da meta foi atingida, mas muito longe dos números de 2020 (92,5%) e 2019 (89,4%). A meta é de 90%. No ano passado, Campinas teve uma cobertura de 66% e só atingiu a meta em um dos grupos: justamente o de idosos, com 92%.

Trabalhadores da saúde (63%), Puérperas (57%), Crianças (53%) e Gestantes (42%) ficaram longe da meta. Ao todo, foram 311 mil doses e a expectativa para este ano é de mais vacinas aplicadas, ainda mais considerando o alto número de ocorrências severas no ano passado.

População busca proteção

Uma das pessoas que não perdeu tempo e buscou se imunizar foi Tereza Lucena, de 94 anos. Os filhos Sérgio e Vera mantiveram o costume de levá-la logo no começo da vacinação como fazem todos os anos. "Hoje (segunda-feira) eu passei aqui mais cedo e tomei as duas vacinas, a da gripe e a bivalente, contra a covid-19. Agora trouxe minha mãe e a minha irmã. Todos os anos nós trazemos ela para se vacinar e com certeza a vacinação ajuda muito," conta Sérgio.

As fake news sobre as vacinas, amplificadas durante todo o período da pandemia de covid-19, não interferiram nos planos de quem confia na vacina e que vê a efetividade dos imunizantes na própria experiência.

"O que atrapalha a vacinação é a falta de informação. As fake news atrapalham muito. Nós sempre tomamos vacina, estamos ainda em uma pandemia que não está totalmente controlada e é mais do que necessário todos os que têm indicação se vacinarem. Se você não acreditar na ciência vai acreditar em quem?", opinou Aníbal Dalcoletto Neto, 59, que contou estar elegível para a vacinação por comorbidades.

Desde segunda-feira, novos grupos ganharam a possibilidade de tomar a vacina bivalente, que conta com cepas atuais contra o coronavírus, incluindo a proteção contra a Ômicron, variante dominante desde o ano passado. São pessoas com comorbidades e com idade entre 12 e 59 anos, população privada de liberdade a partir de 18 anos, pessoas a partir de 12 anos com deficiência permanente, além de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas e os funcionários do sistema carcerário. O imunizante deve ser aplicado em quem recebeu pelo menos duas doses das vacinas monovalentes. Maria Aparecida da Silva, 65 anos, afirmou que se vacinará contra a gripe na próxima segunda-feira. Na segunda-feira, ela também buscou a vacina bivalente. "As pessoas precisam ter a informação correta, seguir a fonte certa e observar que a vacina funciona. Eu acredito que as pessoas estão deixando de se vacinar por causa dessas informações falsas. Eu acho que faz uns dez anos que tomo a vacina da gripe e não tenho problemas, nem um resfriado forte. Ela funciona bem para mim."

Equipes preparadas

A coordenadora do Programa de Imunização de Campinas Chaúla Vizelli garantiu que as unidades de saúde estão abastecidas e as equipes preparadas para receber diariamente mais pessoas buscando o imunizante do que o normal, graças ao fim do escalonamento e a definição de que todos os grupos prioritários podem se vacinar desde o primeiro dia. O fim do escalonamento, inclusive, pode ajudar na estratégia de melhorar a cobertura vacinal em 2023. Segundo Chaúla, é importante se antecipar a esse período de sazonalidade e se vacinar, pois são cerca de três semanas até o desenvolvimento de anticorpos que fortalecem a proteção.

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